Correio de Carajás

Acusado de feminicídio em São Domingos do Araguaia é preso no Tocantins

Elias Lima é o principal suspeito e estava foragido desde o crime
Por: Da Redação
✏️ Atualizado em 01/08/2025 17h04

Elias Borba Lima, principal suspeito do feminicídio de Juscineide Pires Lima, conhecida como “Neidinha”, foi preso na manhã desta quinta-feira (1º) no estado do Tocantins. Segundo informações do advogado criminalista Gabriel Costa, assistente de acusação no caso, o acusado confessou ter sido o autor do crime que chocou a cidade de São Domingos do Araguaia em dezembro de 2024.

A prisão representa um marco importante na investigação que se estendeu por mais de sete meses. Elias havia fugido para o Tocantins logo após a descoberta do corpo da vítima, mas foi localizado, agora, graças ao trabalho conjunto entre as polícias civis dos dois estados. “A polícia civil do Tocantins ajudou bastante, sempre manteve contato com a família da vítima e isso vale ser destacado”, afirmou o advogado Gabriel Costa.

Gabriel Costa, advogado, representa a família da vítima

O caso ganhou repercussão nacional como mais um episódio da violência contra a mulher no Brasil. A confissão do acusado, segundo Costa, representa “uma vitória não só da justiça, mas também da sociedade como um todo”, em suas palavras transmitidas em primeira mão à imprensa.

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Crime que chocou São Domingos

O feminicídio de Juscineide Pires Lima foi descoberto em 6 de dezembro de 2024, quando seu corpo foi encontrado em estado avançado de putrefação dentro de sua própria residência, no Bairro Gabriel, em São Domingos do Araguaia. A vítima, que morava sozinha, não era vista desde a noite de 3 de dezembro, gerando preocupação entre familiares e conhecidos. O Correio de Carajás publicou, na época.

A descoberta do corpo aconteceu por volta das 11h40 daquela sexta-feira, quando uma mulher, preocupada com o desaparecimento de “Neidinha”, foi até sua casa acompanhada de uma equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade. “Desde a noite de terça (3), ela não era vista. Uma filha dela, bastante preocupada, pediu pra que fossemos na residência pra ver o que estava errado”, relatou na época a pessoa que primeiro avistou o corpo.

As circunstâncias iniciais do crime causaram estranheza aos investigadores. A casa estava trancada com a chave na fechadura pelo lado de dentro, o portão estava apenas encostado, e a motocicleta Honda Bis da vítima permanecia na área da residência. Esses detalhes inicialmente levaram as autoridades a considerar a possibilidade de morte natural por mal súbito.

Juscineide recebia tratamento psicológico por sofrer distúrbios mentais e, embora fosse proibida de ingerir bebida alcoólica devido ao seu quadro clínico, frequentemente era vista embriagada pela vizinhança. Essas informações foram cruciais para o desenvolvimento inicial da investigação.

A investigação

O que inicialmente parecia ser uma morte natural logo se revelou um caso de feminicídio após os exames periciais e o aprofundamento das investigações. A Polícia Científica removeu o corpo para o Instituto Médico Legal (IML) de Marabá, onde a necropsia revelou evidências de crime.

Durante o processo investigativo, Elias Borba Lima emergiu como principal suspeito. Segundo as informações divulgadas pelo advogado da acusação, Lima fugiu para o Tocantins logo após a descoberta do corpo, demonstrando conhecimento prévio dos fatos e tentativa de evasão da justiça.

O caso de Juscineide Pires Lima se insere no contexto alarmante da violência contra a mulher no Brasil. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o país registra altos índices de feminicídio, crimes que frequentemente envolvem parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

A vítima, Neidinha, em vida: família anseia por Justiça para o caso

Próximos passos

Com a prisão e confissão de Elias Borba Lima, o caso entrará em nova fase processual. O acusado deverá ser transferido para o Pará, onde ocorreu o crime, para responder pelo feminicídio perante a Justiça do Pará.

“Com a prisão do Elias, a família encontra-se mais confiante no trabalho da Justiça. Foram quase oito meses de angústia até a prisão do réu. Os próximos passos serão a garantia da punição do acusado. Até a condenação em Tribunal do Júri, existe a persecução penal, que deve ser respeitada. Meu trabalho como assistente de acusação é garantir que a Justiça seja feita e que ele pague, com o rigor da lei, pelo crime que cometeu”, disse o advogado Gabriel Costa ao Correio.