📅 Publicado em 26/07/2025 08h19
O estado do Pará registrou um desempenho relativamente positivo no ranking nacional de violência urbana em 2024, com apenas uma cidade figurando entre as 20 mais violentas do Brasil. Marituba, município da região metropolitana de Belém, ocupa a 15ª posição da lista, com uma taxa de 58,8 mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Anuário de Segurança Pública divulgados na quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O resultado contrasta significativamente com outros estados brasileiros, especialmente os da região Nordeste, que dominam o ranking nacional. Dos 20 municípios mais violentos do país, 16 estão localizados no Nordeste, sendo que a Bahia sozinha concentra sete cidades na lista, seguida pelo Ceará com cinco municípios.
Marituba, com aproximadamente 140 mil habitantes, destaca-se como a única cidade paraense a integrar o ranking das 20 mais violentas do Brasil. A taxa de 58,8 homicídios por 100 mil habitantes coloca o município em uma posição intermediária na lista, muito distante dos índices alarmantes registrados pelas cidades que lideram o ranking.
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Para efeito de comparação, Maranguape, no Ceará, lidera a lista nacional com uma taxa de 79,9 mortes violentas por 100 mil habitantes – um índice 36% superior ao registrado em Marituba. A diferença torna-se ainda mais evidente quando comparada com outras cidades do topo do ranking, como Jequié (BA) com 77,6, Juazeiro (BA) com 76,2, e Camaçari (BA) com 74,8.
Nordeste concentra a violência
O domínio nordestino no ranking de violência urbana reflete um padrão que se mantém há anos no país. Das 20 cidades mais violentas, 16 estão na região Nordeste, distribuídas da seguinte forma:
- Bahia: 7 cidades (Jequié, Juazeiro, Camaçari, Simões Filho, Feira de Santana, Porto Seguro, Santo Antônio de Jesus, Ilhéus e Salvador)
- Ceará: 5 cidades (Maranguape, Caucaia, Maracanaú, Itapipoca e Sobral)
- Pernambuco: 2 cidades (Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata)
As demais regiões têm representação bem menor: Pará (1 cidade), Mato Grosso (1 cidade), Minas Gerais (1 cidade) e Amapá (1 cidade).
Fatores por trás da violência
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a violência registrada nessas cidades está diretamente relacionada às disputas entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas. Esse fenômeno tem se intensificado nos últimos anos, especialmente em cidades de médio porte que se tornaram rotas estratégicas para o narcotráfico.
No caso específico de Marituba, a proximidade com Belém e sua posição geográfica estratégica na região metropolitana podem contribuir para os índices de violência registrados. O município faz parte de uma conurbação que inclui outras cidades importantes como Ananindeua e Benevides, formando um complexo urbano que enfrenta desafios comuns de segurança pública.
Metodologia do ranking
O ranking elaborado pelo FBSP considera homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial. A análise abrange apenas municípios com mais de 100 mil habitantes, o que explica a ausência de cidades menores que possam ter taxas proporcionalmente altas de violência.
Pará em posição intermediária
Embora Marituba figure entre as cidades mais violentas do país, o Pará como um todo não está entre os estados mais violentos do Brasil. No ranking estadual, o Amapá lidera com 45,1 mortes por 100 mil habitantes, seguido pela Bahia (40,6) e Ceará (37,5).
O estado de São Paulo registrou o menor índice de violência letal do país, com apenas 8,2 mortes por 100 mil habitantes, demonstrando a grande disparidade regional existente no Brasil em termos de segurança pública.
Desafios e perspectivas
A presença de apenas uma cidade paraense no ranking das 20 mais violentas pode ser interpretada como um indicador relativamente positivo para o estado, especialmente quando comparado com a situação de estados nordestinos. No entanto, isso não diminui a necessidade de atenção às políticas de segurança pública em Marituba e demais municípios da região metropolitana de Belém.
Os dados do Anuário de Segurança Pública 2024 revelam que o investimento dos governos federal, estaduais e municipais em segurança pública cresceu 6% no ano passado, chegando a R$ 153 bilhões. As cidades investiram 60% mais do que em 2021, sinalizando um esforço crescente no combate à violência urbana.
Para Marituba e outras cidades que enfrentam altos índices de violência, o desafio passa pela implementação de políticas integradas que combinem repressão qualificada ao crime organizado com investimentos em prevenção social, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social.
Outros destaques do Anuário 2024
O Anuário de Segurança Pública 2024 trouxe outros dados relevantes sobre a situação da segurança no país:
- Uma em cada cinco medidas protetivas de urgência concedidas pela Justiça foram descumpridas pelos agressores
- Os registros de roubos e furtos de celulares caíram 12,6%, mas ainda superam 917 mil aparelhos
- Das armas roubadas, as polícias recuperaram apenas 1 em cada 12 ao longo do ano
- O total de pessoas presas cresceu 6% e chegou a 909.594, com déficit de vagas superior a 237 mil
- Houve crescimento nos casos de bullying e cyberbullying em escolas.
A situação de Marituba, embora preocupante, insere-se em um contexto nacional complexo, onde a violência urbana continua sendo um dos principais desafios para gestores públicos e sociedade civil. O fato de ser a única cidade paraense no ranking das 20 mais violentas oferece uma oportunidade para que o estado concentre esforços específicos na região, buscando soluções que possam servir de modelo para outros municípios brasileiros em situação similar.