📅 Publicado em 15/07/2025 09h08
Após décadas de espera, a BR-422, conhecida como Transcametá, está finalmente próxima de ter seu trecho entre Tucuruí e Novo Repartimento completamente asfaltado. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) anunciou nesta semana que as obras estão em fase final, com serviços de terraplenagem, instalação de dispositivos de drenagem e aplicação de pavimento asfáltico sendo executados simultaneamente nos 59,34 quilômetros do projeto.
O investimento total da obra ultrapassa R$ 222 milhões, recursos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e representa um marco histórico para a região. Desde sua instalação no início dos anos 1980, a rodovia jamais havia sido pavimentada em toda sua extensão, permanecendo como uma das principais demandas da população local e dos produtores rurais da região.
Transformação no acesso regional
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A conclusão do asfaltamento da BR-422 está revolucionando a mobilidade entre importantes municípios paraenses. Segundo levantamento realizado pelo Correio de Carajás, a nova rota via BR-230 (Transamazônica) e BR-422 reduz significativamente o tempo de viagem entre Marabá e Tucuruí. Enquanto o caminho tradicional pela PA-150, passando por Nova Ipixuna, Jacundá, Goianésia e Breu Branco, demanda até cinco horas para percorrer 273 quilômetros, a nova rota permite completar os 252 quilômetros em apenas três horas e quarenta minutos.
A diferença é ainda mais expressiva quando se considera a qualidade da viagem. O trecho que antes era um “terror” para motoristas, com estradas de terra batida sujeitas a poeira no verão e lama no inverno, agora oferece condições modernas de trafegabilidade. As antigas pontes de madeira, precárias e de pista única, foram substituídas por estruturas de concreto largas e seguras.

Histórico conturbado da obra
A pavimentação da BR-422 teve início oficial em julho de 2022, durante o governo Jair Bolsonaro, com a assinatura da Ordem de Serviço pelo DNIT. O consórcio formado pelas construtoras LCM e Ápia S/A assumiu a responsabilidade pela execução, com investimento inicial anunciado de R$ 176 milhões. Para atender à demanda da obra, foi instalada uma usina de asfalto em Novo Repartimento, garantindo a produção local da massa asfáltica necessária.
O projeto técnico contempla todas as etapas de uma pavimentação moderna: drenagem, terraplanagem, sub-base, base e imprimação. O material utilizado é o CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), considerado padrão para rodovias federais, complementado por acostamentos, micro revestimento e tachões reflexivos. A sinalização horizontal e vertical, embora prevista no projeto, ainda está em fase de implementação.
As obras enfrentaram interrupções típicas da região amazônica, sendo suspensas durante os períodos chuvosos para preservar a qualidade dos serviços. Em maio de 2024, cerca de 30 quilômetros já haviam recebido o pavimento asfáltico, partindo de Novo Repartimento em direção a Tucuruí, enquanto os 30 quilômetros restantes aguardavam o fim do inverno amazônico para receber a camada asfáltica final.
Importância estratégica
A BR-422 tem início no entroncamento com a BR-230 (Transamazônica), criando uma rede eficiente de transporte que conecta a região a municípios estratégicos como Altamira e Marabá. Esta conectividade é fundamental para o agronegócio paraense, facilitando o escoamento da produção rural e reduzindo custos e tempo de transporte.
A rodovia beneficia diretamente os moradores de Novo Repartimento e Tucuruí, mas seu impacto se estende por toda a região do Baixo Tocantins. Produtores rurais, comerciantes e prestadores de serviços já relatam melhorias significativas na logística de suas atividades, com reflexos positivos na economia local.

Situação atual e perspectivas
De acordo com informações mais recentes divulgadas pelo DNIT e confirmadas por veículos locais, faltam aproximadamente 20 quilômetros para a conclusão total do asfaltamento. As equipes trabalham continuamente nos serviços finais, que incluem não apenas a aplicação do pavimento asfáltico, mas também a instalação dos sistemas de drenagem definitivos e a preparação para a sinalização.
A previsão oficial do DNIT aponta para a conclusão da obra no segundo semestre de 2025, o que representará um avanço significativo para a infraestrutura de transportes do Pará. A expectativa é que a rodovia totalmente pavimentada traga benefícios duradouros para a região, melhorando o acesso a serviços públicos, facilitando o escoamento de produtos agrícolas e fomentando o desenvolvimento econômico regional.
Impacto socioeconômico
A conclusão do asfaltamento da BR-422 representa muito mais que uma melhoria na infraestrutura viária. Para a região, significa a integração definitiva ao sistema rodoviário nacional, com reflexos diretos no desenvolvimento econômico e social. A facilidade de acesso promete atrair novos investimentos, melhorar a prestação de serviços públicos e fortalecer as cadeias produtivas locais.
Os produtores rurais da região, que historicamente enfrentavam dificuldades para escoar sua produção, especialmente durante o período chuvoso, agora contam com uma via de acesso confiável e permanente. Esta mudança é fundamental para a competitividade do agronegócio local e para a fixação da população no interior do estado.
A obra da BR-422 simboliza também a superação de décadas de reivindicações da população local, que via na falta de pavimentação um obstáculo ao desenvolvimento regional. Com a conclusão prevista para os próximos meses, a Transcametá finalmente cumprirá seu papel de integração territorial, conectando de forma definitiva o Baixo Tocantins ao restante do Pará e do país.