Correio de Carajás

Seminário consolida Marabá como polo de inovação para a indústria de laticínios

Fotos: Evangelista Rocha
Por: Luciana Araújo

A 4ª edição do ‘Seminário +Negócios’ chegou à Marabá para impulsionar a profissionalização dos pequenos e médios laticínios proporcionando acesso gratuito à tecnologia, conhecimento e rede de contatos. O evento realizado na quarta (9) e quinta-feira (10) no Centro de Convenções Carajás, é focado na região de MATOPIPA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará). A programação combina palestras técnicas com demonstrações práticas de equipamentos e soluções para o setor lácteo.

O evento contou com participantes do Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins

“Estudamos esse território e percebemos que aqui havia um grande potencial ainda inexplorado no setor de laticínios”, explica Jussara Rocha, diretora do Grupo +Food e uma das idealizadoras do seminário. Ela relembra que a primeira edição aconteceu de forma modesta, em um hotel de Marabá. Mas, desde aquela época, já revelou um cenário promissor. “Notamos logo no início que as pessoas tinham sede de aprender e conhecer novas tecnologias”.

Um dos grandes destaques da edição deste ano foi a instalação de uma miniusina de laticínios, funcionando em tempo real dentro do evento. A iniciativa tem o objetivo de demonstrar aos produtores uma forma prática e acessível de utilizar o soro do leite, um subproduto que muitas vezes é desperdiçado ou usado apenas para alimentação de suínos.

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A 4ª edição do seminário inovou ao trazer uma miniusina de iogurte para o salão de exposição

“O soro é um ativo valioso dentro de um laticínio. Ele pode ser usado para produzir iogurtes, bebidas lácteas e outros produtos com alto valor agregado”, explica Jussara. Ao levar a miniusina para o centro do salão de exposição, foi mostrado que é possível beneficiar o líquido residual do leite com pouco investimento e de forma viável.

Sem formação técnica, mas com 30 anos de experiência acompanhando o setor, Jussara defende que a demonstração prática é essencial para convencer os produtores. “Não adianta só falar. Quando eles (laticínios) vêm funcionando, entendem o que precisam fazer. A miniusina ajuda a criar essa visão”.

Outra aposta do evento é o Concurso de Queijos, que teve seu portfólio ampliado este ano. A ideia é estimular os produtores a saírem do padrão da muçarela e investirem na criação de queijos com maior valor de mercado.

“Queremos que eles descubram outras possibilidades, com produtos diferenciados que possam ser vendidos por um preço melhor. Isso ajuda a valorizar o trabalho e diversificar a renda”, pontua a diretora.

Valorização dos pequenos e médios negócios

 

Ao longo das quatro edições realizadas em Marabá, o evento cresceu rapidamente com o apoio da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), passando a atrair cada vez mais expositores e visitantes.

“O objetivo sempre foi convencer os pequenos e médios produtores a se profissionalizarem e investirem em equipamentos, ingredientes, novos sistemas de refrigeração e embalagens, para que pudessem melhorar a qualidade e a rentabilidade dos seus produtos”, aprofunda Jussara Rocha.

Jussara Rocha é diretora da +Food e uma das idealizadoras do evento

Para ela, um diferencial da programação é sua proposta inclusiva. Tudo o que é oferecido – inscrição, palestras, concurso de queijos – é gratuito para os laticínios. O custeio do evento fica por conta dos recursos arrecadados junto aos expositores.

“Não é caridade, é um modelo de negócio que reinveste no setor para elevar o nível tecnológico e profissional dos produtores locais”, afirma.

Papel dos expositores

 

Entre os expositores, a Clamalu Representações se destaca por oferecer soluções tecnológicas voltadas para o aumento da eficiência produtiva de laticínios. Representante exclusiva da Novoneses nas regiões Norte e Centro-Oeste, a empresa fornece enzimas e culturas para a fabricação de queijos e iogurtes.

“Nossos produtos permitem aumentar a rentabilidade do produtor. Com menos leite, ele consegue produzir uma quantidade maior de queijo, mantendo a qualidade”, explica Wendel Rosário de Carvalho, engenheiro de alimentos e representante da empresa no Pará. Entre os destaques apresentados na feira está a enzima Wildmex, uma fosfoliptase que permite retirar mais matéria gorda do leite.

“Com essa enzima, é possível fabricar muçarela com teor de gordura reduzido, mas com as mesmas características. O creme retirado pode ser reaproveitado na produção de requeijão ou manteiga, o que aumenta a lucratividade do produtor”, completa Wendel.

Wendel Rosário de Carvalho representa a Clamalu no Pará

Já a Descartável Embalagens, com sede em São Paulo, marcou presença no seminário com uma proposta inovadora: embalagens ecológicas produzidas com EVOH, material já utilizado na Europa e que substitui o PVDC, atualmente proibido em diversos países.

“Acreditamos muito nesse mercado aqui na região Norte. Já temos clientes fidelizados no Pará, Tocantins e Maranhão, e seguimos apresentando essas soluções sustentáveis aos novos visitantes”, afirma Jair Vieira de Queiroz Neto, representante da empresa em Marabá. Segundo ele, a nova linha de embalagens é reciclável e alinhada às exigências internacionais de sustentabilidade, o que dá aos produtos uma vantagem competitiva no mercado.

Jair Vieira de Queiroz Neto é representante da Descartáveis Embalagens

A área contábil também teve espaço no seminário. Representando a Audax Contabilidade, com sede em Chapecó (SC), o contador Jeferson Zeferino alertou os participantes sobre a necessidade de controle de custos e preparo para a reforma tributária que começa a vigorar em 2026.

“A maior dúvida do empresário é: quanto realmente sobra no fim do mês? Para responder isso, é fundamental ter estoques bem ajustados e a apuração precisa dos custos”, explica Jefferson. Segundo ele, a reforma vai substituir impostos como PIS, Cofins e IPI pela CBS, e ICMS e ISS pela IBS, com impacto direto nas finanças das indústrias.

Audax Contabilidade, representada por Jeferson Zeferino, tem clientes no Pará

A Audax já atende laticínios em todo o Brasil, incluindo Pará, Tocantins e Maranhão, e tem investido em orientar os clientes sobre essas mudanças. “Muitos que estão aqui presentes já são nossos clientes. O seminário é também uma oportunidade para reforçarmos esse diálogo com os produtores”.