Na última sexta-feira, 27 de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma nova rodada de dados do Censo Demográfico 2022, com foco no perfil migratório das cidades brasileiras. E o levantamento revela uma mudança importante no panorama populacional de Marabá, sudeste do Pará: o município registrou uma significativa redução no número de migrantes ao longo dos últimos 12 anos.
Em 2010, o Censo contabilizava 13.894 pessoas residindo em Marabá que haviam nascido em outros municípios. Já em 2022, esse número caiu para 7.372, uma diferença negativa de 6.522 pessoas, indicando uma desaceleração no ritmo de chegada de novos moradores vindos de outras regiões.
Essa redução ocorre em um município historicamente conhecido por ser um polo de atração populacional. Graças à sua localização estratégica, à infraestrutura urbana em expansão e às oportunidades geradas principalmente nos setores da mineração, do comércio e da construção civil, Marabá sempre foi vista como um destino promissor para migrantes em busca de emprego e estabilidade.
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Além das oportunidades de trabalho, muitos escolhiam Marabá por sua relativa qualidade de vida em comparação com cidades vizinhas. O acesso a serviços públicos, a oferta de instituições de ensino superior e técnico, e a presença de grandes empresas fizeram com que milhares de pessoas optassem por fincar raízes na cidade.
Contudo, os novos dados revelam que essa tendência perdeu força na última década. Especialistas apontam que o crescimento de cidades do Centro-Oeste e Sul do país, especialmente aquelas impulsionadas pelo agronegócio, pode explicar essa mudança. O levantamento do IBGE mostra que estados como Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina registraram saldo migratório positivo – ou seja, mais pessoas chegando do que saindo – no mesmo período em que cidades da Região Norte, como Marabá, reduziram sua atratividade.
A publicação do Estadão destaca que o Centro-Oeste é hoje a única região do país onde todos os estados têm saldo migratório positivo, reflexo direto da expansão da fronteira agrícola, da modernização do setor rural e da geração de empregos formais. Já o Pará, apesar de ter cidades economicamente fortes, como Marabá, Altamira e Parauapebas, tem enfrentado desafios estruturais que podem influenciar na decisão de migrar ou permanecer.
Entre os principais entraves apontados estão a pressão sobre os sistemas de saúde e educação, a infraestrutura urbana limitada diante do crescimento populacional e a falta de políticas públicas mais robustas para integração de migrantes.
Mesmo com uma economia em constante movimento, Marabá parece viver um momento de transição. A queda no número de migrantes pode significar não apenas uma redução no ritmo de crescimento populacional, mas também o reflexo de um país em transformação, onde novas dinâmicas econômicas e sociais estão redesenhando o mapa da mobilidade interna.
As outras duas principais cidades da região, Parauapebas e Canaã dos Carajás, estão em situações opostas. Enquanto Parauapebas também registrou uma queda: em 2010 haviam 24.051 migrantes, e doze anos depois, em 2022, a cidade registrou 19.439, uma diferença negativa de 4.612 moradores.
Já Canaã dos Carajás cresceu consideravelmente. Em 2010 a cidade contava com 3.277 migrantes vindos de outras regiões. No ano de 2022, esse número saltou para 8.135, um saldo positivo de 4.858.
Impulsionado principalmente pela exploração mineral, o município experimentou uma transformação significativa nas últimas décadas, saindo de um pequeno assentamento para se tornar um polo de desenvolvimento regional.
Impulsionada pela mineração, a cidade conta com grandes projetos da mineradora Vale. Durante a implantação e expansão dessas operações, muitas pessoas se sentiram atraídas pela oportunidade de emprego e renda.
(Ana Mangas e Ulisses Pompeu com informações do Estadão)