Correio de Carajás

Advogado de Gatti diz que atirar para o alto ao festejar gol é “cultural” em Marabá

Conforme Américo Leal, o “andar armado da juventude” é uma prevenção que está “atrelada à cultura do povo marabaense” – Foto: Evangelista Rocha
✏️ Atualizado em 03/06/2025 09h16

O advogado Américo Leal, que defende Vinícius Nogueira Gatti no Tribunal de Júri que está acontecendo no Fórum de Marabá, afirmou que é parte da “cultura do povo de Marabá” colocar armas para cima e atirar ao festejar gols.

A fala ocorreu enquanto ele justificava o tiro que matou Fabbllu Ohara de Lima Gonçalves, em janeiro de 2020.

Gatti está sendo julgado pelo crime, além de responder, também, a acusações relacionadas a porte e uso de arma de fogo. Segundo investigação da Polícia Civil, o disparo teria ocorrido de forma acidental enquanto Gatti manuseava uma pistola durante uma reunião entre amigos.

Leia mais:

Conforme o defensor, o caso em julgamento é o que ele chamaria de “processo da desgraça” porque, afirma, não houve entrevero entre as duas partes. “Não houve questionamento nenhum que um se ofendesse ou o outro também. Estavam todos reunidos no local onde costumeiramente buscavam se reunir”, afirmou.

Ainda de acordo com ele, caso a morte não tivesse ocorrido, os dois poderiam estar novamente reunidos ontem, domingo (1), quando ocorreu um jogo do Flamengo. “Se não houvesse essa desgraça eles estariam novamente reunidos no jogo do Flamengo e, quando entrasse um gol, eles colocavam as armas para cima e atiravam, festejando e tudo mais. Isso faz parte da cultura do povo do Marabá”, declarou.

O advogado acrescentou, em entrevista à imprensa, que o “andar armado da juventude” é uma prevenção que está “enraigada, está atrelada à cultura do povo marabaense”.

FAMÍLIA

Familiares e amigos de Fabbllu estão no Fórum de Marabá, onde pedem a condenação de Gatti. “A família está esperando por justiça, né? Já são cinco anos e o acusado está sem usar a tornozeleira eletrônica há quase um ano”, afirmou a prima da vítima, Suzi Oliveira, acrescentando que isso incomoda os conhecidos da vítima. “A gente fica incomodada. Uma pessoa que cometeu um crime tão brutal tá na sociedade, convivendo na sociedade assim, livremente”.

A prima acrescentou que os pais de Fabbllu ainda sofrem muito com a perda, acrescentando que ele deixou uma filha e cursava o último semestre de Direito quando foi assassinado.

“O Vinícius (Gatti) atirou na cabeça dele e não prestou socorro. Ele ligou para o Samu e fechou as portas. O Samu teve que invadir a casa para resgatar. Foi muito covarde, não só da parte dele como das outras pessoas que estavam presentes”, finalizou.

CASO

Em janeiro de 2020, uma reunião de amigos no Bairro Novo Horizonte terminou com a morte de Fabbllu Ohara de Lima Gonçalves, que na época tinha 30 anos. Ele foi morto com um tiro na cabeça, dentro da casa de Vinícius Nogueira Gatti, de 32.

Após o baleamento, Gatti acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e assumiu a autoria, mas fugiu do local. Ele se apresentou dias depois na delegacia, quando já havia um mandado de prisão expedido contra ele. Na ocasião, recebeu voz de prisão e prestou depoimento. (Da Redação, com informações de Luciana Araújo)