Uma criança de apenas três anos, um técnico de enfermagem a caminho do trabalho, uma gestante. Estes são alguns dos perfis das 13 pessoas que perderam a vida no trânsito de Parauapebas somente entre janeiro e maio de 2025, conforme as reportagens veiculadas pelo portal Correio de Carajás. Cinco delas foram publicadas em maio, o mês dedicado à campanha Maio Amarelo, que busca conscientizar sobre a importância da segurança viária.
A estatística registrada pelo noticiário indica um índice de 2,6 mortes por mês. De acordo com dados do Departamento Municipal de Trânsito e Transporte (DMTT), ao longo de todo o ano passado, 2024, 18 pessoas morreram em acidentes de trânsito no município, ou seja, um índice de 1,5 ao mês. Os dados oficiais do órgão de trânsito para 2025 não foram divulgados.
As ocorrências expõem mais do que números, já que vidas foram interrompidas, e acendem um alerta sobre o trânsito no município. A reportagem fez um balanço sobre os meses com mais vítimas fatais, horários, bairros e as causas dos acidentes.
Leia mais:Mortes por mês
Janeiro iniciou o ano com quatro vítimas fatais, sendo três motociclistas e um pedestre. Em fevereiro, foram três mortes, incluindo uma gestante. Março teve um óbito registrado, enquanto maio, até esta publicação, já contabiliza ao menos cinco vítimas, entre elas uma criança de três anos e um técnico de enfermagem a caminho do trabalho.
Horários: A madrugada e o fim de tarde como momentos críticos
A análise dos horários revela que muitos dos acidentes ocorreram à noite ou de madrugada.
Madrugada: Os casos do dia 17 e 24 de janeiro, e do dia 9 de fevereiro, ocorreram de madrugada, entre 3h e 4h.
Final da tarde/início da noite: Acidentes fatais nos dias 21 de fevereiro, 4 e 18 de maio ocorreram das 17h às 19h30.
Manhã: Vítimas fatais também foram registradas nas manhãs dos dias 15 de janeiro, 31 de março, e 3 e 19 de maio.
Perfil das vítimas: motociclistas são maioria
Entre os mortos, a maioria era condutora ou passageira de motocicletas, reforçando a vulnerabilidade desse grupo no trânsito. Casos como os de João Marcos (20/01), Kaio Henrique (21/02) e Cícero Júnior (04/05) mostram como quedas, colisões com outros veículos ou obstáculos urbanos podem ser fatais.
Além disso, acidentes também foram causados por motoristas na contramão, sem habilitação ou que fugiram do local sem prestar socorro mostra a negligência e impunidade.
Dados do DMTT mostram também bairros de Parauapebas com mais registros de acidentes, não necessariamente com vítimas fatais. São eles: Cidade Jardim (149), Da Paz (74), Rio Verde (61), Cidade Nova (60) e Beira Rio (45).
De acordo com o departamento, foram 886 acidentes registrados no ano passado. Destes casos, 559 tiveram danos materiais, 309 pessoas ficaram lesionadas e 18 morreram.
Relembre os casos

JANEIRO
Valdivino Alves da Silva – 15 de janeiro
Valdivino Alves da Silva, de 43 anos, morreu na manhã do dia 15 de janeiro, em um acidente de trânsito na Avenida Parauapebas, no Bairro Nova Carajás. A vítima conduzia uma moto Honda Biz quando colidiu frontalmente com um carro, ocupado por um casal. Estes, por sua vez, dirigiam o carro na contramão no momento do acidente.
Reinaldo Andrade da Silva – 17 de janeiro
Reinaldo Andrade da Silva, conhecido como “Reizinho”, foi atropelado por um carro e acabou morrendo ainda no local, na noite do dia 17 de janeiro, na zona rural de Parauapebas
João Marcos – 20 de janeiro
João Marcos morreu em um acidente de trânsito, na Rodovia PA-275, ao cair com a motocicleta que pilotava, no dia 20 de janeiro. Testemunhas relataram à polícia que o jovem trafegava de moto quando teria perdido o controle ao passar por um buraco na pista, caindo no asfalto. Ainda no chão, a vítima foi atropelada por um caminhão-caçamba.
O motorista do caminhão fugiu sem prestar socorro. João chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Ronalth Moreno da Silva – 24 de janeiro
Ronalth Moreno da Silva pilotava uma motocicleta quando se acidentou e não resistiu aos ferimentos, na madrugada do dia 24 de janeiro.
O acidente foi registrado por volta das 3 horas por policiais militares que realizavam rondas pelas vias da cidade e receberam uma ligação informando o caso. O acidente ocorreu na Rodovia na PA-160, no Bairro Parque do Carajás.
FEVEREIRO
Elias Nogueira Lima – 8 de fevereiro
Elias Nogueira Lima, de 93 anos, morreu no dia 8 de fevereiro, no Hospital Geral de Parauapebas (HGP), após ficar internado por 11 dias em decorrência de um atropelamento registrado no dia 29 de janeiro, na Avenida Bom Jardim, no Bairro Bela Vista.
O acidente foi gravado por uma câmera de segurança. Nas imagens, é possível ver quando o motociclista Maicon da Silva Pajau, que não possuía habilitação e trafegava com a moto sem placa, perdeu o controle do veículo e atingiu a vítima, que estava saindo de uma casa lotérica.
Alandia Dialia Soares Mendonça – 9 de fevereiro
Alandia Dialia Soares Mendonça morreu em um acidente de trânsito registrado na madrugada do dia 9 de fevereiro, na PA-160.
Um automóvel vinha pela via e bateu na motocicleta ocupada pela vítima, que estava grávida. Um homem, identificado como Pedro Daniel Vieira Monteiro, de 22 anos, foi preso no caso por suspeita de provocar a colisão que resultou na morte da gestante.
Kaio Henrique – 21 de fevereiro
Na noite do dia 21 de fevereiro um grave acidente de trânsito resultou na morte de Kaio Henrique Alves Loiola de Melo, de 22 anos de idade, na Rua A, no Bairro Cidade Nova.
De acordo com informações da Polícia Civil, o acidente ocorreu por volta das 19h30. A vítima estava conduzindo uma motocicleta Honda Titan vermelha, quando tentou desviar de um veículo que estava à sua frente. Ao realizar a manobra, Kaio Henrique perdeu o controle da motocicleta e colidiu frontalmente com um poste.
Apesar de estar utilizando capacete, o impacto foi fatal, levando o jovem a óbito no local.
MARÇO
Antônio Nascimento – 31 Março
O motociclista Antônio Nascimento dos Santos, de 44 anos, morreu na manhã do dia 31 de março após ser atingido por uma picape e arremessado para baixo de um caminhão na Rodovia PA-160, próximo ao Bairro Novo Brasil. O motorista da picape fugiu do local sem prestar socorro, conforme testemunhas que presenciaram a cena.
MAIO
Fátima – 1° de maio
Fátima morreu na tarde do dia 1° de maio. Ela estava com a filha durante o acidente de trânsito. As duas trafegavam em uma motocicleta pela Rodovia Faruk Salmen quando se acidentaram.
Segundo testemunhas, a motocicleta era pilotada pela filha, que foi fechada por um ônibus. A condutora perdeu o controle do veículo e colidiu contra o meio fio central, que divide as mãos da via. Fátima, que seguia na garupa da moto, morreu na hora. A outra vítima foi socorrida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (SAMU), que foi acionada para o local.
Cícero Júnior – 4 de maio
Cícero Júnior morreu na tarde do dia 04 de maio, em uma via do Projeto de Assentamento Carlos Fonseca, mais conhecido como ‘Tapete Verde’, na zona rural de Parauapebas.
Cícero conduzia uma motocicleta quando colidiu com um carro. O outro envolvido no acidente, permaneceu no local para prestar esclarecimentos às autoridades.
No mesmo dia, na Rodovia Paulo Fonteles outro acidente de trânsito resultou na morte de uma criança de apenas três anos e deixou outras quatro pessoas feridas.
A colisão envolveu um carro de passeio modelo Voyage, de cor prata, e um caminhão Ford F-350 vermelho a cerca de 25 quilômetros do centro de Parauapebas, entre as comunidades Palmares Sul e Vila Santa Cruz.
Raimundo Nonato – 18 de maio
Raimundo Nonato Melo Oliveira, de 30 anos, faleceu na tarde de domingo (18), quando estava a caminho do trabalho. Ele colidiu a moto em um caminhão-pipa. O caso foi registrado no bairro Cidade Nova.
Izaias Santos Dias – 19 de maio
Izaias Santos Dias, de 22 anos, morreu na manhã do dia 19 de maio, no bairro Novo Horizonte. Segundo informações apuradas no local, a vítima pilotava uma motocicleta Honda Pop quando e acabou colidindo com outra moto, na qual estava um casal. Ele era morador da cidade de Marabá, o corpo dele foi transferido para o município.
Os números impressionam, mas as histórias por trás deles são ainda mais tristes. Mas a mudança começa com cada um, ao volante, sobre duas rodas ou como pedestres. Que o Maio Amarelo não seja apenas mais uma campanha, mas um ponto de virada.
(Theíza Cristhine | Colaboração: Ronaldo Modesto)