Correio de Carajás

Órgãos de segurança se reúnem para iniciar operação de desintrusão na TI Kayapó

Reunião aconteceu na tarde de quarta-feira, 30 - Foto: Evangelista Rocha

Representantes de diversas esferas do Governo Federal se reuniram na tarde desta quarta-feira, 30, no quartel do 52º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em Marabá, para dar o pontapé inicial na Operação de Desintrusão na Terra Indígena Kayapó, localizada no sudeste do Pará. A ação, que visa a retirada de não indígenas do território e o combate ao garimpo ilegal e à pecuária, é uma determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ganhou força e foi tida como prioridade no atual governo.

Mais de vinte órgãos estão juntos na Operação Kayapó – Foto: Divulgação

O coordenador da operação, Nilton Tubino, enfatizou a urgência da ação e fez questão de esclarecer que a operação se concentra na desintrusão dentro da terra indígena, especialmente no combate ao garimpo ilegal, e não envolve questões de desapropriação ou novos estudos de territórios. “Estamos no combate dentro da terra indígena, especialmente no combate de garimpo ilegal. Existem muitos rumores que seria desapropriação de áreas, novos estudos da Funai para determinar novos territórios. Não, isso não é da competência dessa ação. Nosso objetivo é que dentro do prazo estipulado pela operação, a gente conseguir vencer essa tarefa e retirar todo mundo que está ilegalmente na área”, afirmou.

O coordenador da operação, Nilton Tubino, enfatizou a urgência da ação – Foto: Evangelista Rocha

Mais de 20 órgãos estão envolvidos na operação, que terá como base operacional uma estrutura montada pelo Exército Brasileiro na cidade de Cumaru do Norte. O objetivo do governo, segundo os representantes, é conduzir a missão de forma pacífica e com diálogo. “Nosso objetivo é fazer conversas, principalmente com o Ministério dos Povos Indígenas e Funai com os indígenas, para explicar a operação”, explicou Tubino, anunciando uma reunião com lideranças indígenas em Tucumã para esta quinta-feira (1º).

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O general Veiga Cabral, comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, representando o Exército Brasileiro, detalhou o papel da instituição na operação: “O Exército vai atuar somente na logística. Não vai operar na desintrusão em campo. Opera no apoio, alojamento, alimentação e combustível. Montamos a base no município de Cumaru, que está operacional, para que cada órgão participante dessa missão possa realizar seu trabalho. Não participamos da desintrusão no interior da terra indígena. Nossa missão é prestar o apoio logístico, de comando e controle”, frisou.

Para a infraestrutura de apoio, o Exército mobilizará cerca de 250 militares distribuídos entre bases em Marabá, Redenção e Cumaru do Norte.

Base montada pelo Exército no município de Cumaru do Norte – Foto: Divulgação

Questionado sobre o número de garimpeiros na região, Nilton Tubino alertou para o desafio de quantificar esse número, classificando o garimpo Kayapó como um dos maiores do Brasil, com cerca de 18 mil hectares de área impactada. “O número de pessoas em garimpo sempre é um desafio para operações. O garimpo kayapó é um dos maiores do Brasil, maior até que o Ianomami, com 18 mil hectares. Temos uma área grande de garimpos ativos, e esse número aumentou muito agora em 2025. O objetivo final da operação é zerar o número de garimpos ativos e garantir a manutenção da segurança na área para evitar o retorno das atividades ilegais. O objetivo é fazer a retirada de todos os garimpeiros. Mas, também teremos um processo de manutenção. Não vão sair e voltar depois. As forças de segurança irão continuar”, garantiu Tubino.

Sobre a divulgação da operação, Tubino reconheceu a dificuldade de manter sigilo devido à grande movimentação de efetivo, principalmente por conta da base gigantesca que foi montada na cidade. “É uma operação de longo prazo, então precisamos dessas estruturas. Agora o que a gente não divulga é o dia exato que a operação vai começar, até para conter manifestação ou algo do tipo”.

A Terra Indígena Kayapó possui área de 3,28 milhões de hectares de floresta amazônica e abriga 6.365 indígenas, distribuídos em 67 aldeias. O território enfrenta pressões crescentes de garimpo ilegal com uso de maquinário pesado, grilagem de terras e pecuária irregular e atividades ligadas ao crime organizado.

A operação deve durar entre 90 e 120 dias, mas a presença das forças de segurança será contínua na região. A estratégia envolverá o combate direto ao garimpo e a atuação de agências reguladoras nas áreas adjacentes à terra indígena. Equipe do Correio de Carajás esteve na entrevista coletiva a convite do Comando da 23ª Brigada. (Ana Mangas)