Acontece nesta quarta-feira, 21, a partir das 18 horas, no plenário da Câmara Municipal de Parauapebas, o I Workshop de Atenção à Gestante, que tem como tema “Protagonismo da mulher: da gestação ao nascimento”. O evento é realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio da coordenação da Rede Cegonha.
O objetivo do evento é a conscientização e a capacitação da equipe de saúde para as práticas de atenção humanizada do parto ao nascimento. O workshop conta com o apoio das secretarias municipais de Assistência Social (Semas), Cultura (Secult), Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi), do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Parauapebas (Comdcap), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), do Instituto Federal do Pará (IFPA) e da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam).
O Ministério da Saúde (MS) é responsável pelo projeto Apice On – Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia. A iniciativa nasceu da luta para que o conceito de humanização seja inserido e ensinado já no período de formação acadêmica de médicos, enfermeiros e outros profissionais.
Leia mais:O projeto tem uma equipe que visita instituições educacionais e hospitais universitários de todo o Brasil, para que os estudantes tenham contato com essas informações desde cedo. O Apice On conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outras instituições. O objetivo é reduzir a violência contra a mulher na hora do parto, assim também como promover assistência adequada à mãe e bebê.
De acordo com o Ministério da Saúde, relatórios das Nações Unidas apontam que, nos últimos 20 anos, médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde passaram a lançar mão, cada vez mais, de intervenções desnecessárias no momento do parto. Além disso, práticas consideradas invasivas e desrespeitosas, que indicam violência obstétrica, também se tornaram mais frequentes.
De acordo com o documento, essas atitudes podem deixar sequelas psicológicas e físicas na mulher. “As histórias de partos difíceis geralmente estão relacionadas à violência obstétrica. O que mais dói é como a mulher é tratada, ela não pode beber água nem se levantar quando tem vontade”, aponta o relatório.
Especialistas em obstetrícia destacam que a ocitocina sintética aplicada no início do trabalho de parto pode levar a outras complicações, como uma hemorragia pós-parto. As mães ainda podem ter dificuldades para amamentar por conta de lesões relacionadas. “O bebê também corre o risco de ter sequelas e ficar internado por conta da má assistência”, destacam.
Para buscar um atendimento menos intervencionista, mais acolhedor e respeitoso, um conjunto de práticas adotadas em diversos hospitais e locais especializados deu origem a um novo modelo de atendimento: o parto humanizado.
Esse formato tem como pilares a assistência respeitosa, que leva em consideração a autonomia da mulher, baseada em evidências científicas, que inclui, principalmente, o afeto à mãe e à criança. O parto humanizado é feito com a menor quantidade possível de intervenções.
Quando são feitas, são sempre baseadas em evidências e argumentos científicos comprovados. A intenção é evitar práticas como a episiotomia, um procedimento no qual se faz um corte na vagina da mulher para ajudar o bebê a sair.
De acordo com o relatório da ONU, essa é uma ação ultrapassada e as pesquisas atuais comprovam não haver necessidade desse corte. O modelo de parto humanizado também busca seguir orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), como o corte tardio do cordão umbilical.
Segundo a OSM, diversos estudos mostraram os benefícios de fazer essa separação só depois que o cordão para de pulsar ou aguardar pelo menos três minutos após o nascimento do bebê, mas, ainda assim, vários profissionais vão contra essas orientações.
Apesar de haver grupos que defendem o contrário, o modelo humanizado não necessariamente será um parto normal. Segundo especialista, o parto humanizado também é respeitar os níveis de segurança.
Se a mulher está em uma condição na qual precisa de cirurgia, ela deve fazê-la. O relatório destaca que a cesariana, quando bem indicada, também é humanização do parto. (Tina Santos)