A procuradoria de Tóquio está avaliando se apresenta acusações contra a Nissan Motor por supostamente alterar relatórios financeiros para ocultar as supostas irregularidades fiscais que levaram à detenção do seu ainda presidente, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, informaram nesta quarta-feira meios de comunicação locais.
Ghosn, de 64 anos, foi detido nesta segunda-feira na capital japonesa e o tribunal de Tóquio que tramita a causa aceitou hoje um pedido da procuradoria para mantê-lo detido por mais dez dias, até 30 de novembro.
O executivo foi acusado de não declarar a totalidade das suas receitas ao regulador da bolsa de Tóquio, uma violação da legislação de instrumentos financeiros do país asiático que prevê penas de até 10 anos de prisão, uma multa de 10 milhões de ienes (US$ 88 mil) ou ambas.
Leia mais:A detenção aconteceu por causa de uma investigação interna de Nissan, que compartilhou a informação com a procuradoria.
Fontes ligadas ao caso indicaram hoje ao jornal econômico “Nikkei” que dois diretores da Nissan que trabalhavam sob as ordenes do diretor representativo Greg Kelly, também detido pelo caso, teriam sido os executores da má praxis e são os que estão cooperando com os procuradores por meio de um acordo.
A montadora não estaria incluída na delação, como se insinuou inicialmente, uma figura legal no Japão desde o último mês de junho destinada a eximir ou reduzir as penas de quem colabora com as autoridades.
A procuradoria estaria considerando acusar a montadora pela mesma infração da legislação de instrumentos financeiros argumentando uma manipulação dos seus resultados para ocultar as quantias realmente pagas a Ghosn nos seus relatórios de valores corporativos.
Segundo a lei que rege este crime, uma empresa poderia enfrentar uma multa de até 700 milhões de ienes.
Kelly supostamente foi quem ordenou a outros executivos que manipulassem os relatórios, segundo indicaram as fontes ao “Nikkei”.
Os procuradores seguem interrogando funcionários da Nissan no marco da investigação, entre eles o CEO, Hiroto Saikawa, que, aparentemente, testemunharia de forma voluntária, segundo informou a emissora pública “NHK”.
Ghosn está sendo acusado de não declarar 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões) entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2015, segundo informações da imprensa local.
Outras irregularidades nas quais o executivo franco-brasileiro estaria envolvido seriam o uso de fundos de empresas filiadas para adquirir imóveis particulares em quatro países e o desvio às suas contas de vários milhões em bônus inicialmente destinados a outros executivos.
As demissões de Ghosn e Kelly serão votadas nesta quinta-feira em reunião do conselho de administração de Nissan. (EFE)