No último dia 4, a mãe de uma criança que tem alergia à proteína do leite de vaca (APLV) denunciou a Prefeitura de Marabá por ter deixado faltar o leite da fórmula Neocate. Sem o leite, que era entregue pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a criança pode até morrer. Chama atenção o fato de que são vários bebês de Marabá que estão sem o leite desde o início deste mês, quando acabou o estoque deixado no ano passado. A denúncia foi feita ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
A APLV é uma reação do sistema imunológico a proteínas do leite. É uma das alergias alimentares mais comuns em bebês.
De acordo com a denúncia, à qual o CORREIO teve acesso com exclusividade, o filho da mãe denunciante tem apenas seis meses e consome 14 latas por mês, desde a terceira semana de vida. Mas, agora, ela recebeu mensagem do setor responsável pela distribuição na SMS informando que o estoque simplesmente acabou.
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Chamou atenção também o fato de que a responsável pelo setor admitiu que não sabia que o estoque estava acabando e alegou que seria feita uma licitação para resolver o problema, mas sem previsão da regularizar o estoque.
A reportagem apurou que o preço médio de uma lata de 400 gramas pode chegar perto de R$ 280,00. No caso dessa família, o gasto com o leite especial chegaria na casa dos R$ 4 mil. Ou seja, a maior parte das famílias não tem condições de bancar, até porque existem famílias com duas crianças que recebiam o leite e agora estão sem.
Na manhã desta quarta-feira (9), o CORREIO solicitou uma resposta da prefeitura e ainda pela manhã recebeu a seguinte resposta: “a Prefeitura de Marabá informa que todos os contratos da gestão anterior foram revistos e as licitações estão sendo refeitas para a compra dos produtos.”
Porém, algo estranho aconteceu. Durante a tarde, por volta das 15h40, o Setor APLV enviou mensagem para as mães atendidas pelo programa, informando que a partir das 8h da manhã desta quinta (10), o atendimento seria normalizado.
Entre a resposta da prefeitura, dizendo que as licitações estavam sendo refeitas, e a mensagem enviada às mães das crianças com APLV, afirmando que tudo estará normalizado, se passaram apenas 5 horas.
(Chagas Filho)