Correio de Carajás

Marabá é Norte raiz: com gente de todo canto da floresta

Com mais de 266 mil habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE, o município de Marabá abriga pessoas nativas de todos os estados da Amazônia Legal, e se tornou símbolo de um Brasil que se move, se mistura e cresce junto.

De rondonienses a acreanos, de amapaenses a amazonenses, todos encontram em Marabá um ponto de encontro — geográfico, cultural e econômico — onde suas raízes amazônicas são acolhidas e suas esperanças alimentadas. Essa movimentação, que se intensificou nas últimas décadas, transformou a cidade em um dos maiores polos urbanos do interior da Região Norte.

Uma Marabá de muitos sotaques

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É andando pelas feiras, igrejas, praças, shopping e escolas que se percebe: Marabá fala a língua da Amazônia em todos os seus tons. São sotaques que se misturam com o tempo, histórias que se cruzam e receitas que se reinventam. A culinária de influência belenense, o comércio tocantinense, a religiosidade amazonense e os modos de vida roraimenses convivem lado a lado nas ruas da cidade.

“É como se a gente não tivesse saído de casa”, diz dona Francisca, vinda de Porto Velho (RO), que há 12 anos vende tacacá com jambu no Bairro Liberdade. “Marabá é Norte, mas parece que abraça todos os Nortes.”

Cidade de oportunidades

Mas não é só o afeto que move os nortistas a Marabá — são também as oportunidades. A cidade se consolidou como um dos principais centros de negócios da Amazônia oriental, com forte atuação nos setores de mineração, agronegócio, construção civil, educação e comércio.

Empresas se instalam, empregos surgem, e a promessa de uma vida melhor atrai famílias inteiras. Marabá é uma cidade que recebe, emprega e cresce com quem chega, fazendo jus ao apelido de “cidade-polo”.

“Aqui é uma terra de possibilidades. Encontrei emprego, estudei e agora estou abrindo meu próprio negócio”, conta Leonardo Castro, natural de Rio Branco (AC), hoje proprietário de uma gráfica rápida no centro da cidade.

Desafios e pertencimento

Marabá é hoje muito mais do que uma cidade paraense. É um retrato vivo da Amazônia que se movimenta, se conecta e constrói novos caminhos, respeitando suas origens, mas abrindo espaço para o futuro. Um futuro compartilhado por pessoas que, embora venham de diferentes estados, encontram aqui um lar comum — onde a floresta é o elo, e o trabalho, a esperança.

Veja rápidos depoimentos de pessoas de todos os estados do Norte:

 

ACRE – Estevão Ribeiro: “Eu nasci em Xapuri, no Acre. Cresci e passei pouco tempo lá. Aos 9 anos, fui para Belém e por ali fiquei. Pouco tempo depois, vim para Marabá juntamente com meus pais e aqui cresci. Acredito que tenho algo que me conecta a ela há muito tempo. Em 10 anos, passei por muitos lugares. Em 2022, eu voltei, e foi esse retorno que me fez entender que esse é meu lugar. Eu me reconheço nesse movimento. Toda vez que olho para Marabá, sinto que ela me olha de volta. Eu me sinto conectado com esse lugar.”

 

AMAZONAS – Laura Monteiro: “Vim passar um final de ano em Marabá há 25 anos. Depois disso, fui ficando na cidade. Em 2000, conheci meu esposo, que é carioca. Aqui me casei e construí minha família. Hoje tenho duas filhas. Eu permaneci aqui por ser uma cidade calma e aconchegante. Apesar de viver aqui, não vou dizer que não sinto falta da minha terra, mas aprendi a viver com Marabá sendo meu novo lar.”

 

BELÉM – Angelika Freitas: “Nascida em Belém, mas há 14 anos escolhi Marabá para ser meu lar. Cheguei à cidade com uma proposta de emprego em uma multinacional e acabei me apaixonando pela cidade. Após seis anos de trabalho, recebi outra proposta para ser transferida para Belém, minha terra natal. Eu abri mão para continuar aqui. Aqui construí minha família, tenho duas filhas que são frutos desta terra. Eu me sinto muito em casa. Decidi ficar porque tenho uma conexão muito forte com o povo, com a cultura e com os rios. Construí uma vida aqui e não me imagino longe dessa cidade.”

 

RONDÔNIA – Camila Bragança: “Sou natural de Cacoal, estado de Rondônia, e há três anos recebi uma proposta de emprego e decidi vir para cá. A decisão foi difícil e desafiadora, mas estou feliz em morar aqui. A população dessa cidade foi muito receptiva, fiz muitas amizades. O que me fez permanecer na cidade foi o contato com a natureza e a cultura local. O fato de ser uma cultura nortista me fez ficar e me deixa encantada.”

 

AMAPÁ – Rosiane Mendes: “Nasci em Serra do Navio, no estado do Amapá. Vim para Marabá há cinco anos através de um trabalho que desenvolvo na igreja. Além disso, meu filho ingressou na universidade federal e, com isso, toda a nossa família veio morar aqui. Marabá é uma cidade de grandes oportunidades. Gosto daqui porque é um ambiente muito arborizado.”

 

TOCANTINS – Adevanilde Rodrigues: “Vim para Marabá em julho de 2022. Meu contato com a cidade foi através do trabalho. Hoje permaneço pela minha família e, também, pelo retorno financeiro que ela me proporciona. Marabá é uma cidade por quem me apaixonei. Quando vi o encontro dos rios Tocantins e Itacaiunas, pensei: daqui eu não quero ir embora mais!”

 

RORAIMA – Luís Carlos Pires: “Há 40 anos moro aqui, sou pecuarista e vim de Boa Vista, Roraima. Morava em São Paulo, depois fui para Tucuruí no ano de 1981, onde fiquei por três anos. Cheguei até Marabá após receber uma proposta da Vale e aqui fiquei até me aposentar. Aqui foi onde adquiri muitas coisas: minha família, meus filhos e a formação deles. Essa cidade me deu condições de prosperar na vida. É prazeroso viver aqui. Hoje, sou radicado paraense e marabaense. Marabá, para mim, é o meu Porto Seguro”.