Correio de Carajás

Paciente que teve transferência negada no HMM perde a vida

Mirian Saraiva Kokaktyire, de 30 anos, morreu na madrugada deste domingo (9). Ela estava internada com traumatismo craniano na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Marabá (HMM) e depois do Hospital Regional (HRSP), em decorrência de um acidente de moto. A situação dela deu o que falar na cidade ao longo da semana, depois que a família conseguiu liberação de leito para ela no Hospital Regional e insistiu na transferência, mas o HMM não permitiu. Até aquele momento ela estava numa UCE e só então conseguiu leito na UTI do próprio Municipal.

O esposo de Mirian, David Kakoktyire, em entrevista, já havia previsto que apenas mantê-la em UTI não garantiria a sua sobrevivência, pois somente o Regional teria o tipo de profissionais e especialistas que poderiam atuar de forma eficaz para reverter o grave quadro. A família estava disposta a assumir os riscos da transferência.
A paciente só foi efetivamente transferida para o Hospital Regional neste sábado, dia 9, segundo um familiar. Mas já neste domingo ela não resistiu. O velório dela está acontecendo no templo da Igreja Quadrangular da Folha 28.

Notas de pesar

Leia mais:

O Instituto Federal do Pará, Campos Marabá Industrial, divulgou nota de pesar à família de Mirian, que era aluna de Letras desde o ano passado na instituição.

O projeto social jiu-jítsu MMA Marabá também lamentou, destacando que “recebeu com profundo pesar a notícia de falecimento de Mirian”, que era mãe de dois alunos da instituição.

REMEMORE
O Portal Correio de Carajás publicou uma matéria no dia 8 de março, relatando, que antes de ser transferida para a UTI, a paciente estava internada em uma Unidade de Cuidados Especiais (UCE), e a família lutava por uma transferência dela ao Hospital Regional (HRSP), onde já havia leito liberado para ela. O HMM, no entanto, não liberou a transferência, o que gerou discussões acaloradas entre os familiares e a equipe do hospital.

O caso foi parar nas redes sociais, depois que pessoas que estavam no pátio do HMM publicaram vídeos e fotos mostrando a luta da família pela liberação da transferência. Nesta manhã de sábado (8) o Correio de Carajás falou diretamente com o esposo de Mirian, David Kakoktyire, que é indígena. Ele disse que embora a esposa agora tenha mais suporte em um leito de UTI do próprio HMM, vai continuar procurando o traslado dela ao regional, onde terá reais chances de sobreviver, diante do quadro grave de traumatismo.

Mirian Saraiva se acidentou de moto na noite de quinta-feira (13), na Folha 18, próximo à escola Disneylândia, quando transitava rumo à casa da mãe, que fica na Folha 7. Segundo o esposo, ela estava de capacete, mas o mesmo sacou da cabeça dela, diante da violência da queda. E é justamente o trauma no crânio que ameaça a vida da mulher, uma vez que o restante do corpo está integro.

IMPASSE
David Kakoktyire diz ter ouvido de um enfermeiro que já trabalhou no Samu, que o caso de Miriam era tão grave e delicado, que a ambulância que a socorreu já deveria ter levado diretamente ao Hospital Regional, no entanto a equipe da ocasião optou pelo HMM, onde nem vaga de UTI havia naquele momento.
A família chegou a cogitar transferência em UTI aérea para Tucuruí ou Belém, o que não deu certo, dado a delicadeza do estado da paciente.

Na noite desta sexta-feira (7) a família acabou conseguindo a garantia de leito no Hospital Regional e uma ambulância do Samu foi requisitada. Ao chegar ao HMM, uma assistente social se opôs a liberar a transferência, assim como o médico da ambulância queria documentação específica que garantisse que ela poderia ser levada sem riscos, uma vez que o veículo não possui suporte à vida.

De outro lado, o esposo disse que a família estava disposta a assinar quaisquer documentos se responsabilizando pela transferência, por entender que a chegada ao Regional era a única chance real de sobrevida da paciente.
No final das contas, após muita discussão, Mirian acabou permanecendo no HMM, mas conseguiu condição melhor, com a abertura de uma vaga na UTI daquele hospital. (Da Redação | Com apoio de Josseli Carvalho)