A Desmonte, ativa na cena autoral de Marabá desde 2019, lança nesta sexta-feira (7) o projeto “Sereno Quase Chuva”, com cinco canções e dois videoclipes. O trabalho representa mais uma etapa de amadurecimento na sonoridade da banda. Nele, o grupo explorou novas e antigas referências e experimentou sonoridades inéditas em sua trajetória.
O projeto aborda temas como saúde mental e dilemas cotidianos, além de regionais e existenciais, como a solitude urbana em “Eremita Urbano”, e a conexão espiritual com a natureza em “Inverno Amazônico”. Essas faixas, assim como as demais, refletem a vivência de quem está inserido em um contexto urbano no meio da Amazônia, trazendo uma mistura única de urbanidade e raízes culturais locais.
A sonoridade transita entre indie rock, psicodelia, blues, synthpop/new wave e post rock, refletindo a diversidade de influências do grupo. Apesar das múltiplas referências, a Desmonte se define, essencialmente, como uma banda de rock.
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Videoclipes
Duas faixas do EP são ilustradas por videoclipes. Uma delas é a canção de abertura, “Eremita Urbano”, que retrata a vida de um senhor que encontra paz e beleza na solitude, desafiando a ideia de que estar sozinho é sinônimo de tristeza.
A música celebra a simplicidade da vida e o amor que “cabe num pão francês”, transmitindo uma mensagem de que a felicidade pode ser encontrada nas pequenas alegrias do cotidiano.
No clipe, o personagem principal aspira ser um senhor de idade, e essa transição é representada visualmente pela troca de figurino: no início, ele veste roupas de jovem, que são gradualmente substituídas por trajes de um senhor idoso. O vídeo foi gravado em locais do dia a dia de Marabá e dos músicos, como a Praça da Folha 16 e o Bar do Marquinhos, onde o grupo costuma se reunir. O clipe está disponível no Youtube.
A outra música ilustrada em vídeo é a última da sequência, “Inverno Amazônico”, uma viagem lisérgica e espiritual, inspirada na experiência do compositor com a ayahuasca. A canção, que traz uma sonoridade de rock psicodélico, evoca a introspecção e a conexão com o mundo interior, com a letra que explora a temática amazônica.
O clipe, gravado na Praia do Sossego, no município de Bom Jesus do Tocantins, vizinho a Marabá, apresenta um rapaz dançando breaking e hip-hop, que representa uma personificação antropomórfica do inverno amazônico.
O personagem está sempre com o rosto coberto por um pano, simbolizando a abstração do inverno amazônico, enquanto o figurino faz referência às roupas típicas dos ribeirinhos, conectando a dança urbana à essência cultural da região. O trabalho também já está disponível.
Outras canções
As outras três músicas do projeto são “27”, “Domingo” e “Mácula Lútea”. A faixa “27” é uma balada triste que combina elementos post-rock, com guitarras marcantes e uma atmosfera melancólica. A música aborda a solidão de um rapaz que saiu de sua cidade natal para morar sozinho, lidando com a saudade de casa e a adaptação a uma nova realidade. O título “27” refere-se à idade do vocalista da banda na época em que a música foi composta, que, assim como o compositor, também deixou sua cidade natal para fazer faculdade em outro lugar. A música reflete a experiência compartilhada de ambos, explorando a solidão e a busca por pertencimento em um novo ambiente.
Com influências de blues, “Domingo” é uma música que fala sobre a espera ansiosa pelo dia especial em que o compositor pode ver sua amada. A letra traz versos como “tô te esperando a quase uma semana”, refletindo a rotina atribulada que limita seus encontros. Domingo é o dia mais esperado da semana, um momento de conexão e intimidade. A frase “ascender um rio em teus lençóis” é uma metáfora poética para relações íntimas intensas, reforçando a ideia de que o domingo é um dia de paixão e renovação. A faixa usa elementos do blues para criar uma vibe de canção de amor maliciosa, cheia de desejo e expectativa.
“Mácula Lútea”, por sua vez, mergulha na sonoridade da New Wave e do synthpop, com uma bateria em compasso 12/8 que evoca “Everybody Wants To Rule The World” do Tears For Fears.
O nome da faixa vem de um agrupamento de células que ficam no fundo do globo ocular, responsável pela percepção de detalhes. A música explora uma relação abusiva, onde a ingenuidade de um dos parceiros impede que perceba a manipulação, como na linha “tua mácula lútea não vê o desejo”. A mudança no andamento reflete a instabilidade emocional causada pelo narcisista, que alterna entre conflito e falsa harmonia. A repetição de “diz mais sobre os teus olhos” simboliza a manipulação emocional, com o parceiro fingindo interesse após causar confusão. Apesar de não ser uma canção de amor, “Mácula Lútea” fala sobre obsessão e os desequilíbrios de relacionamentos tóxicos.
Tanto o EP quanto os videoclipes foram financiados pelo Edital de Audiovisual Fomento Inciso I – Lei Paulo Gustavo Marabá.
Onde ouvir?
O EP estará disponível a partir da 0 hora em todas as plataformas digitais, com destaque para Spotify, Deezer, Amazon Music, YouTube e Apple Music.
A Desmonte
Formada por Felipe Ramos (vocal), Luiz Farias (vocal e guitarra), Lucas Athaydes (baixo)
e Wille Galvão (teclado), a Desmonte vem construindo uma trajetória sólida na cena musical paraense.
Desde o single de estreia em 2020, passando pelo EP financiado pela Lei Aldir Blanc em 2021, o grupo busca cada vez mais amadurecer sua sonoridade e se afirmar com uma banda de rock nortista e amazônica.
A Desmonte já marcou presença em importantes festivais do sul e sudeste do Pará, como a Mostra Universitária da Canção Paraense (Mucanpa) e o Bigode Festival, além de ter participado da Mostra Sesc Aldir Blanc e aberto o show do renomado cantor e compositor Rodrigo Alarcon em 2021.
(Divulgação/Desmonte)