“Não sairemos”, afirmou Hatem Azam, um morador de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que, como a maioria dos palestinos, está indignado com a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirá-los de Gaza.
“Trump acha que Gaza é um monte de lixo. É mentira!”, disse Azam, de 34 anos, irritado com as palavras que o presidente dos Estados Unidos usou ao falar de seu plano.
Na noite de terça-feira (4), Trump afirmou que quer retirar “todos os moradores” de Gaza de forma permanente. A afirmação foi feita ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Washington.
Leia mais:A declaração gerou fortes reações na comunidade internacional e preocupações sobre o futuro do território palestino. No fim de janeiro, o presidente norte-americano já havia falado em “limpar” a Faixa de Gaza e enviar palestinos a países árabes.
“Ele quer obrigar o Egito e a Jordânia a acolher migrantes, como se fôssemos propriedade dele”, criticou Hatem Azam. “”Trump e Netanyahu precisam entender a realidade do povo palestino e da população de Gaza. Trata-se de um povo profundamente enraizado na sua terra. Não sairemos”.
Tanto o Egito quanto a Jordânia rejeitaram a proposta, e vários países denunciaram o projeto como “limpeza étnica”.
‘Permanecermos nesta terra’
Ihab Ahmed, outro residente de Rafah, lamentou que tanto Trump quanto Netanyahu “ainda não entendem o povo palestino” e sua conexão ao território.
“Permaneceremos nesta terra aconteça o que acontecer. Mesmo que tenhamos que viver em tendas e nas ruas, continuaremos enraizados nesta terra”, declarou o homem de 30 anos.
Segundo Ahmed, os palestinos aprenderam a lição da guerra de 1948 que se seguiu ao mandato britânico, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas casas com a criação de Israel, e nunca lhes foi permitido retornar.
“O mundo precisa entender esta mensagem: não sairemos como aconteceu em 1948”, enfatizou.
‘Donos desta terra’
Perto de edifícios em ruínas em Jabalia, no norte de Gaza, o palestino Raafat Kalob se mostrava preocupado com as possíveis consequências da reunião em Washington entre Trump e Netanyahu.
“Acho que a visita de Netanyahu a Trump refletirá seus planos futuros de deslocar a força o povo palestino e redesenhar o Oriente Médio”, afirmou Kalob antes da reunião entre os líderes dos EUA e Israel. “Espero sinceramente que este plano não seja concretizado”, acrescentou.
A primeira fase da trégua pôs fim aos combates em Gaza e possibilitou um processo de troca de reféns por prisioneiros palestinos. Mas as negociações para encerrar de forma definitiva a guerra ainda não começaram.
Zebda, um pai de seis filhos que perdeu sua casa na guerra, disse que nem ele nem nenhum morador de Gaza abandonaria o território costeiro.
“Somos os donos desta terra; sempre estivemos aqui e sempre estaremos. O futuro é nosso”, afirmou.
(Fonte:G1)