Correio de Carajás

Superintendente de Polícia Civil faz balanço do ano e projeta 2025

Delegado Vinícius Cardoso: “A gente vem ano a ano podendo provar por dados, de maneira técnica, a redução da criminalidade”/ Foto: Evangelista Rocha

Durante o período de janeiro a novembro deste ano, a Polícia Civil, na área da Superintendência Regional do Sudeste do Pará (10ª RISP), cumpriu nada menos de 250 mandados de prisão, recapturando foragidos e colocando atrás das grades criminosos condenados. Além disso, a Polícia Judiciária apreendeu, no mesmo período, 31,2 quilos de drogas e também 132 armas. Tudo isso, sem contar com as ações da Polícia Militar, que está dia-a-dia nas ruas, fazendo o policiamento ostensivo. Os números revelam que a Polícia Civil tem avançado na região, mas ainda existem pontos sensíveis a serem ajustados. Em entrevista exclusiva ao do CORREIO DE CARAJÁS, o delegado Vinícius Cardoso das Neves, superintendente regional, faz uma análise do ano de 2024.

CORREIO: Quais os principais avanços da Polícia Civil no sudeste do Pará em 2024?

DELEGADO VINÍCIUS: Eu creio que seja uma melhoria estrutural, com maiores ferramentas de investigação. Um dos principais avanços foi a implementação da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) em Marabá, que atende toda a região sudeste do Estado. A Core é a polícia tática da Polícia Civil; e o único lugar fora da capital que tem base da CORE é em Marabá. Essa Coordenadoria é empregada em ações táticas, como cumprimento de mandados de prisão, de busca e apreensão, assim como operações mais delicadas ou mais sensíveis, em razão da periculosidade do alvo. Ou seja, é uma grande ferramenta para ser emprega em nível tático pela Polícia Civil. Também conseguimos estruturar o plantão da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) em Marabá e Parauapebas.

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CORREIO: Qual o principal tipo de crime combatido pela Polícia Civil ao longo do ano?

DELEGADO VINÍCIUS: Os principais crimes combatidos são o tráfico de drogas, organização criminosa e homicídio. A segurança pública vem intensificando a repressão às organizações criminosas, atacando o tráfico, investigando homicídios, com objetivo de elucidar esses crimes e prender os seus autores. Então, a ação principal da Polícia Civil figura nesse tripé.

CORREIO: A Polícia Civil tem se protagonizado iniciativas de cunho social. Como o sr. analisa o papel da polícia como amiga da sociedade?

DELEGADO VINÍCIUS: Essas ações têm o aspecto principal de aproximar a Polícia Civil da sociedade e cria um vínculo de confiança, credibilidade e empatia. É importante para a sociedade ter empatia pela instituição, até para colaborar com a polícia. Então, nós realizamos ações da Delegacia Itinerante, levando o serviço público aos bairros periféricos com emissão de Carteiras de Identidade, orientações jurídicas e palestras sobre violência doméstica. Essas ações geralmente têm parceria com Defensoria Pública, faculdades e outros órgãos. Além disso, a Polícia Civil também intensifica mutirões de atendimentos.

CORREIO: Como tem sido a parceria com o poder judiciário e com os outros órgãos de segurança na região?

DELEGADO VINÍCIUS: As relações institucionais são bem azeitadas, bem próximas. Temos uma excelente relação com o Poder Judiciário, com o Ministério Público e com outras forças de segurança, sobretudo a Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. As forças de segurança pública trabalham de maneira bem próximas, muitas veze em operações conjuntas ou prestando auxilio e cooperação. Em relação ao Poder Judiciário e Ministério Público. A relação é profissional e técnica, pois a Justiça analisa as demandas, as representações por prisões, buscas e apreensões, conclusão de inquéritos, que são analisadas pelo Judiciário e embasam as ações do Ministério Público.

CORREIO: O que ainda falta para que os inquéritos policiais andem de forma mais célere?

DELEGADO VINÍCIUS: A segurança pública vem investindo muito em tecnologia. É impossível fugir da conciliação dos avanços tecnológicos, da informática, Inteligência Artificial, com o trabalho da polícia. Isso diz respeito à celeridade dos inquéritos. Existe um trabalho desenvolvido pelo setor de informática do governo do Estado a fim de migrar os dados do sistema da segurança pública com o Processo Judicial Eletrônico (PJE). Assim, os processos ingressariam no banco de dados do PJE, isso propiciaria uma maior celeridade dos inquéritos. Há outras ferramentas também, como oitivas por meio de videoconferência, que demonstram a realidade do que foi dito na audiência.

CORREIO: Quais são os pontos fracos da segurança pública que precisam ser fortalecidos em 2025?

DELEGADO VINÍCIUS: A segurança pública precisa se atentar mais para os crimes praticados por meio cibernético, em razão da vulnerabilidade das próprias vítimas, que às vezes, de forma inadvertida, por cair em algumas iscas, com links maliciosos, acabam passando as senhas de suas contas, ou seja, abrem as portas de segurança para que as contas sejam invadidas. Então eu creio que seria importante criar uma especializada de crimes cibernéticos em Marabá para atender toda a região. Além disso, seria importante uma especializada na repressão a narcóticos na região. Isso iria potencializar essa repressão em cima das organizações criminosas, quebrando essa ferramenta para angariar lucros, patrimônio e financiar ações violentas.

CORREIO: Por tudo isso, pode-se dizer que a Polícia Civil vem evoluindo?

 

DELEGADO VINÍCIUS: A Polícia Civil vem crescendo muito no que diz respeito a material humano, ferramentas de investigação, estrutura predial, de viaturas e equipamentos de trabalho. Nos últimos tempos nós tivemos o maior concurso da história da Polícia Civil. Hoje na Superintendência do sudeste do Pará todos os 16 municípios contam com Delegacias de Polícia Civil com delegado titular, com equipe de investigadores escrivães. Nós temos o advento da CORE, a única do interior do Estado, além da otimização com maior efetivo do Núcleo de Apoio a Investigação (NAI), que é a inteligência da Polícia Civil, baseado em Marabá, que teve acréscimo de pessoal. Então, isso reflete na redução dos indicativos. A gente vem ano a ano podendo provar por dados, de maneira técnica, a redução da criminalidade, sobretudo do crime de homicídio, que é o maior indicativo de violência social. Ainda há demandas que nós precisamos melhorar, mas a polícia está em constante evolução ano a ano em todos esses aspectos.

CORREIO: E de que forma o cidadão pode ajudar no trabalho da polícia judiciária?

DELEGADO VINÍCIUS: O cidadão pode ajudar com o compartilhamento de informações, figurando como os olhos da polícia, prestando informações, como o paradeiro de procurados, ocorrências de crimes, violência contra mulheres, abuso de menores, locais de comercialização de drogas, perturbação do sossego alheio, crimes ambientais. Essas denúncias podem ser feitas de maneira anônima e todas são apuradas a fundo.

CORREIO: Falando em cidadão, quais dicas de segurança o sr. daria para as pessoas que vão viajar neste final de ano?

DELEGADO VINÍCIUS: A maior ocorrência nesse período de viagens são os furtos em residências com arrombamentos. Então é importante que as pessoas evitem deixar suas caixas de correio ficarem sobrecarregadas de correspondências, ou deixarem aquela luz da residência ligada por 24 horas, dando aspecto que a casa está vazia, porque isso logicamente encoraja os ladrões. Se possível e tiver condições, é bom investir em sistemas de segurança, como cerca elétrica, câmeras de monitoramento, alarmes, trancas, porque o autor desses crimes contra o patrimônio sempre opta pelo mais fácil. Outra ocorrência nesse período são os casos de embriaguez em razão das festividades de fim de ano. Então, quem for assumir direção de veículo automotor, que não consuma bebida alcoólica.

(Chagas Filho)