Correio de Carajás

Luto de uma mãe impulsiona busca por justiça

Conheça a história de Lídia Batista, que teve o filho assassinado e lutou incansavelmente para honrar a memória dele

Lídia lutou incansavelmente para provar a inocência e fazer justiça pelo filho, Thwys Kelvin

Uma noite que ficará marcada na vida de Lídia Batista: 15 de junho de 2022. A fatídica data em que ela teve o filho Thwys Kelvin Silva Oliveira, de 18 anos, assassinado a tiros na porta de casa, no Bairro Altamira, em Parauapebas.

Em meio ao luto, a mãe teve que conviver com a enxurrada de notícias alegando que o filho teria ligação com o crime, o que não era verdade. Isso deu início à busca pela condenação dos cinco acusados, o que provaria a inocência do filho.       “Para mim é como se tivesse sido ontem, ainda consigo ouvir os estampidos dos tiros, e de correr para a porta de casa e ver o meu filho caído na calçada”, relembra, emocionada.

Lídia imediatamente socorreu Thwys Kelvin e o levou para um hospital particular, onde ele morreu momentos depois de dar entrada.

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Durante o trajeto até o hospital, Lídia conta que ela e o filho se olhavam fixamente enquanto ela o acalmava dizendo que tudo ficaria bem. “É uma das minhas maiores dores, saber que meu filho se sentia seguro por estar em meus braços e eu não ter conseguido salvar a vida dele”, emociona-se.

A dor da partida precoce e brutal passou a ser dividida pela angústia da mãe em saber o porquê de o filho ter sido assassinado. “Começaram a dizer que era queima de arquivo, que meu filho tinha envolvimento com o mundo do crime, mas meu filho morava no Tocantins, ele estava há três dias na cidade para me ajudar na recuperação de uma cirurgia que eu tinha acabado de fazer”, descreve.

O assassinato 

Thwys Kelvin estava na porta de casa, às 23h13, quando foi abordado pelos cinco acusados que estavam em um carro Volkswagen Gol, de cor branca, que ordenaram que a vítima entregasse o celular, o que ele recusou. Neste momento, um dos criminosos disparou sete vezes contra o jovem e dois tiros atingiram a vítima.

Toda a ação foi registrada por uma câmera de segurança, à qual Lídia teve acesso após a conclusão do inquérito policial. “Demorou, mas eu vi as imagens, eu vi tudo o que aconteceu com o meu filho, ninguém me contou”, revela.

Quatro acusados foram condenados a 12 anos de prisão. O quinto morreu

Prisão     

Finalmente, Lídia Batista conseguiu a justiça por Thwys Kelvin. Dos cinco envolvidos no assassinato, quatro foram presos meses após o crime. Entretanto, o quinto integrante, apontado como autor dos disparos, morreu três meses após o assassinato. Ele era adolescente e o nome dele não consta nos autos.

Os demais são Ronilson da Silva Oliveira, preso em 30 de agosto de  2022; Layonan Soares Guimarães, preso em 5 de setembro de 2022; Pablo Cardoso de Sousa, preso em 2 de dezembro de 2022; e Ítalo Campos Ferreira, preso em 19 de junho de 2023.

Os quatro foram sentenciados a 12 anos de prisão e cumprem a pena em regime fechado.

Justiça

“Foi o amor que tenho pelo meu filho que me fez ter essa força para lutar em busca de justiça, acredito que se fosse o contrário, ele também faria o mesmo por mim. A afinidade que nós tínhamos, a pessoa que ele era, eu precisava ver os envolvidos no assassinato do meu filho para saber a motivação do crime, uma vez que meu filho era inocente”, detalha Lídia, ao se dizer em paz após finalmente conseguir a prisão dos envolvidos.

A mãe ficou frente a frente com os quatro acusados durante o julgamento, mas apenas um deles pediu perdão a ela e se disse arrependido. Ela conta que teve uma rotina incansável por mais de um ano em busca de respostas, indo quase diariamente à Delegacia de Polícia Civil, onde permanecia por 12 horas, determinada a não desistir. “Eu achava que eles precisavam me ver. Eu sentia que aquele era o meu grito de socorro”, relembra com emoção.

A mãe ainda tem fresco na memória o barulho dos tiros que levaram o filho

Uma noite de crimes

Os cinco acusados deixaram um rastro de crimes na noite do dia 15 de junho de 2022. O primeiro a ser cometido foi um sequestro relâmpago de um motorista de aplicativo.

De acordo com informações que constam na sentença dos acusados, o motorista recebeu uma chamada para uma corrida em nome de uma mulher, por volta das 21 horas. Ao chegar no local, no entanto, encontrou os acusados, que durante o percurso da corrida anunciaram um assalto e o colocaram no porta-malas. Eles portavam arma de fogo e um facão, segundo relatou a vítima.

O carro foi usado para cometer outros crimes. Pouco tempo depois, no Bairro União, os criminosos renderam um homem na rua e o fizeram entrar em uma tabacaria Lá, roubaram os pertences dele e também do proprietário do estabelecimento, como celulares, dinheiro e anéis de ouro.

Em seguida, partiram para o que seria o último crime daquela noite e que resultou no assassinato de Thwys Kelvin, alvejado ao se recusar a entregar o aparelho celular.

(Theíza Cristhine)