A eleição para a escolha do próximo presidente da Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Marabá acontece no dia 18 de novembro de 2024. A Comissão organizadora do pleito ainda não foi divulgada e o número exato de advogados estão aptos a votar também não. Porém, é bom ressaltar que o voto é obrigatório para todos os advogados e advogadas inscritos nos quadros da OAB/PA.
Igualmente como na última votação, concorrem ao processo eleitoral o advogado Rodrigo Botelho – que está como atual presidente da instituição – e Ismael Gaia, que tenta voltar ao posto. Três anos depois, os dois defensores se enfrentam novamente no pleito que promete uma nova votação expressiva e acirrada.
O CORREIO DE CARAJÁS conversou com Rodrigo Botelho e Ismael Gaia. Para a reportagem, eles relembraram a disputa polarizada da última eleição e do resultado com diferença mínima. Falaram também sobre suas percepções sobre a atual posição da instituição e o que almejam para o futuro, caso eleitos.
Leia mais:O advogado Ismael Gaia, que esteve presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Marabá entre os anos de 2019 e 2021, tenta voltar ao cargo com o objetivo de assegurar que a classe advocatícia, na visão dele, volte a ser valorizada e respeitada, além de dar continuidade ao trabalho antes executado por ele e que foi parado após perder o último pleito.
Atuante na área cível e trabalhista, ele advoga há mais de 10 anos em Marabá e conhece de perto as dificuldades dos advogados na região. Para Gaia, seu projeto de gestão da Subseção fortalece a instituição que, segundo ele, tem enfraquecido institucionalmente.
Ao lado de Ismael Gaia está a advogada Wilma Lemos, candidata a vice-presidente da OAB.
CORREIO DE CARAJÁS – Na última eleição, vimos um pleito bem polarizado com um resultado com uma diferença bem pequena de votos. Olhando para trás, você acha que houve alguma falha de seu time que não conseguiu a reeleição?
ISMAEL GAIA: Acredito que não tenha sido uma falha, porque nós ganhamos a eleição no voto legítimo. O que ocorreu foi um direcionamento para eleger quem está aí. Tanto é que nós judicializamos e está em tramitação o processo na Justiça Federal. Foram quatro advogados que votaram e que não podiam votar, mesmo diante de apoios externos a outra chapa. A eleição da OAB é restrita ao advogado, é ele que faz campanha, que participa, que opina, porque a intenção é fortalecer a instituição e valorizar a advocacia. Para nós, a gestão atual é ilegítima por conta dessa situação. Temos provas contundentes que houve esse direcionamento pela comissão eleitoral da época.
CORREIO DE CARAJÁS – Sua chapa havia pedido anulação do resultado da eleição por perceber suposta irregularidade por parte do adversário. Você já vê, nesses primeiros dias, algo que lembre o cenário de 2021?
ISMAEL GAIA: Atualmente, a comissão eleitoral é outra. O Edilson Araújo é o presidente da comissão, e a gente espera que ela não seja conduzida de forma parcial e tendenciosa. Queremos lisura no pleito, transparência, o que não ocorreu na eleição passada. Precisamos principalmente que os jovens advogados que não conhecem o que era a OAB antes e o que ela se tornou ouçam nosso projeto. Hoje, a OAB está totalmente enfraquecida, por isso nosso projeto é focado no fortalecimento institucional. Quando você fortalece a instituição, o advogado é respeitado. Quando você fortalece a instituição, a sociedade passa a prestigiar e valorizar a OAB.
CORREIO DE CARAJÁS – Para voltar à presidência da Subseção da OAB em Marabá, quais são os principais focos de sua campanha junto à categoria?
ISMAEL GAIA: Atualmente, tendo em vista esse enfraquecimento, o advogado tem sido muito desrespeitado nos órgãos públicos. A nossa atuação será contundente e combativa no sentido de valorizar as prerrogativas dos advogados, e a atuação da OAB não se resumirá em notas de repúdio. É uma previsão legal, mas não pode se ater somente a isso. Nós temos um tripé a ser seguido pela nossa chapa que é representação de forma administrativa contra a autoridade coautora. Adotando essas medidas não teremos violação dos direitos e prerrogativas, porque dessa forma haverá respeito e respaldo à instituição forte que é a OAB.
CORREIO DE CARAJÁS – O grupo do qual você faz parte ficou por 15 anos à frente da Subseção da OAB Marabá. Primeiro com Haroldo Silva, depois seu irmão, Haroldo Gaia, ambos por dois mandatos, e você por um mandato. Agora vocês são oposição. Dá para vencer no cenário atual?
ISMAEL GAIA: Com certeza. Até porque esse trabalho feito por Haroldo Silva, Haroldo Gaia e Ismael Gaia foi apagado pela atual gestão, justamente para não mostrar à advocacia jovem o que era a OAB antes. A nossa proposta é ramificar a advocacia por meio das comissões em todos os conselhos municipais, atuar de forma presente com reuniões com os magistrados trabalhistas, estaduais, federais, para que levem a demanda da advocacia e ouça as dificuldades que a justiça tem enfrentado, para que a gente cobre dos tribunais essa melhoria de estrutura.
Atualmente, o que mais o advogado padece é da morosidade da Justiça. Temos o PJE que é uma Ferrari, mas não temos pessoal do judiciário para atender essa demanda. O que a gente tem de certeza é que o judiciário não tem ouvido as pautas da OAB. A advocacia está sem representatividade. Alguns advogados costumam brincar que existe duas OAB: uma das redes sociais e uma da realidade, que é ineficiente. Por isso nosso projeto é focado nisso.
CORREIO DE CARAJÁS – Você tem falado muito em desvalorização. Então, é assim que você analisa a atual gestão da OAB Marabá, tendo à frente seu concorrente direto Rodrigo Botelho?
ISMAEL GAIA: Por completo. Houve uma gestão muito fragilizada, muito focada em interesses pessoais, preterindo os interesses coletivos. Nós não temos mais representatividade nos conselhos. Na época da nossa gestão tínhamos representantes em vários conselhos, atendendo pautas da sociedade que eram inúmeras e não deixávamos a desejar na valorização e respeito às prerrogativas, que é o pilar do advogado. O advogado independente, com autonomia e com liberdade de livre convicção de escolha, é uma força para a advocacia ter essa atuação contundente. E essa força está atrelada à força institucional da OAB.
CORREIO DE CARAJÁS – Fale um pouco de sua chapa atual, o nome e quem são os integrantes.
ISMAEL GAIA: São vinte e três membros de colegas altamente qualificados e dispostos a atuar. Nós vamos criar comissões para trabalhar em todas as áreas de abrangência da nossa sociedade. A nossa chapa é composta por Wilma Lemos, que é minha candidata a vice-presidente, Aderbal Favacho, Fanny Rodrigues e Andreia Bassalo. Além dessa nossa diretoria, temos mais de dezoito membros. Estou batendo muito nessa tecla de valorização, porque hoje o cenário está devastador. O advogado está muito desrespeitado, e a nossa chapa vem com esse condão de fortalecimento institucional de presença e debatendo os assuntos não só da advocacia, mas da sociedade como um todo.
CORREIO DE CARAJÁS – Na sua avaliação, quais são os maiores desafios da advocacia de Marabá e região no atual cenário?
ISMAEL GAIA: É justamente esse, de fortalecimento institucional para resgatar a questão do respeito ao advogado. Se você perguntar para qualquer advogado em Marabá qual é o principal problema, é esse. Mas, nós temos um problema muito maior que é a morosidade do Judiciário. A OAB silenciou quanto a isso. Os juízes e servidores de Marabá precisam de ajuda, e aí que vem o papel da OAB. Precisamos opinar, levantar pautas, levar para o Tribunal de Justiça as demandas da OAB, e quando ela ouve a voz do advogado, ela ouve a voz da sociedade.
CORREIO DE CARAJÁS – No cenário estadual, quem você apoia para a presidência da OAB Pará?
ISMAEL GAIA: Estamos com um sentimento de renovação. Sávio também ganhou em Belém, também judicializou pelos menos motivos que aconteceram aqui, só que o dele foi maior, porque envolvem mais subseções. Nós estamos apoiando Sávio Barreto e Brenda Araújo. (Ana Mangas)