Correio de Carajás

Debate sobre identidade afro e racismo conquista alunos da Folha 33

As ações de empoderamento vão culminar com um desfile da Beleza Negra, no próximo dia 8 de novembro

A roda de conversa contou com a interação dos alunos que relataram casos pessoais sobre o tema identidade afro

Como parte das atividades alusivas ao mês da Consciência Negra, novembro, a Escola Gaspar Viana – Anexo I, localizada na Folha 33, Nova Marabá, realizou na noite de quinta-feira (23), roda de conversa com alunos, referente ao projeto “Minha comunidade: uma questão da identidade”. A atividade tem como objetivo valorizar e fortalecer a cultura e identidade negra, além de enaltecer a autoestima e cuidados com os cabelos afros.

A ação é fruto de um trabalho que iniciou desde 2016 na escola, o qual trata de questões sociais. Entre os temas já abordados estão “Dialogando com a lei 10.000”, debate dos livros “O quarto de despejo”, “Pedaço de fome” e “Casa de Alvenaria”, obras da escritora Carolina Maria de Jesus, discutindo a temática racial.

De acordo com a coordenadora pedagógica da instituição escolar, Maria da Luz Rodrigues da Silva, no decorrer dos anos foi trabalhado ainda o mesmo tema afro refletindo na comunidade da Folha 33, que tem uma população grande considerada negra.

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Aceitação de nossa raiz foi o tema palestrado pela professora Elaine Ribeiro

“O projeto parou na pandemia, mas sentimos a necessidade de retomar o tema. A proposta iniciou com outras rodas de conversas com docentes universitários doutores da Unifesspa, para aperfeiçoar a profundidade do assunto, e agora a roda de conversa com os professores Aldair Carneiro e Elaine Ribeiro, que já trabalham essa temática no dia a dia, com a aceitação das nossas raízes, para os alunos (as) se empoderarem um pouco mais, e valorizarem suas respectivas identidades, a forma como eles se veem enquanto pessoas negras, para se sentir valorizados nesse sentido. A roda de conversa tem esse intuito de dialogar com a autoestima, os cuidados que têm com os cabelos”, relata a coordenadora.

As ações irão culminar com um desfile da Beleza Negra, no próximo dia 8 de novembro, nas dependências da Escola Gaspar Viana. “É necessário que eles [alunos] se sintam felizes e percebam o quanto é importante eles se reconhecerem dentro da própria raça, assim como a negritude deles. Muitos se negam e eles não podem se negar e sim se valorizar. Em 2025, vamos enriquecer mais ainda nosso projeto de forma interdisciplinar, envolvendo todos os componentes, com ações mais efetivas”, propaga Maria da Luz.

“A roda de conversa sobre a valorização da cultura afro na Escola Gaspar Viana reforça o compromisso da rede estadual em garantir uma educação inclusiva. Esses debates são essenciais para que nossos alunos, não apenas conheçam, mas também valorizem a rica herança afro-brasileira, contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e respeitosa”, explica o diretor da DRE (Diretoria Regional de Ensino), Magno Barros.

O QUE ELAS DIZEM?

Aluna Ana Clara diz que agora se aceitava com o cabelo volumoso

A aluna Ana Clara da Costa Alves, 17 anos, do 2º ano do Ensino Médio, afirma que antes, apesar de gostar muito do cabelo cacheado, usava produtos pra baixar o volume e não se aceitava com o cabelo volumoso. “Eu considerei a palestra super importante, porque é interessante trazer esse conteúdo para dentro das escolas, pois há pessoas que talvez não se sintam confortáveis para aceitar o seu cabelo, ficar ao natural, usam progressiva no cabelo para se encaixar no padrão de beleza que a sociedade pede, e esse padrão não deveria existir. Tenho um relato pessoal sobre o tema, sempre gostei do meu cabelo cacheado, mas não do volume em si. Eu passava muito creme, e usava natural só dentro de casa. Mas, aprendi que meu cabelo não tem nenhum problema, quem tem problema é quem acha meu cabelo estranho. Eu amo meu cabelo volumoso, agora”, conta a aluna.

Azigleide Araújo: “A pessoa tem de se aceitar, independente da cor da sua pele”

Outra aluna do 2º ano do Ensino Médio, Azigleide Araújo, de 43 anos, também aprovou a roda de conversa. “A pessoa tem de se aceitar independente da cor da sua pele, dos traços que possui e você tem de amar a sua raiz também. Ter amor próprio, independente do que as pessoas acham. A gente não pode ter preconceito pelo cabelo afro das pessoas, isso não define o caráter, ele pode ser um trabalhador e excelente profissional”, destaca Azigleide.

A roda de conversa foi realizada com todos os alunos (as) da Escola Gaspar Viana (Anexo I).

(Emilly Coelho – colaboradora)