Para a maioria dos paraenses, o verão é a melhor estação do ano, pois é a época da produção de açaí, o que, consequentemente, deixa os preços mais baixos. No entanto, é necessário cuidado no manuseio do fruto para evitar a proliferação da doença de Chagas. Nos últimos dias, no nordeste paraense, foram diagnosticadas 13 pessoas infectadas em dois municípios — Curralinho e Limoeiro do Ajuru.
Pode-se caracterizar como surto a partir de duas pessoas diagnosticadas com a doença. No dia 1 de outubro, dois membros da mesma família (mãe e filho), do município de Limoeiro do Ajuru, na localidade de Rio Mocoões, foram encaminhados para o Instituto Evandro Chagas (IEC) com sintomas de doença de Chagas. Ambos já estavam em tratamento contra Malária desde o dia 25 de setembro, mas o quadro febril persistiu. No mesmo dia, o resultado positivo para Chagas saiu e, posteriormente, mais seis pessoas de famílias vizinhas foram identificadas com a doença.
No dia 4 de outubro, no município de Curralinho, na localidade de Jupatitiba, também no nordeste do Pará, cinco casos da mesma família foram confirmados pelo IEC. Dentre eles, uma adolescente de 15 anos que estava grávida de nove meses. O bebê nasceu no último dia 3 de novembro e logo foi submetido a exames parasitológicos cujo resultado foi negativo.
Leia mais:Segundo informações do IEC, somente em 2018, ocorreram sete surtos de doença de Chagas no Pará. A maioria no período do verão paraense. A médica pesquisadora do instituto e chefe do Setor de Atendimento Médico Unificado (Soamu), Ana Yecê das Neves Pinto, afirma que “os casos aparecem mais a partir de agosto por causa da safra maior do açaí nesse período e aumento da movimentação de insetos no verão”.
Para conscientizar a população e evitar o surgimento de novos surtos, agentes da Vigilância Sanitária realizam ações nos municípios do Estado:
“Considerando que a principal transmissão é por via alimentar, a vigilância sanitária tem agido de forma a melhorar a condição do alimento. Também estão sendo feitas ações de educação nos municípios com os próprios ribeirinhos, onde existe um ciclo parasitário estabelecido da doença. Então, as pessoas são orientadas para manipular corretamente o alimento”, disse a médica.
Transmissão – A Doença de Chagas é transmitida pelo protozoário Trypanosoma cruzi. O parasita pode ser encontrado nas fezes de alguns insetos, principalmente um conhecido como barbeiro.
É possível contaminar-se com a doença a partir da ingestão de alimentos crus e infectados com fezes do parasita. Na região Amazônica, os surtos da doença ocorrem principalmente pela contaminação do açaí, uma das principais fontes de alimento de ribeirinhos, que, se não passar pelo processo de branqueamento, poderá ser a causa da infecção.
Branqueamento – A técnica do branqueamento é extremamente importante para o combate à doença de Chagas. Além disso, é exigida pela Vigilância Sanitária como limpeza do fruto do açaí. Para realizar a técnica, deve-se mergulhar o açaí em uma temperatura de 80º C por 10 segundos. Vale ressaltar que antes de realizar o Branqueamento o processador de alimentos deve fazer a catação dos frutos e as lavagens em água e solução de Hipoclorito de Sódio. Assim, se houver fezes do barbeiro contaminadas pelo protozoário, esse será extinto pelo processo do branqueamento.
A médica afirmou que a vigilância sanitária do Estado está trabalhando para que essas informações sejam difundidas entre a população ribeirinha. “Existe um esforço muito grande em informar a população sobre o devido manuseio do açai. A Vigilância Sanitária está trabalhando muito nisso, principalmente nas comunidades que tem o açaí como alimento diário”, finalizou a pesquisadora. (Fonte:Romanews)