Correio de Carajás

Moradores do Cidade Jardim fecham a Transamazônica e cobram água no bairro

Moradores reivindicam que o abastecimento seja feito temporariamente por meio de carros-pipa, até que uma solução definitiva seja encontrada

Revoltados, moradores fecharam a Transamazônica nas primeiras horas desta terça-feira (23)

A Rodovia BR-230, a popular Transamazônica, amanheceu interditada nesta terça-feira (24), devido a uma manifestação dos moradores do Bairro Cidade Jardim. O protesto bloqueou a rodovia para chamar a atenção à falta de água que afeta milhares de moradores daquele bairro, considerado o maior loteamento urbano da cidade. A manifestação, que conta com a participação de dezenas de pessoas, ocorre após dois anos de irregularidades no abastecimento, segundo relatos dos moradores.

A concentração começou antes do amanhecer, por volta das 5 horas. Em vídeos que circulam pelas redes sociais, é possível ver a fila de carros que se formou na rodovia. Enquanto isso, os manifestantes seguram cartazes que ecoam como um grito de socorro da população, que sofre com a falta de água regularmente.

De acordo com os moradores, algumas casas estão sem água há dois meses. Eles relatam que a prefeitura responsabiliza o loteamento, enquanto o loteamento joga a responsabilidade para a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) e, até o momento, ninguém resolve o problema.

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O bloqueio da via tem causado transtornos no tráfego local, com liberação apenas para ambulâncias, veículos militares e emergências médicas. Os manifestantes aguardam a presença de algum representante que possa apontar uma solução para a situação.

AÇÃO JUDICIAL

A presidente da Associação de Moradores do Bairro Cidade Jardim, Kátia Torres, afirma que a comunidade está há mais de dois anos enfrentando a falta de infraestrutura básica, como água e asfalto. Revoltada com o descaso das autoridades, ela destaca que a luta é antiga. “Já movemos uma ação no Ministério Público Estadual contra a Buriti, a Prefeitura e a Cosanpa, mas até agora o problema não foi resolvido”, lamenta.

Segundo Kátia, o Ministério Público chegou a propor um acordo, no qual uma nova empresa assumiria o abastecimento de água no bairro. No entanto, essa mesma empresa já havia assumido outra o mesmo compromisso em outra localidade e não cumpriu com o prometido. “Como essa empresa vai garantir o abastecimento de água aqui se não conseguiu finalizar o trabalho lá?”, questiona Kátia.

A principal dificuldade do Cidade Jardim é sua localização. De acordo com a presidente, o bairro foi construído em uma área onde o lençol freático é insuficiente para abastecer todas as residências, especialmente durante o período de seca. “Muitos moradores estão perfurando poços, mas até esses poços podem enfrentar dificuldades para fornecer água no futuro próximo”, comenta.

Ainda segundo ela, engenheiros já visitaram o local e, segundo a avaliação dos profissionais, a única solução viável seria trazer água da Nova Marabá, o que teria um custo estimado em mais de R$ 30 milhões. Entretanto, o município informou que não dispõe de recursos para executar essa obra. Diante dessa situação, os moradores reivindicam que o abastecimento seja feito temporariamente por meio de carros-pipa, até que uma solução definitiva seja encontrada.

Uma nota referente ao assunto foi encaminhada pela Cosanpa ao Correio de Carajás na manhã desta terça-feira: “A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informa que o Residencial Cidade Jardim, em Marabá, não é atendido pela Cosanpa”.

(Milla Andrade)

 

Observação: notícia atualizada às 10h25 para inserção da nota da Cosanpa