Correio de Carajás

Hurb deve assinar acordo para reembolsar viagens canceladas

Antigo Hotel Urbano está desenvolvendo uma plataforma, com previsão de lançamento em outubro, para negociar os valores devidos aos clientes. Em nota, a Senacon informa que as negociações estão avançadas, mas ainda não há uma data para a assinatura do acordo.

Hurb — Foto: Divulgação/Web Summit

O Hurb (antigo Hotel Urbano) e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) estão próximos de assinar um acordo para reembolsar consumidores lesados pelo cancelamento em massa de viagens.

Em nota enviada ao g1, o secretário nacional do consumidor, Wadih Damous, informou que o Hurb está “desenvolvendo uma plataforma, com previsão de lançamento em outubro, para negociar os valores devidos”.

“Quando a plataforma entrar no ar, o Hurb comunicará aos clientes para que efetuem o cadastro e negociem valores e serviços. A expectativa é que todos os consumidores sejam ressarcidos”, afirmou o secretário.

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O acordo deve contemplar todos os clientes que compraram pacotes entre 1º de janeiro de 2019 a 31 de maio de 2023, mas não viajaram.

Conforme o Hurb, os consumidores poderão ser reembolsados de duas formas:

  1. Escolher um crédito que será utilizado em viagens futuras fornecidas pela empresa; ou
  2. Optar pela devolução do valor pago, corrigido pela inflação oficial do país – Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).

“Lembrando que, para aqueles que optarem por crédito, o Hurb oferecerá um bônus adicional. Isso significa que o consumidor não suportará qualquer deságio [desvalorização]”, apontou a agência.

A Senacon declarou que só irá assinar o tratado no momento em que o Hurb cumprir com todas as cláusulas estabelecidas, como pôr em prática as medidas de reparação de danos aos clientes. Ainda não há uma data para a assinatura do acordo.

Caso haja descumprimento, a Secretaria alega que o Hurb “poderá ser condenado a pagar uma multa diária no valor de R$ 1 milhão”.

Relembre o caso

 

O Hurb, antigo Hotel Urbano, faz parte do mercado de compras de viagens online no Brasil desde 2011. A empresa oferecia pacotes de viagens promocionais pelo sistema de “datas flexíveis”, que significa que os destinos não possuem uma data fixa para serem realizados.

Para viabilizar as viagens, a empresa fazia uma aposta em preços baixos de passagens e hospedagens para vender pacotes com valores abaixo da média do mercado. A partir da compra, a empresa precisava garimpar os dias de voo e estadia mais baratos possíveis — por isso, sem data marcada.

A partir de abril de 2023, o modelo ruiu: com o aumento dos preços de passagens e hospedagens após o baque da pandemia de Covid, o Hurb precisou cancelar ou adiar indefinidamente os pacotes promocionais.

Na época, hotéis e pousadas suspenderam reservas de hospedagem feitas pelo Hurb após atrasos ou falta de pagamentos da plataforma.

A crise provocou a saída do CEO da empresa e uma operação para realocação das viagens e reembolsos para os clientes que tiveram suas passagens canceladas. Muitos, porém, não receberam até hoje.

Na mesma época, a 123 Milhas, concorrente do Hurb, também entrou em crise no ano passado, e anunciou a suspensão dos pacotes e da emissão de passagens de sua linha promocional. Isso aconteceu porque a empresa também atuava com o modelo de viagens promocionais com datas flexíveis.

Alegando crise anterior à situação com o pacote “Promo”, a empresa reportou mais de R$ 2 bilhões em dívidas e precisou recorrer a uma recuperação judicial.

O episódio do podcast Educação Financeira, divulgado em maio deste ano, conta a história de três clientes de Hurb e 123 Milhas que continuam sem receber os valores das viagens canceladas. Também entrevista a advogada Cláudia Roitman, que explica as alternativas jurídicas que os compradores prejudicados podem recorrer para tentar reaver os valores.

(Fonte:G1)