Correio de Carajás

Marabá promove educação antirracista e lança guia para professores da rede municipal

As professoras Ana Beatriz Ferreira e Roseli Scheidegger estão otimistas com o sucesso do Guia de Práticas Antirracistas na rede municipal/ Foto: Ulisses Pompeu

Simbolizando um passo essencial na construção de uma educação que não apenas ensina, mas transforma, o Guia de Práticas Antirracistas será lançado nesta quinta-feira, 19, em um evento no Plenarinho da Câmara Municipal de Marabá. A iniciativa busca mobilizar professores da rede municipal em torno da promoção de uma educação antirracista, para enfrentar e desconstruir práticas racistas tanto nas escolas quanto na sociedade.

O lançamento ocorrerá das 8 às 12 horas e faz parte de um esforço mais amplo orientado pelas Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornaram obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos currículos da educação básica.

Ana Beatriz Ferreira, professora do ensino do campo e formadora de professores e Roseli Scheidegger, professora formadora do ensino urbano, estiveram na sede do Grupo Correio de Comunicação na tarde desta quarta-feira, 18, para divulgar o evento e, durante o programa Estação 92, com Elson Gomes, levantaram a necessidade de tais discussões no contexto étnico-racial de Marabá.

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Beatriz explica que a produção do guia surgiu de uma lacuna histórica, onde as populações indígenas e africanas, entre outras, foram silenciadas. “Como educadores, nosso objetivo é desconstruir essa história que, por muito tempo, tentou apagar essas populações. Estamos com essa ação para reconstruir discursos e ressaltar a importância do povo indígena e africano como sujeitos históricos”, afirma Ana Beatriz. Ela também menciona a presença significativa de migrantes, como maranhenses, na cidade, e como o guia visa desconstruir estereótipos e preconceitos.

DESENVOLVIMENTO

Ao engajar professores na desconstrução de práticas racistas, a iniciativa visa tornar a escola um espaço de resistência e equidade, promovendo uma cultura que valoriza a diversidade étnico-racial e combate todas as formas de discriminação. A professora relata que o guia foi desenvolvido por uma equipe de seis professores formadores da Secretaria Municipal de Educação (Semed), tanto do ensino do campo quanto do ensino urbano. A construção do material incluiu pesquisas em artigos acadêmicos, teses e práticas pedagógicas.

O objetivo é que o guia seja aplicado de maneira prática nas escolas, alinhado à realidade dos estudantes e dos professores. “A escola é um espaço de formação e, se falamos de justiça e equidade, precisamos repensar nossas práticas e currículos para oferecer oportunidades justas a todos os alunos da rede pública de Marabá”, ressalta Ana Beatriz.

IMPACTO ABRANGENTE

Roseli aponta o impacto abrangente que a iniciativa terá: “Estamos abraçando mais de 50 mil alunos, visando à melhoria do ensino e da aprendizagem na rede municipal de Marabá”.

Ela observa que a proposta do guia não deve ser vista como responsabilidade exclusiva dos professores de humanas, mas de todos os docentes, como orienta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

 “A ideia é que todos os professores, independentemente do componente, estejam envolvidos nas ações antirracistas. Isso é um compromisso coletivo”, ressalta.

EM BUSCA DE EMBAIXADORES

Outra informação importante dada por Ana Beatriz é que o guia será distribuído em formato digital e impresso, com a entrega das cópias físicas sendo realizada durante o evento de lançamento nesta quinta-feira. Os professores denominados de “embaixadores”, foram escolhidos para representar suas escolas e terão o papel de multiplicar essas ações em suas instituições a partir do dia seguinte.

Além disso, no evento de lançamento haverá, também, um momento interativo, com quiz dinâmico para esclarecer dúvidas dos professores sobre o conteúdo do guia. A expectativa é que o material sirva como base para futuras ações, com a criação de um grupo de trabalho dentro da Semed dedicado às questões étnico-raciais e sustentabilidade.

Ana Beatriz reforça a importância de tratar questões de raça e cor no contexto da educação pública, afirmando que tais fatores impactam diretamente o aprendizado dos alunos. “Precisamos ter um olhar sensível e fazer intervenções necessárias para garantir que esses alunos tenham as mesmas oportunidades de sucesso”, conclui. (Ulisses Pompeu e Thays Araujo)