Correio de Carajás

Curso de identificação de madeira capacita fiscalizadores ambientais em Marabá

A programação do evento inclui atividades práticas para identificação dos vários tipos de madeira transportados/ Fotos: Evangelista Rocha

A Universidade do Estado do Pará (UEPA), em parceria com o Ministério Público do Pará (MPPA), iniciou nesta segunda-feira (16) um curso voltado ao aprimoramento de órgãos fiscalizadores na identificação de madeira e carvão vegetal de espécies comerciais da Amazônia. O evento se estende até quinta-feira, 19, e acontece no Laboratório de Ciência e Tecnologia da Madeira, localizado no Campus VIII da UEPA, em Marabá.

O curso, que conta com o apoio do IBAMA, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), é coordenado por Luiz Eduardo de Lima Melo, professor do Departamento de Ciências Florestais da UEPA e é destinado a servidores que atuam no combate ao comércio ilegal de madeira na região.

A primeira ação das atividades ocorreu na manhã desta segunda-feira, com credenciamento e uma mesa de abertura no miniauditório do Bloco IV, com representantes da PRF, SEMMA, IBAMA e MPPA.

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PROGRAMAÇÃO

Neste primeiro dia, estão sendo discutidos temas como a taxonomia e sua importância na fiscalização de madeiras, além da caracterização das partes de uma árvore e características organolépticas da madeira utilizadas na triagem e identificação. Nos dias seguintes, o foco será nos aspectos anatômicos da madeira e carvão vegetal, com ênfase na distinção de espécies florestais por meio da visualização macroscópica e microscópica.

A programação inclui atividades práticas, como a demonstração do uso de ferramentas específicas para identificação em campo, como a lupa conta fios, e práticas de identificação de madeiras na xiloteca do campus.

A última parte do curso vai compreender uma mesa redonda sobre ferramentas portáteis de identificação de madeira e carvão vegetal, com palestrantes de instituições nacionais e internacionais. O encerramento das atividades contará com a participação de profissionais renomados, como o Dr. Paulo Ricardo Gherardi Hein, da Universidade Federal de Lavras, e a Dra. Adriana Donizetti Carvalho Costa, da Mississippi State University.

ORGANIZAÇÃO

Em entrevista ao Correio de Carajás, o professor Luiz Eduardo destaca a relevância do curso para o aperfeiçoamento dos profissionais envolvidos na fiscalização da madeira na região sudeste do Pará. Segundo ele, o laboratório da UEPA, estabelecido em 2017, tem contribuído significativamente para a conservação das florestas por meio do estudo e armazenamento de amostras de madeira.

“O curso, que é uma iniciativa de âmbito nacional, visa capacitar os agentes fiscalizadores na identificação de madeira e carvão vegetal, um passo crucial para combater o comércio ilegal e mitigar os danos ao meio ambiente”, afirma.

Luiz Eduardo de Lima Melo coordena o curso e é professor do Departamento de Ciências Florestais da UEPA

Egresso do curso de Engenharia Florestal, da UEPA, Matheus Ferreira Lima ressalta a importância da anatomia e identificação de madeira no processo de triagem e fiscalização legal. “Após a perda das partes vegetativas, a anatomia da madeira é essencial para a identificação correta das espécies, o que contribui diretamente para a conservação da biodiversidade”, chancela.

Segundo Matheus, a ciência da anatomia de madeira é fundamental para garantir uma triagem eficaz e a preservação das espécies nativas, ajudando a combater o comércio ilegal e proteger os recursos florestais.

MPPA

Representando a 8ª Promotoria de Justiça de Marabá, a promotora do Meio Ambiente e Urbanismo, Josélia Leontina de Barros, aponta a necessidade de capacitar servidores que atuam na fiscalização e identificação de ilícitos ambientais. “A formação contínua é crucial para lidar com a complexidade dos problemas ambientais e a integração entre diferentes órgãos e a universidade fortalece o trabalho de campo”, reconhece.

Josélia também reitera a necessidade de unir esforços para promover a educação ambiental e mudar práticas culturais prejudiciais, visando reduzir a fiscalização e aumentar a consciência ambiental na sociedade.

A promotora Josélia Leontina aponta as vantagens de unir esforços para promover a educação ambiental

PRF

Heyder da Silva Nunes, chefe da Delegacia da PRF de Marabá, apontar estar havendo evolução das práticas de fiscalização diante da crescente sofisticação dos métodos de transporte ilegal de madeira. Ele explica que, no passado, a identificação de madeira era mais simples, mas os criminosos se aperfeiçoaram, exigindo técnicas mais avançadas de identificação.

“O curso vem para aprimorar as habilidades dos profissionais e facilitar a detecção de atividades ilícitas, além de reforçar a colaboração entre a PRF e os órgãos ambientais na luta contra o desmatamento ilegal”, pontua.

SEMMA

Secretário do Meio Ambiente de Marabá (SEMMA), Rubens Borges Sampaio aponta a importância da parceria entre os órgãos ambientais e a PRF no combate ao transporte ilegal de madeira. Ele menciona que, apesar da redução das áreas de floresta na região, a SEMMA tem trabalhado para proteger as unidades de conservação e as florestas restantes das terras indígenas.

Rubens também usou a palavra para destacar a relevância do curso para melhorar a identificação e fiscalização da madeira, enfatizando que a colaboração entre diferentes instituições é essencial para enfrentar o problema e preservar o meio ambiente.

IBAMA

Wagner Santos de Souza, chefe de fiscalização do IBAMA de Marabá, salienta a necessidade de integrar o conhecimento científico às práticas de fiscalização cotidiana em Marabá. “A colaboração entre o IBAMA, a PRF e a SEMMA é de extrema importância para melhorar a eficácia das ações de combate ao desmatamento”, reiterou.

Outro assunto comentado por Wagner é a escassez de recursos e a necessidade de treinamento contínuo para os profissionais envolvidos na fiscalização, e expressou otimismo em relação ao impacto positivo do curso para a melhoria das práticas de identificação e fiscalização de madeira.

(Thays Araujo)