Correio de Carajás

Lamborghini de R$ 3,8 milhões é pivô da prisão de Deolane

Influenciadora afirmou à polícia que comprou um Lamborghini Urus do dono da Esportes da Sorte em 2023. Entre as 10 pessoas presas na operação, está a mãe de Deolane.

Carro modelo Lamborghini Urus S de 2023 foi comprado por Deolane no ano passado por R$ 3,8 milhões — Foto: Reprodução/Instagram

A operação “Integration”, que investiga uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais, apreendeu dezenas de imóveis, embarcações, aeronaves, veículos e objetos de luxo. Entre as pessoas que foram presas, estão a advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra e o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte.

De acordo com a Polícia Civil, o pagamento à vista pela compra e pela venda de carros de luxo feitas pela empresa e pelo empresário gerou “indícios da perpetração de lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas”. Em depoimento após ser presa, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões.

Darwin se entregou à polícia na quinta-feira (5), junto com a esposa, Maria Eduarda Filizola. No mesmo dia, a corporação divulgou um balanço parcial da operação, que já solicitou o bloqueio gradativo de bens e ativos financeiros avaliados em R$ 3 bilhões.

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Segundo o delegado Renato Rocha, que investiga o caso, apenas em um local foram encontrados 11 relógios da marca de luxo “Rolex”. Até agora, a Operação “Integration” apreendeu:

  • Duas aeronaves e dois helicópteros avaliados em R$ 127 milhões;
  • Cinco automóveis de luxo avaliados em R$ 24.440.196,79;
  • R$ 439.869 em espécie;
  • US$ 2.153 em espécie (o equivalente a cerca de R$ 12.146,15);
  • 5.819 euros em espécie (o equivalente a cerca de R$ 36.372,34);
  • 6.310 libras esterlinas em espécie (cerca de R$ 46.567,80);
  • 37 bolsas femininas de luxo;
  • 76 anéis e 17 joias de diversos modelos;
  • 16 relógios de luxo;
  • Garrafas de vinho avaliadas em torno de R$ 5 mil cada uma.

 

Também foram apreendidos vários documentos que estão sendo analisados e devem se transformar em provas do inquérito.

Entenda a investigação

 

Joias foram apreendidas durante operação para combater lavagem de dinheiro e jogos ilegais — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Joias foram apreendidas durante operação para combater lavagem de dinheiro e jogos ilegais — Foto: Polícia Civil/Divulgação

A investigação dos crimes começou em abril de 2023, a partir da apreensão de R$ 180 mil em espécie em 1º de dezembro de 2022. A apreensão foi realizada na Banca Caminho da Sorte, que pertence a Darwin Henrique da Silva, pai do dono da Esportes da Sorte.

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, cerca de R$ 3 bilhões foram movimentados por uma quadrilha que usava empresas de eventos e casas de câmbio para lavar dinheiro de jogos ilegais. O grupo foi alvo da terceira fase da operação “Integration”, que foi deflagrada na quarta-feira (4).

Foram expedidos 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão para cumprimento em seis estados: Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Paraíba e São Paulo.

Segundo o inquérito, a organização criminosa usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro realizada por meio de depósitos e transações bancárias.

Os recursos foram movimentados por meio de aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes de jogos ilegais. Segundo o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, as casas de apostas investigadas na operação contratavam influenciadores digitais para promover jogos de azar, que são proibidos por lei.

O dinheiro, conforme apontou a apuração, era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com saque imediato do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da compra de centenas de imóveis.

Foram identificadas transações atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que caracterizam indícios de crimes financeiros, sem suporte para as transações comerciais e financeiras feitas pelo grupo. Isso porque, para os investigadores, a maioria dos integrantes tem padrão de vida incompatível com a renda e bens declarados.

Prisão de Deolane

  • Deolane Bezerra mora em São Paulo, mas nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. Ela estava no estado em viagem com a família quando foi presa (veja vídeo acima);
  • Após a prisão, mãe e filha foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste na cidade. A mãe de Deolane chegou a passar mal e precisou ser levada para um hospital particular da cidade para ser atendida;
  • Em depoimento à polícia após a prisão, Deolane confirmou que recebia dinheiro da casa de apostas Esportes da Sorte por meio de contratos de publicidade;
  • Disse também que comprou um carro de luxo do CEO da empresa, Darwin Henrique da Silva Filho – que também é investigado e tem um mandado de prisão em aberto, por estar fora do país, segundo seu advogado;
  • Deolane e a mãe estão presas na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife.

O que dizem as defesas de Deolane e Esportes da Sorte

 

O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a empresária está à disposição das autoridades. Já em carta publicada no Instagram, a influenciadora afirmou que está sofrendo “uma grande injustiça” e que ela e a família são vítimas de preconceito.

Também procurada, a Esportes da Sorte disse, por meio de nota, que:

  • Ratifica o compromisso com a verdade, “com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais”;
  • A casa de apostas está “de portas abertas” para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar “apoio irrestrito” a qualquer ação investigatória;
  • Atua sempre com transparência e está sem acesso aos autos do inquérito e às razões da ação policial.

(Fonte:G1)