Correio de Carajás

‘Pesadelos da OMS’: conheça quatro vírus mais letais que a Mpox

A OMS e autoridades de saúde locais vêm tentando conter o novo surto da doença, mas o vírus da Mpox está longe de figurar entre os mais letais do mundo. Conheça alguns deles.

Foto: Reuters

Conhecida anteriormente como “varíola dos macacos”, a Mpox tem ganhado destaque no noticiário após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretá-la como uma emergência de saúde de interesse internacional.

O surgimento de um novo tipo, mais contagioso, chamadoo cientificamente de clado 1b, fez os casos de Mpox explodirem em países da África Central. Infecções também foram registradas na Tailândia e na Suécia.

De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o clado 1b pode ter uma taxa de letalidade que chega a 10% de todas as infecções, enquanto para o clado 2, que originou o surto de Mpox no Brasil em 2022, a taxa é menor do que 1%.

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A Mpox merece atenção e cuidado da população, mas está longe de figurar entre os vírus mais perigosos da humanidade. Conheça alguns deles a seguir.

Raiva

 

A raiva pode ser combatida por meio de campanhas de vacinação em animais de rua — Foto: Fernanda Bonilha/G1
A raiva pode ser combatida por meio de campanhas de vacinação em animais de rua — Foto: Fernanda Bonilha/G1

O vírus da raiva vem do gênero Lyssavirus, da família Rabdoviridae, e causa uma doença infecciosa que afeta mamíferos, incluindo os seres humanos. Segundo Alexandre Naime, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador Científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, o agente viral é transmitido através da mordida, arranhão ou lambida de um animal infectado, como morcegos, macacos e cães.

Quando entra no corpo, o vírus replica-se no local da ferida, atinge o sistema nervoso central e provoca uma inflamação aguda que pode chegar ao cérebro.

Naime afirma que, em casos não tratados e em pacientes não vacinados para a Raiva, a taxa de letalidade deste vírus beira os 100%. As medidas de prevenção para este vírus são conhecidas e envolvem a vacinação de animais e também de humanos que foram expostos a mordidas.

Ebola

 

O ebola é um sério problema de saúde em certas partes da África. Seu nome vem da região onde o vírus foi identificado pela primeira vez — Foto: GETTY IMAGES via BBC
O ebola é um sério problema de saúde em certas partes da África. Seu nome vem da região onde o vírus foi identificado pela primeira vez — Foto: GETTY IMAGES via BBC

A doença causada pelo vírus Ebola (DVE) afeta tanto seres humanos quanto outros mamíferos. O vírus é contraído, predominantemente, através de troca de fluídos corporais de pessoas já infectadas.

Os sintomas costumam surgir de duas a três semanas após a infecção, começando com febre, dor de garganta, dores musculares e cefaleia e são seguidos por vômitos, diarreia, erupções cutâneas e insuficiência hepática e renal. Nos estágios mais avançados, o paciente acometido pela DVE pode apresentar hemorragias internas e externa.

“A letalidade do Ebola varia muito, de acordo com o tipo de assistência médica que é ofertada aos pacientes infectados, podendo variar entre 25 a 90%”, diz Naime. As primeiras vacinas para enfrentar o vírus Ebola foram disponibilizados em 2019.

Marburg

 

Imagem de detalhe do vírus de Marburg — Foto: Arquivo/Dr. Fredrick Murphy/Sylvia Whitfield/CDC
Imagem de detalhe do vírus de Marburg — Foto: Arquivo/Dr. Fredrick Murphy/Sylvia Whitfield/CDC

O vírus de Marburg (MARV) é o responsável por uma doença infecciosa que, se não tratada, pode causar a morte do paciente em 90% dos casos, alerta Naime.

Endêmico em regiões da África, o MARV pode ser contraído por humanos que estiveram em contato com morcegos infectados. Uma vez ocorrida a infecção, o vírus pode se propagar de uma pessoa para outra por meio de contato direto com sangue, secreções ou outros fluidos corporais.

Os pacientes do Marburg podem manifestar sintomas como náuseas, vômitos, dor no peito, dor de garganta, dor abdominal e diarreia. À medida que a doença progride, podem surgir sintomas graves, incluindo icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), inflamação do pâncreas, perda de peso acentuada, hemorragias e falência de múltiplos órgãos.

Não existe uma vacina comercialmente disponível para prevenir a infecção pelo vírus Marburg.

Nipah

 

Morcegos do gênero Pteropus são os reservatórios do Nipah na natureza — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Morcegos do gênero Pteropus são os reservatórios do Nipah na natureza — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Batizado com o nome da vila da Malásia onde foi isolado, o Nipah foi identificado pela primeira vez em 1999. O patógeno pertence a classe dos paramixovírus, a mesma que inclui os vírus da caxumba e do sarampo, e pode ser encontrado em populações de morcegos na Ásia e na Austrália.

“Se tiver mutações que o tornem mais transmissível, vai ser um caos”, avalia Júlio Croda, infectologista pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o vírus Nipah, considerado por muitos especialistas o vírus mais preocupante da atualidade.

A transmissão do Nipah para seres humanos pode ocorrer através do contato com morcegos infectados, ou consumo de alimentos contaminados pelo animal. Há ainda casos registrados de infecção pelo vírus com animais de criação doméstica, como cães e gatos.

Uma vez contraída, a doença pode demorar de 4 a 14 dias até a aparição dos primeiros sintomas, informa a OMS. Nos estágios mais avançados, o paciente enfrenta problemas respiratórios e encefalite (inflamação no cérebro). “A taxa de mortalidade para pacientes com o vírus Nipah pode chegar a 75%”, explica Naime.

Assim como ocorre para o Mardurg, não há vacinas produzidas para prevenir a doença associada ao vírus Nipah. Por ora, a única profilaxia da doença é “evitar o contato com fluidos de animais contaminados”, conclui Alexandre Naime.

(Fonte:G1)