Correio de Carajás

Com pesquisa de orçamento familiar, marabaenses irão entender a fundo suas necessidades

Fapespa e Unifesspa fazem lançamento da pesquisa juntas em evento organizado pela Faculdade de Economia

Os resultados da pesquisa serão importantes para auxiliar gestores públicos em suas tomadas de decisão/ Fotos: Evangelista Rocha

Pesquisar o perfil socioeconômico e de qualidade de vida de uma cidade é um meio de proporcionar a uma sociedade uma ferramenta de autoconhecimento e de fomento para a implementação de políticas públicas que acolham as demandas e necessidades da população. Dentro desse contexto, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), através do Laboratório de Inflação e Custo de Vida (Lainc), lançou a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) na manhã desta terça-feira (20), em Marabá.

O estudo pioneiro, realizado em parceria com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), vai mergulhar nas singularidades de domicílios na área urbana da cidade para conhecer com profundidade seus rendimentos, gastos, nível de qualidade de vida, sensação de segurança e estado nutricional. O conhecimento adquirido por esse meio será essencial para as tomadas de decisão dos gestores políticos e para o controle social do município.

No evento de lançamento da pesquisa, realizado na Unidade III da Unifesspa, Dyeggo Rocha Guedes, professor da Faculdade de Economia e coordenador do Lainc, apresentou os pormenores da metodologia do estudo e destacou a relevância da iniciativa tanto para a comunidade acadêmica, quanto para a população em geral.

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Segundo ele, o POF abre portas para diversas produções científicas, das mais diversas áreas do conhecimento, e contribui, entre outras coisas, para o entendimento do perfil dos padrões de consumo e gastos da população.

Professor Dyeggo Guedes explica que os dados da pesquisa irão fomentar produções científicas dentro da academia

E se conhecimento é poder – máxima do filósofo Francis Bacon – os resultados da pesquisa darão à sociedade marabaense o entendimento sobre seu ecossistema econômico, bem-estar, fragilidades e carências.

Na oportunidade foi assinado um termo de cooperação técnica para, futuramente, ser firmado o convênio da Rede Pará de Bioeconomia.

Durante o lançamento da pesquisa, a mesa de abertura foi composta por Francisco Ribeiro, reitor da Unifesspa; Marcel Botelho, presidente Fapespa; Daniel Nogueira, diretor-geral do Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR); Evaldo Gomes, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Desenvolvimento Urbano e Regional na Amazônia (PPGPAM); Gilliad Silva, vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face); Dyeggo Guedes, coordenador do Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá (Lainc); e Bruna Xavier, egressa do curso e coordenadora das pesquisas de campo do projeto.

Em sua fala, Francisco Ribeiro, reitor da Unifesspa, celebrou a participação dos egressos do curso de economia na pesquisa. “É gratificante ver que a universidade está gerando todos esses frutos e que é um caminho de mão dupla, vocês saem, mas vocês voltam”, diz orgulhoso.

FOMENTO À PESQUISA

Para o Correio de Carajás, Marcel Botelho, diretor-presidente da Fapespa, explana que o meio de vida da população varia de localidade para localidade e são estudos desse porte que ajudam a comunidade a se conhecer.

“Um estudo específico, como esse que a Unifesspa está fazendo em parceria com a Fapespa, vai orientar a tomada de decisão no futuro; identificar a própria variação da cesta básica; guiar políticas públicas para a oferta de alimentos e daquilo que é necessário”, elabora Marcel.

Marcel Botelho: “A Fapespa realiza e fomenta pesquisas que são incorporadas ao arcabouço de materiais do Estado”

Ainda que tenha pesquisadores bolsistas contratados e realize pesquisas próprias, a Fapespa apoia e fomenta iniciativas como esta. Consequentemente, a parceria entre a fundação e a Unifesspa nasce da exigência de expertise motivada pela ciência.

Aliado a isso, a ampla extensão do território paraense e pluralidade cultural e social do Estado, ensejam a realização de pesquisas concentradas em uma área específica. Como essa.

“Aqui vão ter insights importantes para que o controle social seja exercido sobre gestores públicos, para que eles tomem as melhores decisões (para a população)”, complementa.

Quem reverbera a fala do presidente é Atyliana do Socorro Leão Dias, diretora de Estatística, Tecnologia e Gestão de Informação da Fapespa. Para a reportagem do CORREIO, ela frisa que a pesquisa de “Orçamento Familiar e a Variação da Despesa e do Consumo em Função da Renda” terá um impacto extraordinário tanto para Marabá, quanto para outros estados.

Ela também dá detalhes sobre o convênio inédito que será firmado entre três universidades: a Unifesspa, a Universidade Federal do Pará (Ufpa) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

“Através do termo de cooperação técnica que assinamos hoje, iremos assinar em novembro um convênio que será o primeiro indicador oficial que vai sair para a bioeconomia (do Pará)”, explica a diretora.

METODOLOGIA

Luciana Alves dos Santos, analista de pesquisa do IBGE, explica que o estudo engloba dois questionários, um sobre qualidade de vida, composto por perguntas sobre como o morador analisa sua saúde e a condição financeira de sua família. Haverá também questionamentos sobre segurança alimentar, que, por meio dos dados, irão levantar se essa condição é leve, moderada ou grave.

“Tem sobre o estado nutricional da população, com o levantamento de muitas informações sobre o que a pessoa come, como ela prepara (o alimento). Aí tem um trabalho que extrapola a economia e as ciências sociais e é uma área que a nutrição abarcou também”.

Luciana Alves dos Santos destaca a importância da população receber os pesquisadores em seus domicílios

Vista por Luciana como multidimensional por envolver muitos temas e áreas, a pesquisa precisa ser valorizada e compreendida pela população e, para que ela seja realizada da melhor forma, os pesquisadores precisam entrar nos domicílios e conversar com as famílias.

Ter esse acesso é um dos principais desafios de qualquer trabalho de pesquisa em domicílios e por isso a analista pede a colaboração da população marabaense, para que recebam os pesquisadores e participem dos questionários.

(Luciana Araújo)