Um estudo inovador, que pretende traçar um panorama abrangente da realidade socioeconômica e da qualidade de vida em Marabá, será realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). A pesquisa conta com o apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e do governo do Estado do Pará.
Inédito no município, o estudo tem como diferencial a análise da segurança alimentar e da sensação de segurança da população. Esses pilares são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade marabaense.
Para entender as nuances do projeto, a reportagem do Correio de Carajás conversou com Dyeggo Rocha Guedes, professor do curso de economia da Unifesspa e coordenador administrativo do Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá (Lainc).
Leia mais:“Essa pesquisa vai trazer bastante informação, suficiente para uma década de estudo. Ela vai servir para fazermos discussões de políticas públicas durante um bom tempo”, prevê Dyeggo.
Os resultados da pesquisa, previstos para serem divulgados no próximo ano, podem ser utilizados para subsidiar políticas públicas mais eficientes e direcionadas às reais necessidades da população do município. A expectativa é que as informações coletadas contribuam para o desenvolvimento de ações mais eficazes em áreas como segurança pública, saúde, educação e saneamento básico.
Além disso, os dados da pesquisa também estarão disponíveis para a comunidade acadêmica, que poderá utilizá-los em estudos e debates sobre a realidade de Marabá.
ENTENDENDO A PESQUISA
O estudo, denominado “Pesquisa de Orçamento Familiar e Variação da Despesa e do Consumo em Função da Renda”, será realizado entre os dias 2 de setembro e 2 de novembro deste ano. A equipe envolvida no projeto pretende divulgar os resultados a partir de 2025 de maneira acessível, clara e compreensível para a comunidade de Marabá.
Durante os dois meses, os pesquisadores irão visitar o máximo de domicílios possíveis, dentro de uma amostra de 1.057 residências. A distribuição foi realizada de maneira proporcional ao tamanho de cada área da cidade, para garantir a representatividade em relação à população da cidade.
Os cinco núcleos de área urbana de Marabá foram incluídos no estudo, inclusive a área de expansão do núcleo Cidade Nova, o Setor Industrial e o Cidade Jardim. Os domicílios abrangidos pela amostragem são distribuídos de acordo com o tamanho de cada área e o espaço com mais domicílios a serem pesquisados é o Núcleo Cidade Nova.
As residências foram selecionadas de forma aleatória a partir da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
METODOLOGIA
As equipes de pesquisa serão compostas por 16 estudantes bolsistas (de diversos cursos da Unifesspa) e dois voluntários. Eles serão os responsáveis por visitar os domicílios selecionados para aplicar os questionários. A estimativa é de que cada entrevista dure em média uma hora. Além deles, a equipe conta com alguns professores que demonstraram interesse em participar.
Após o lançamento da pesquisa, na terça-feira (20), vai acontecer o treinamento da equipe. Para Dyeggo, este passo é crucial e será oferecido para 30 pessoas, incluindo os pesquisadores e possíveis substitutos.
“A gente vai contar com quatro professores que serão supervisores e na coordenação geral de campo nós teremos uma ex-aluna da Unifesspa que trabalhou no IBGE e tem bastante experiência nessa área”, aprofunda Dyeggo.
No que tange a metodologia da pesquisa, ela será dividida em duas etapas principais. Primeiramente, será feito um mapeamento das condições socioeconômicas da população, incluindo aspectos como educação, renda, trabalho e migração. Em seguida, a pesquisa se concentra na avaliação da qualidade de vida, com ênfase na segurança alimentar e na sensação de segurança dos moradores.
Para isso, serão utilizados dois formulários: um coletando informações individuais dos moradores e outro voltado para as características da residência.
IMPACTOS
O estudo da Unifesspa promete gerar um impacto significativo para a população marabaense.
A coleta de dados sobre a segurança alimentar, por exemplo, permitirá que seja traçado um panorama detalhado sobre a condição nutricional dos moradores, ajudando a identificar áreas com maior vulnerabilidade e subsidiando a implementação de políticas públicas voltadas para o combate à fome e à insegurança alimentar.
As informações sobre a sensação de segurança, por sua vez, podem contribuir na elaboração de estratégias mais eficazes de combate à violência e à criminalidade. A partir dos dados coletados, será possível identificar os locais onde a população se sente mais insegura e as principais causas dessa sensação.
Outro impacto importante da pesquisa será a produção de conhecimento científico sobre a realidade de Marabá. Os dados coletados serão disponibilizados para a comunidade acadêmica, que poderá utilizá-los em estudos e debates sobre os desafios enfrentados pelo município.
(Luciana Araújo)