Soldados ucranianos que invadiram uma região no sudoeste da Rússia na semana passada avançaram nesta segunda-feira (12) na frente de batalha, a primeira em território russo desde o início da guerra da Ucrânia.
Também nesta segunda, o governo de Kursk, a região russa invadida pelos militares de Kiev, ordenou a retirada de cerca de 11 mil moradores locais. E, em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, convocou o Conselho de Segurança de seu governo de forma emergencial e ordenou que seus militares façam com que os soldados de Kiev sejam “espremidos”.
O presidente russo também acusou a Ucrânia de ter usado armas químicas na ofensiva a Kursk. Kiev ainda não havia respondido a acusação até a última atualização desta reportagem.
Leia mais:“Eles (soldados ucranianos) devem ser espremidos para fora. A Ucrânia está tentando intimidar a sociedade russa e minar nossa estabilidade”, declarou Putin.
Na quarta-feira (7), cerca de 1.000 soldados ucranianos invadiram a região de Kursk e atacaram militares russos que monitoravam a área. A ofensiva criou uma nova e inesperada frente de batalha entre os dois lados, a primeira fora da Ucrânia, fez o presidente russo, Vladimir Putin, adaptar planos que podem mudar o rumo da guerra de dois anos e meio entre os dois países.
“O centro de comando regional decidiu retirar os habitantes do distrito de Belovski (em Kursk)”, afirmou o governador regional interino de Kursk Alexei Smirnov.
Quase a totalidade da população de Belovski teve de deixar suas casas nesta segunda. Segundo dados do governo local levantados pela agência de notícias Reuters, em 1º de janeiro de 2022 cerca de 15 mil pessoas moravam no distrito.
Após a invasão da semana passada, as Forças Armadas da Ucrânia também enviaram mais soldados e tanques para a fronteira com a Rússia, onde vêm fazendo vários exercícios militares há dias.
Zelensky admite invasão à Rússia
No domingo, (11), pela primeira vez desde o início da guerra, a Ucrânia reconheceu formalmente um ataque ao território russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que forças fizeram uma ofensiva surpresa na região russa de Kursk, perto da fronteira com a Ucrânia.
O governo local de Kursk também acusou a Ucrânia do ataque e declarou estado de emergência na região.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Zelesnky disse que havia discutido a operação de Kursk com o principal comandante ucraniano, Oleksandr Syrskyi.
“”Hoje, recebi vários relatórios do comandante Syrskyi sobre as linhas de frente e nossas ações para empurrar a guerra para o território do agressor”, disse Zelensky neste domingo. “A Ucrânia está provando que pode de fato restaurar a justiça e garantir a pressão necessária sobre o agressor.”
A declaração rompe com a estratégia que o governo ucraniano vinha adotando desde os primeiros relatos de contra-ataque à Rússia na guerra que já dura dois anos e meio. Kiev nunca se pronunciava sobre supostos ataques ucranianos contra alvos russos.
Incursão surpresa
Em um dos maiores ataques ucranianos contra a Rússia durante a guerra entre os dois países, cerca de 1.000 soldados ucranianos atravessaram a fronteira russa na madrugada de 6 de agosto. Com tanques e veículos blindados, cobertos no ar por drones e artilharia, atravessaram campos e florestas da fronteira em direção ao norte da cidade fronteiriça de Sudzha, o último ponto operacional do transbordo do gás natural russo para a Europa via Ucrânia.
Os soldados ucranianos invadiram a região de Kursk na quarta-feira. Eles conseguiram destruir diversos tanques russos e renderam dezenas de soldados de Moscou, de acordo com o governo local. No mesmo dia, a Rússia afirmou que conseguiu controlar a invsão, mas a batalha continuou.
Neste domingo, os militares dos dois lados entraram no sexto dia de enfrentamentos na região.
A incursão ucraniana, inesperada, fez com que Putin readaptasse planos de guerra de forma emergencial. Desde o início deste ano, a Rússia conseguiu romper com a paralisia que marcou a guerra da Ucrânia ao longo de 2023 e vinha avançado em alguns fronts de batalha na Ucrânia, aproveitando a demora da chegada de mais verbas e equipamentos de guerra do Ocidente para tropas ucranianas.
Nesta quinta-feira (8), Moscou declarou estado de emergência em Kursk, a região atacada, e convocou mais reservistas para a região de fronteira com a Ucrânia. O governo local também fez restrições no espaço aéreo.