Correio de Carajás

Siamesas de Parauapebas vivem drama para cirurgia de separação

Meninas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e genitália. Caso é considerado um dos mais raros do Brasil

As gêmeas siamesas Lara e Larissa, que compartilham três pernas, não têm data para voltar a Parauapebas

As gêmeas siamesas Lara e Larissa, que compartilham três pernas, receberam alta hospitalar nesta quarta-feira (7), após quase 10 meses de internação em Goiânia. O caso, considerado um dos mais raros do Brasil, ainda não tem data prevista para a complexa cirurgia de separação, de acordo com informações do portal Metrópoles.

Desde o nascimento, as irmãs enfrentaram inúmeras complicações de saúde, passando mais de cinco meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após várias intercorrências, o estado de saúde das gêmeas finalmente estabilizou, permitindo que elas pudessem deixar o hospital e ir para casa.

Lara e Larissa são unidas pelo tórax e compartilham vários órgãos vitais, como fígado, intestino grosso e delgado, e genitália. Elas evacuam pelo mesmo orifício. Além disso, possuem apenas três pernas – cada uma tem uma perna, enquanto a terceira se projeta a partir das costas, segundo a equipe médica.

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Vida no hospital

Kátia Márcia Cardoso, de 37 anos, mãe das gêmeas, acompanha as filhas desde o nascimento. Kátia vivia com a família em Parauapebas até descobrir, no ano passado, que as filhas nasceriam siamesas, necessitando de tratamento especializado, o que a levou para Goiânia, para buscar acompanhamento especializado.

Antes mesmo do parto, Kátia buscou ajuda do médico goiano Zacharias Calil, renomado internacionalmente por realizar cirurgias em crianças siamesas. Com mais de 30 semanas de gestação, Kátia se mudou para Goiânia em setembro de 2023, onde as filhas nasceram no dia 11 de outubro.

“Minha vida, desde então, foi dentro do hospital. Agora, consegui alugar um apartamento perto, a 1 km do hospital, graças à ajuda de algumas pessoas, e vamos viver por aqui, pois elas continuarão em observação. O que eu puder fazer para elas não voltarem para o hospital, eu vou fazer”, declarou Kátia.

Zacharias Calil explica que, por enquanto, não é possível que as gêmeas retornem a Parauapebas. Elas precisarão continuar em Goiânia pelos próximos anos, até que estejam em condições adequadas para serem submetidas ao procedimento de separação.

O profissional explicou que as meninas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e genitália e que esse é o caso mais difícil que ele já atendeu. O motivo: algumas malformações que as meninas possuem. “Caso [das gêmeas] é o mais complexo porque elas têm várias outras malformações associadas, principalmente na parte do sistema urinário”, indicou o médico.

As gêmeas também compartilham o pericárdio (a membrana que envolve o coração), os aparelhos digestivo, reprodutivo e excretor, além de terem um problema urinário grave: a estrofia de bexiga (que é quando o órgão não tem a proteção da parede abdominal).

Larissa também já chegou a precisar de uma cirurgia no coração para corrigir um problema cardíaco: “Foi feito um cateterismo cardíaco para o fechamento de um canal que ela apresentava que misturava o sangue no coração”, explicou Calil.

Além disso, durante a internação, as gêmeas passaram por diversas intercorrências, como paradas cardiorrespiratórias, síndrome do desconforto respiratório, hipertensão pulmonar e sepse. Todas essas malformações e intercorrências aumentaram muito o nível de dificuldade do caso, segundo o médico.

As siamesas deixaram o hospital pela primeira vez na quarta-feira (7), depois de completarem 9 meses de vida. Elas foram para casa e devem continuar com o acompanhamento médico em Goiânia.