Correio de Carajás

Fórum em Marabá explora caminhos para uma agricultura sustentável

O encontro reuniu especialistas, estudantes, e representantes da região para debater a sustentabilidade alinhada à agricultura

O evento reuniu especialistas, produtores, estudantes e simpatizantes do tema no auditório do Centro de Convenções/ Fotos: Evangelista Rocha

O segundo Fórum de Sociobiodiversidade, realizado pela 3ª Região Agrária do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), aconteceu nesta sexta-feira, 2, das 8 ao meio-dia, no auditório do Centro de Convenções. O evento reuniu pequenos agricultores e representantes de diversos setores para discutir e aprimorar a produção agrícola na região.

A mesa-redonda contou com Alexssandra Mardegan, titular da 12⁠ª Promotoria de Justiça Agrária de Marabá; Antônio Vieira Caetano, da diretoria do Sindicato Rural de Marabá; Claudiomízio Araújo, diretor-geral substituto do IFPA Campus Rural de Marabá; Antônio Mororó, titular da Delegacia Especializada em Conflitos Agrícolas (DECA), além de outras autoridades.

DESAFIOS

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O Correio de Carajás conversou com a promotora Alexssandra Mardegan, que falou sobre a importância do evento: “A preocupação da promotoria é fomentar a produção agrícola, não só em Marabá, mas em toda a área regional”. Ela ressaltou que o fórum é especialmente voltado para os pequenos agricultores e que pretende melhorar a qualidade e aumentar a quantidade da produção agrícola.

“Nossa região tem muito potencial e um povo trabalhador que merece apoio. Infelizmente, ainda há uma grande deficiência de políticas, mas Marabá tem se destacado na agricultura familiar”, afirma a promotora.

“A preocupação da promotoria é fomentar a produção agrícola, não só em Marabá, mas em toda a área regional”, destaca Alexssandra Mardegan

Promovendo projetos que incentivam a agricultura familiar, o evento contou com a parceira da prefeitura, da Secretaria de Cultura e outras secretarias estaduais, por meio da promoção de projetos que incentivam a agricultura familiar, como revelou Mardegan.

Durante a manhã foram discutidas também melhorias acerca da produção de alimentos, com menor impacto ambiental, considerando as mudanças climáticas atuais. O debate é importante, para que os pequenos à grandes produtores garantam alimentos de qualidade e saudáveis, tanto para a família, quanto para os consumidores.

Entre os temas abordados no evento estão o uso de agrotóxicos e alternativas sustentáveis, como os bio defensivos, opções para que o produtor possa começar a mudar a forma de plantação, produzindo de forma sustentável.

EXPERIÊNCIA E CONTRIBUIÇÕES

Wellington Pereira, presidente da Cooperativa de Produtores Rurais de Goianésia, destacou a importância da renda gerada pela agricultura familiar. “É daqui que a maioria tira o sustento. Trabalhamos com plantio de maxixe, mandioca e outros. Também fazemos parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), onde produzimos e repassamos para as escolas, além de vender nas feiras”, revela Wellington.

Wellington Pereira produz por meio da agricultura familiar, e sustenta a família através da venda dos alimentos

Para ele, o fórum tem papel de levar conhecimento, principalmente em formas sustentáveis de produção, como no auxílio ao enfrentamento de pragas que tanto afeta os pequenos produtores.

Assim como Wellington, Ramon Marques, também é produtor e marcou presença. Ele é diretor-presidente da Cooperativa de Agricultura familiar de Serra Pelada (COAFSP), em Curionópolis. Em seu segundo ano de participação, a feira se tornou uma rede de network, onde ele apresenta a sociedade o valoroso mercado, do que é produzido pela agricultura familiar. “Isso agrega muito valor para o pequeno produtor e para todos do campo”, afirma.

A participação indígena também teve destaque. Maria Regina Soares, representante da aldeia Akamaciron, próxima ao município de Brejo Grande do Araguaia. Ela apresentou o trabalho artesanal desenvolvido por sua comunidade com tiaras de cabelo, brincos, além da pintura no corpo com as tintas naturais como o urucum.

Outra presença indígena foi a de Maria Santos Turuí, da Aldeia Itaí, localizada na BR-153, em São Geraldo do Araguaia. Conhecendo pela primeira vez, Maria trouxe medicamentos como cascas de árvores medicinais, usadas para tratar diabete, colesterol e gastrite.

Dona Maria trouxe da aldeia Akamaciron produções desenvolvidas pelas mulheres da comunidade

Produtor de Parauapebas, João Pedro Marinho, compartilhou sua experiência com a cadeia do cacau. “Trabalhamos com o produto desde o plantio até a verticalização. Nosso foco é agregar valor ao que temos na propriedade”. Ele, e a esposa, Ana Paula Dan trouxeram cacau em fruta, amêndoas fermentadas e uma linha de chocolates, para mostrar que é possível preservar a natureza e obter renda.

PARTICIPAÇÃO DE NOVOS TALENTOS

Raíssa Souza, caloura de Agronomia, e participante pela primeira vez, elogiou a organização do evento. “Estou achando muito legal, espero adquirir conhecimento e sair daqui com uma boa experiência”, disse a estudante.

Caloura, Raissa Souza está em seu primeiro evento acadêmico, empolgada ela espera participar de mais eventos como esse

O evento apresentou uma série de discussões e trocas de experiências que reforçaram a importância da sustentabilidade e da valorização das práticas de produção saudáveis e sustentáveis. A troca tem destaque pela diversidade de participantes e pela riqueza de conhecimentos compartilhados, desde as técnicas de produção sustentável até a preservação das culturas tradicionais.

(Milla Andrade)