Marabá ocupa a 17ª colocação no Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2024, com uma taxa de 40,8 mortes por violência intencional (MVI) por 100 mil habitantes. Mas, diferente de anos anteriores, neste o estudo condensa os números por regiões intermediárias, ou seja, a região de Marabá soma os números de outras 23 cidades em seu índice. As informações compiladas no estudo são referentes ao ano de 2023.
Nesse contexto, a reportagem do Correio de Carajás destrinchou os dados na plataforma da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), e verificou que houveram 124 vítimas (mortes violentas intencionais) em Marabá no ano passado.
Quando comparado com 2022, é observado uma diminuição de 10,79% nas mortes, que naquele ano foi de 139.
Leia mais:No detalhe, o Correio verificou que 2023, das 124 mortes, 113 foram classificadas como homicídio; um caso foi latrocínio e as outras 10 foram vítimas de intervenção policial.
O raio x das mortes violentas intencionais aponta que 88 foram realizadas com arma de fogo, outras 19 utilizaram objetos perfurocortantes. Em um dos casos foi usado veneno e outros meios foram utilizados nos demais.
No que diz respeito ao sexo das vítimas, 94,3% (117) eram homens e em apenas 4,84% (6), a pessoa assassinada era uma mulher. Em um único caso não há identificação do gênero.
Quando se olha para a faixa etária, na maioria dos casos as vítimas tinham entre 35 e 64 anos.
SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA
O Correio de Carajás calculou que em 2023 a taxa marabaense foi de 46,52 mortes por 100 mil habitantes. O alto índice espanta e aquece a discussão sobre segurança pública, tema que permeia todos os cantos de Marabá.
Quando se olha para o histórico de homicídios noticiados pelo Correio de Carajás, é perceptível que grande parte desses crimes são fruto da guerra de facções que assola o município.
Nas publicações do Correio no Instagram, por exemplo, é comum internautas comentarem sobre a sensação de insegurança que sentem diante de tantas notícias sobre mortes e violência.
E ainda que o cenário tenha melhorado entre 2022 e 2023, dados de 2024 já contabilizam 53 mortes violentas intencionais no município, a quantidade representa uma média de 8,83 homicídios em seis meses.
A cidade, que já foi conhecida pela alcunha de “Marabala”, permanece na lista entre as mais violentas do país, ainda que não ocupe as primeiras posições da lista. Realidade essa que deve receber atenção do poder público e dos órgãos de segurança, no intento de tornar Marabá um local mais seguro para seus moradores.
PARÁ E BRASIL
Segundo as análises, em 2023 o Pará registrou 2.662 casos de MVI contra 3.018 em 2022, com 356 casos a menos, colocando o estado paraense como destaque, à frente das unidades federativas como Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. Entre os dois anos, a variação da taxa por 100 mil habitantes é de 11,8%, colocando o Pará em quarto lugar no ranking nacional.
“Os dados são essenciais para avaliar a eficácia das políticas de segurança e das medidas preventivas e repressivas. O resultado positivo demonstra a eficácia das medidas adotadas e o impacto direto na proteção da população”, reforça o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado.
Além da região intermediária de Marabá, Castanhal e Belém figuram na lista das 50 mais violentas.
Apesar disso, os números do Estado são considerados positivos quando confrontados com edições anteriores do anuário e com os dados de outros municípios do País.
“O Pará mais uma vez é destaque, primeiro colocado em relação ao ranking de transparência dos dados da criminalidade, o Pará é o estado do Brasil com melhor qualidade nos seus dados estatísticos. O segundo ponto de destaque é que o Pará não possui qualquer cidade entre as 10 mais violentas do Brasil como já tivemos antes. E um terceiro ponto de destaque é de que o Pará é o primeiro lugar na redução no número absoluto de mortes no Brasil, ou seja, é o estado do Brasil que mais reduziu o número de mortes violentas intencionais em 2023”, afirmou o secretário.
SAIBA MAIS
A categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) corresponde à soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora (em alguns casos, contabilizadas dentro dos homicídios dolosos, conforme notas explicativas). Sendo assim, a categoria MVI representa o total de vítimas de mortes violentas com intencionalidade definida de determinado território. O número de policiais mortos já está contido no total de homicídios dolosos e apresentado no estudo apenas para mensuração do fenômeno.
(Luciana Araújo, com informações da Agência Pará)