Correio de Carajás

GMM vira refém de Disque-Denúncia para fiscalizar linhas de cerol e chilena

A Guarda Municipal realiza apreensões e recolhe as linhas quando identificadas/ Foto: Evangelista Rocha

Em Marabá, o dilema do uso das linhas de cerol e chilena usadas para empinar pipas, tem sido alvo de atenção e preocupação por parte das autoridades municipais. O problema, que já gerou episódios de acidentes e até mortes em anos anteriores, continua a exigir medidas de fiscalização e conscientização. Davi Pereira da Silva, de 30 anos, morreu ao ter o pescoço cortado pela linha, em 2019.

Segundo o Inspetor Wyliscley Leão, da Guarda Municipal de Marabá, houve uma redução significativa no número de ocorrências relacionadas ao uso de cerol e chilena em Marabá nos últimos anos. “Mas em 2024, a cidade experimentou uma diminuição no número de denúncias, uma tendência atribuída a um problema temporário com o canal de comunicação da Guarda Municipal”, conta. O telefone 153, um dos principais meios para que a população denuncie essas práticas, esteve fora de operação devido a um roubo de cabo, prejudicando a recepção de queixas.

Apesar disso, o serviço de Disque-Denúncia permaneceu ativo, e a Guarda Municipal continuou a responder às ocorrências que, desde abril, somaram-se em cinco.

Leia mais:

O Inspetor Leão destaca que, embora tenha havido uma redução nas denúncias e nas ocorrências registradas, a fiscalização continua a ser um desafio. A cidade enfrenta a dificuldade de identificar e controlar o uso de linhas de cerol e chilena, especialmente porque a fiscalização depende de denúncias diretas da população e de informações específicas sobre a comercialização desses produtos.

Inspetor Leão observa que, apesar das leis em vigor e das campanhas de conscientização, a efetividade da fiscalização é limitada

Apesar de a legislação municipal proibir a comercialização de cerol e chilena, o controle dessas linhas se torna complexo devido à sua presença tanto em vendas ilícitas quanto na forma caseira, que muitas vezes é ainda mais perigosa.

IMPACTO E PREVENÇÃO

A legislação local, aprovada em 2019, proíbe a comercialização tanto de cerol fabricado quanto de cerol caseiro. A linha chilena, conhecida por ser uma das mais perigosas devido ao seu revestimento de cera, é alvo de atenção especial devido aos riscos que representa, especialmente para motociclistas e ciclistas.

O Inspetor Leão observa que, apesar das leis em vigor e das campanhas de conscientização, a efetividade da fiscalização é limitada. A Guarda Municipal realiza apreensões e recolhe as linhas quando identificadas, mas a presença de vendedores não autorizados e a dificuldade de monitorar todas as áreas da cidade tornam a tarefa desafiadora.

Ele também menciona a importância de medidas preventivas, como a utilização de cortadores de linha por motociclistas, para minimizar os riscos de acidentes. Apesar da recomendação, nem todos os motociclistas adotam esses dispositivos de segurança, o que contribui para a persistência dos problemas associados às linhas cortantes.

FALTAM ESPAÇOS PARA EMPINAR PIPA

Outro ponto abordado é a falta de espaços apropriados para a prática segura do empinar pipas. O inspetor Leão observa que, embora muitos habitantes de Marabá utilizem a atividade como um passatempo, a cidade ainda não possui áreas designadas para essa prática. A falta de espaços adequados contribui para o uso indiscriminado das linhas cortantes em locais públicos, aumentando o risco de acidentes.

Ele sugere a criação de eventos anuais voltados para a prática segura de empinar pipas e a necessidade de discutir com a Câmara Municipal a implementação de espaços destinados a essa atividade. A ideia é promover um ambiente onde as pessoas possam desfrutar do passatempo sem comprometer a segurança pública.

A questão do uso de linhas de cerol e chilena em Marabá reflete um problema complexo que envolve fiscalização, legislação e educação pública. Embora as autoridades locais tenham registrado uma redução nas ocorrências e estejam empenhadas em controlar a situação, a combinação de fiscalização limitada, falta de espaços apropriados e a persistência da venda ilegal de cerol e chilena ainda representam desafios significativos.

(Thays Araujo)