A Praia do Tucunaré é um refúgio natural que atrai a população local e turistas durante os meses que duram o veraneio marabaense, principalmente em julho. No entanto, entra ano e sai ano e a experiência dos visitantes continua enfrentando uma realidade marcada pela falta de ordenamento e fiscalização dos órgãos governamentais, além da ausência de programação esportiva ou artística. Essas carências, na visão dos frequentadores, se refletem nos preços por vezes descontrolados de bebida e de comida, e na falta de infraestrutura adequada.
A reportagem do Correio de Carajás esteve na praia no domingo, 14, e conversou com banhistas e pessoas que exploram comercialmente o balneário, como barqueiros e barraqueiros, os quais dependem da renda desta época do ano.
É importante destacar que banheiros químicos – um item que já foi muito cobrado no passado – estão distribuídos pela praia, e também há a presença da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, ambas com tendas e barracas usadas como base de operação.
Leia mais:Gilberto da Silva Alves, que recentemente se mudou para Marabá para trabalhar na construção da ponte sobre o rio Itacaiunas, expressa sua satisfação com certos aspectos da Praia do Tucunaré, mas também suas preocupações com os preços elevados. “Em termos de limpeza, bombeiro e segurança, está no padrão. Só que a qualidade das coisas aqui é um pouco… Os objetos são muito caros. A comida é cara, né? Um tucunaré com dois pratinhos de arroz e um pratinho de vinagrete varia entre R$ 150 e R$ 200”.
Apesar das críticas, Gilberto aprecia a tranquilidade do local, embora pontue também que precisa trazer suas próprias bebidas para economizar.
Taynara Vieira, outra visitante, compartilha uma visão similar. Ela e seu marido frequentam a praia regularmente e, embora considerem os preços razoáveis, identificam a necessidade de melhorias na organização e limpeza.
“Os preços estão normais. Em vez de outros lugares aí, normal. Mas, para melhorar, teria que fazer a organização e a limpeza.” Além disso, Taynara destaca a ausência de eventos e atrações, sugerindo que atividades esportivas e shows poderiam enriquecer a experiência na praia.
A segurança é uma preocupação recorrente entre os frequentadores e trabalhadores da praia, que se queixam do aparato estar presente apenas no mês de julho. Edmar Lima Costa Filho, um rabeteiro que transporta visitantes, sublinha a importância de uma presença policial constante. “O policiamento veio agora, até agora. Deveria mesmo ter desde o começo do veraneio. No começo do veraneio, era para ter policiamento, bombeiro, e não tem ninguém.”
Edmar menciona a morte de Rafael Araújo Albuquerque, de 16 anos, que morreu após ter sido baleado na Praia do Tucunaré, no dia 17 de junho. Ele acredita que o incidente trágico poderia ter sido evitado com uma vigilância mais eficaz.
Confirmando essas necessidades, o segundo-tenente Edi Ferreira, do Corpo de Bombeiros, detalha os desafios enfrentados na manutenção da segurança. “No dia de hoje foi feito um salvamento e um atendimento de uma pessoa com problema renal. Também orientamos os banhistas a ficarem atentos com as crianças e a evitarem consumo excessivo de álcool perto da água.”
Ele enfatiza a importância da utilização de coletes salva-vidas, uma recomendação frequentemente ignorada pelos visitantes. Edi menciona ainda a parceria com a Marinha para intensificar a segurança durante o verão.
Carlos de Andrade, garçom há 27 anos na conhecida barraca do Pedro do Flamengo, oferece uma perspectiva prática sobre a economia local.
“O peixe está R$ 150, já o tira-gosto R$ 70. Segurança é um pouco mais de segurança. A limpeza está boa, mas poderia ser melhor.” Carlos acredita que uma presença constante da polícia e a manutenção da limpeza ao longo do dia poderiam melhorar significativamente a experiência dos visitantes. Para ele, a infraestrutura atual precisa de ajustes contínuos para atender à demanda crescente durante a alta temporada.
TRAVESSIA
A travessia para a Praia do Tucunaré é feita de barco, a partir da Orla da cidade, na Marabá Pioneira, em três pontos oficiais: a escadaria, onde o visitante pega um barco maior; a rampa das “rabetas”, embarcações de menor porte e também na rampa da Colônia dos Pescadores – Z-30.
A passagem custa R$ 5 por pessoa, nos barcos, sendo que os condutores foram habilitados pela Marinha, este ano, se comprometendo, também, a seguirem as normas de segurança, que exigem a vigília na lotação e o uso de coletes salva-vidas por todos os passageiros, assim que entram nos barcos.
Apesar disso, não é perceptível a presença de qualquer órgão da Prefeitura de Marabá acompanhando ou auditando esse transporte e a forma como é prestado o serviço, algo que existia no passado recente.
(Texto: Thays Araújo | reportagem: Josseli Carvalho)