A postagem de uma página do Facebook está gerando polêmica entre os internautas de Marabá e região. A página EnDireita Marabá solicita aos estudantes que gravem áudios ou vídeos caso identifiquem casos em que professores tentem “doutrinar” os alunos seguindo algum ideal político-partidário.
O pedido gerou uma série de comentários e chamou a atenção do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Estado do Pará), do Sindunifesspa (Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção Marabá, que divulgaram nota e se posicionaram sobre o caso.
A publicação defende que “não podemos aceitar que professores desviem suas funções dentro da sala de aula, para tentar fazer lavagem cerebral em alunos. Sabemos que apenas uma minoria tem essa prática, e nós enquanto pais e comunidade, não podemos tolerar isso. Escola sem partido já!”.
Leia mais:Até esta publicação a postagem possuía 199 curtidas, 150 compartilhamentos e 180 comentários, grande parte condenando a atitude. “Se o professor não tem com o que se preocupar, por que o receio das pessoas saberem o que estão falando na sala de aula para os alunos?”, comentou o administrador da página Bruene Willis, procurado pelo Correio de Carajás.
Já o Sintepp Marabá, em nota de repúdio, diz que pretende denunciar a página ao Ministério Público, alegando que a categoria está se sentindo perseguida e ofendida e completa comparando o caso ao episódio da deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL), de Santa Catarina, que abriu um canal para recebimento de informações no mesmo sentido, o que repercutiu nacionalmente.
“Esse caso é uma xerox fajuta do episódio de Santa Catarina que envolve a Deputada Estadual Ana Calorine Campagnolo (PSL) que já está respondendo o processo instaurado pela 25ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina”. A deputada recém-eleita em Santa Catarina, pediu aos alunos que enviassem vídeos de professores em sala de aula que estejam fazendo “manifestações político-partidárias ou ideológicas”.
O Sindunifesspa, também em nota de repúdio, disse que a sua assessoria jurídica está tomando medidas judiciais para o que classificou como “tentativa de intimidação”. Afirma, ainda, que “tal ação fere os princípios constitucionais de liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”.
Vários usuários marcaram, nos comentários da postagem da página marabaense, o perfil da OAB-Subseção Marabá no Facebook. Procurado pelo Correio de Carajás, o presidente da entidade, Haroldo Gaia, disse que “importante é deixar claro que em sala de aula o fim é pedagógico, é educativo. Essa história de filmagem em sala de aula pode atingir a dignidade do professor, a autoridade do professor em sala de aula”.
Ele acrescenta que é necessária cautela justamente para que não se ofenda o professor nem o seu objetivo, “já os alunos que se sentirem de alguma forma desrespeitados, podem procurar a direção das escolas, não tornar o professor refém de filmagem para que depois seja divulgado aquilo em rede social, até porque tudo que é falado em sala de aula tem fim pedagógico, educativo, é esse o objetivo da sala de aula, educar”, finalizou. (Adriana Oliveira)