Com apoio de imagens gravadas por três câmeras de segurança – uma delas tornada pública e divulgada no início da semana pelo Correio de Carajás – a Polícia Civil conseguiu montar o quebra-cabeça da morte do sargento Carlos Júnior da Silva Melo, da Polícia Militar, e da tentativa de homicídio contra Mikaelle de Souza Machado. Pelos crimes, praticados na madrugada de segunda-feira (1º), na Folha 5, está preso o marabaense Wilson Carlos Araujo Junior, morador da Folha 21.
O delegado Luiz Otávio Ernesto de Barro, responsável pelo inquérito policial que investiga o caso, relatou à reportagem, nesta quarta (3), como se deu a sequência dos fatos.
Conforme ele, o sargento bebia em casa, acompanhado da esposa e de quatro amigos, dentre eles a vítima Mikaelle, quando decidiu seguir para um bar na Folha 5. Os seis embarcaram em um carro e foram para o local, estacionando na esquina do estabelecimento. Logo em seguida, Wilson também teria chegado e estacionado atrás do carro do policial.
Nesse meio tempo, o sargento e a companheira teriam começado a discutir porque ela queria ir embora. Ainda de acordo com a investigação, Wilson, então, se intrometeu na discussão e se ofereceu para deixar a mulher em casa, mas foi despachado por ela.
Leia mais:A discussão entre o casal teria continuado, até que Wilson novamente interferiu e, em meio à confusão, deu um soco na cara do sargento. Melo, então, sacou a arma e partiu para cima do agressor, mas sem disparar contra ele. Contudo, diz o delegado, ocorreram dois disparos acidentais da arma do sargento. Um atingiu a coxa de Mikaelle, colega de Melo, e o segundo acertou outro homem, sobre o qual a Polícia Civil não tem identificação e nem notícias sobre o estado de saúde.
Na sequência, relata o delegado, Wilson e Melo travam uma luta corporal e o primeiro foi derrubado, mas a briga acabou separada por pessoas que estavam no local. Mikaelle continuou caída e Melo saiu andando em direção à esquina.
A partir desse momento começaram a se desenrolar os fatos já públicos, que constam no vídeo que foi divulgado na segunda. De acordo com a Polícia Civil, fora de cena, Wilson foi até o seu carro e pegou uma arma de fogo para tornar a tirar satisfação com o sargento. De volta ao campo de visão da câmera, os dois se empurraram novamente e Melo deu uma coronhada na cara do Wilson, que, de arma em punho, começou a atirar. Os dois caíram no chão e a gravação mostra alguns disparos sendo efetuados, até que Wilson atirou a última vez, à queima roupa, na cabeça da vítima. Ao todo, afirma o delegado, foram efetuados cinco disparos por Wilson. Sem mais projéteis na arma, ele então começou a dar coronhadas na cabeça do policial, que morreu ainda no local.
Após as agressões, Wilson levantou e seguiu para a sua caminhonete. Mikaelle continuava caída a alguns metros do carro e acabou atropelada durante a fuga do atirador. Ela teve um dos braços e uma das pernas atingidos e até a noite de terça (2) seguia internada, mas sem risco de morte.
Como informado na última edição deste CORREIO, Wilson foi preso pela Polícia Militar logo depois, enquanto tentava fugir, com a arma no banco do passageiro.
JUSTIÇA MANTÉM A PRISÃO
Wilson Carlos já tinha “extensa certidão de antecedentes criminais”, segundo a decisão da juíza Alessandra Rocha da Silva Souza, titular da 1ª Vara Criminal de Marabá, que homologou a prisão do homem em flagrante e a converteu em preventiva ainda no dia do crime.
Não são citadas as práticas criminais pelas quais ele foi acusado anteriormente, mas agora Wilson foi autuado por homicídio e por tentativa de homicídio ao ser apresentado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil.
De acordo com a decisão judicial que o mantém encarcerado, existe prova da materialidade e indícios suficientes de autoria em relação ao crime, além de riscos concretos à manutenção da ordem pública, já que o crime foi grave, uma vez que Wilson tirou uma vida e atentou contra a outra ao atirar nas vítimas, além de atropelar uma delas. Além disso, a existência de outros crimes na ficha dele,”demonstra ser contumaz no cometimento de delitos”, conforme observou a juíza.
A magistrada concedeu prazo de 10 dias para que a Polícia Civil remeta o inquérito sobre o caso ao Poder Judiciário, a fim de que a custódia do preso não se torne ilegal.
(Da Redação – com informações de Josseli Carvalho)