A Polícia Civil em Marabá dá mais um passo na investigação que tenta desvendar as circunstâncias que envolvem o assassinato da tatuadora Flávia Alves Bezerra, de 26 anos.
Na manhã desta segunda-feira (17), a Polícia Cientifica do Pará (PCP) deu início ao trabalho de reprodução simulada de eventos relacionados ao crime. O procedimento está sendo realizado em um condomínio de Marabá e também no município de Jacundá, no local onde o corpo da tatuadora foi encontrado.
Jadir Ataíde dos Santos, coordenador de perícias genéricas da PCP, está em Marabá e em entrevista concedida à imprensa explicou que o procedimento foi solicitado por Walter Ruiz, delegado que preside o inquérito. Além de testemunhas e dois dos indiciados, a simulação conta com a presença de 25 policiais.
Leia mais:Na coletiva, Ruiz detalhou que o procedimento almeja chegar o mais próximo da verdade e que, efetivamente, a justiça seja feita para todos. Para que isso aconteça, é preciso apurar em detalhes os delitos que ocorreram após o assassinato de Flávia.
William Araújo Sousa, indiciado pelo homicídio, foi notificado para participar da reprodução, mas se recusou, conforme explica o delegado. Já Deidyelle Oliveira Alves, também investigada, e o irmão dela, David de Oliveira Alves, participam da simulação.
Questionado durante a coletiva sobre a motivação do crime, Walter Ruiz explica que houve um ‘menosprezo à condição de mulher’. “Foi um crime praticado de tal maneira, com relação à situação que a vítima se encontrava, que era de vulnerabilidade”. Ele complementa informando que o crime é tipificado como homicídio qualificado/feminicídio.
DIN MICA DA SIMULAÇÃO
Em torno de 25 policiais participam do procedimento, entre Polícia Civil e Científica. “A ideia é que a gente consiga reproduzir todas as ações que aconteceram no condomínio e em Jacundá, no local onde foi feita a ocultação do cadáver, para dirimir todas as dúvidas da Polícia Civil”, elabora Jadir Ataíde dos Santos. O condomínio onde um dos indiciados tomou conhecimento do corpo da vítima é o primeiro local da reprodução.
Nesta dinâmica, serão ouvidas as versões dos envolvidos no crime, para que tudo seja reproduzido de acordo. Na sequência, explica o perito, o resultado da simulação será comparado com o que já foi levantado pelo inquérito policial. A intenção é confirmar se as versões se sustentam. Ao final do procedimento será emitido um laudo que, conforme Jadir, deve elucidar os pontos que ainda ensejam dúvidas no inquérito.
O material colhido aqui será levado para Belém e o prazo para que o documento fique pronto varia de 30 a 40 dias, explica o perito. “É um trabalho que vai envolver imagens, trouxemos alguns equipamentos, então a gente precisa que esse material primeiro fique pronto e depois disso nós entregamos para a autoridade que está presidindo o inquerito”.
ACUSAÇÃO E DEFESA
Diego Souza, assistente de acusação que representa a família da vítima, estava presente na coletiva e informou que vai acompanhar a reprodução. De maneira enfática, ele declara que todos desejam saber a verdade sobre o crime e o que realmente aconteceu com Flávia. “A família está apreensiva, em luto pela grande perda que teve e a gente tem ciência e a certeza que a Polícia Civil, juntamente com a Polícia Científica, vai chegar o mais próximo possível da realidade do que aconteceu aqui”.
Inquirido sobre a importância da reprodução, ele elabora que ela vai contribuir para que os pontos que ainda são passíveis de questionamento sejam esclarecidos.
Israel Lima Ribeiro, advogado de defesa de Deidyelle Oliveira Alves, por sua vez, assinala que a reprodução é relevante para esclarecer a veracidade dos fatos. “Isso vai demonstrar claramente que a Deidyelle não é essa pessoa que estão falando nas redes sociais”, diz. O advogado também garante que o procedimento da Polícia Científica vai determinar qual foi, de fato, a participação de sua cliente no crime. (Luciana Araújo, com informações de Chagas Filho e Evangelista Rocha)