Correio de Carajás

Francisco quer Unifesspa ainda mais democrática

Atual reitor enfatiza a necessidade de captar mais recursos para o orçamento de custeio e garante que verba atual não pagaria transporte intercampi

Francisco e Lucélia defendem permanência na gestão da Unifesspa e abordam principais desafios da universidade

A reportagem do Correio de Carajás também entrevistou os candidatos da Chapa 2 para a eleição da Unifesspa, composta por Francisco Ribeiro e Lucélia Cavalcante. Os dois dizem que suas propostas partem do princípio de democratização e sem espaço ao autoritarismo, com diálogo e respeito às diversidades existentes na academia: “Sem isso, não há como a nossa chapa fazer qualquer tipo de gestão. A nossa chapa compreende muito bem o que é a Unifesspa”, disse o candidato e atual gestor.

Logo de cara, Francisco enfatiza a necessidade urgente de captar mais recursos para o orçamento de custeio da universidade, especialmente devido ao significativo crescimento em infraestrutura nos últimos anos. Ele menciona a inauguração de diversos prédios, laboratórios e o restaurante universitário, o que demanda mais verbas para manutenção, segurança e reparos prediais.

“Inauguramos o bloco multiuso, que tem mais de 20 laboratórios; assim como o Núcleo de Psicologia; o Ateliê de Artes, que abriga os cursos do Instituto de Letras e Artes (Illa); e ainda um restaurante universitário”, cita.

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Uma das grandes preocupações levantadas por Francisco foi a insuficiência de recursos para o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAE’s). “Atualmente, a Unifesspa recebe cerca de 5 milhões de reais para atender os estudantes em situação de vulnerabilidade, porém, apenas 27% desse público é alcançado devido aos limites do orçamento”, lamenta.

Segundo ele, é preciso, pelo menos, 15 milhões de reais para suprir todas as demandas de assistência estudantil na universidade.

OUTROS PROGRAMAS

Lucélia Cavalcante destaca a importância da permanência qualificada dos estudantes, especialmente os provenientes de grupos minoritários como indígenas, quilombolas e pessoas de baixa renda. De acordo com a candidata, são necessárias políticas mais abrangentes de ação afirmativa e financiamento adequado para garantir a permanência e excelência acadêmica desses estudantes.

“Para além do que vem da verba para a permanência, a gente pensa ações muito específicas, por exemplo, bolsas de participação, bolsas de pesquisa, ensino e extensão. Um aluno pode acumular sendo bolsista de projetos, fazendo extensão, realizando pesquisa, colaborando com a qualificação do ensino, diferentes projetos de diversos programas”, pontua.

Segundo Francisco, quando começou sua gestão, havia apenas 13 programas. Hoje, existem 18, sendo dois deles de doutorado, aprovados recentemente. Um dele encontra-se na sede, que é da rede Bio Norte, e outro de doutorado de história, no Campus de Xinguara.

No contexto de expansão e consolidação da universidade, Francisco e Lucélia mencionam a necessidade de construção de novos prédios, salas de aula, laboratórios e aquisição de equipamentos.

“Nesse cenário, se faz necessário entender quais são os desafios da construção predial, da dotação dos equipamentos, porque não adianta só construir, tem também os mobiliários, equipamentos e insumos para os diferentes laboratórios das diferentes áreas do conhecimento”, enumera.

MAIS INCLUSÃO

O reitor e a vice enfatizam a importância de uma gestão responsável que combine a consolidação das conquistas já realizadas com a expansão da universidade, além de políticas específicas de inclusão e diversidade para promover uma cultura acadêmica mais inclusiva e antirracista.

Segundo Lucélia, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica da Unifesspa (NAIA) é uma referência no país, participa de debates nacionais com protagonismo em fóruns nacionais. E o Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (NUADE) já trabalha com grupos lgbtqia+, camponeses, mulheres, indígenas e quilombolas.

“Esses dois setores têm nos auxiliado nessa garantia, inclusive de cotas. Ter editais específicos para bolsas de pesquisa, ofertar cotas para que alunos indígenas sejam bolsistas e também para alunos com deficiência”, diz ela.

A candidata completa afirmando que isso ajuda, também, no grande desafio da cultura antirracista, anti capacitista e na construção de um manifesto que se pretende inclusivo.

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Segundo o atual gestor, em 2023, ele apresentou ao ministro da Educação, Camilo Santana, um documento abrangente denominado de Plano de Consolidação da Unifesspa, que contempla investimentos totais de R$ 237 milhões. “Após intensas negociações com o Ministério da Educação, o montante inicialmente proposto aumentou de R$ 16 milhões para R$ 40 milhões parte de um investimento maior de R$ 1,5 bilhão destinado às universidades federais pelo presidente Lula”, pontua.

Segundo ele, dentre os projetos abrangidos por esses recursos, estão a construção do prédio do curso de medicina e do Hospital Veterinário de Xinguara, bem como a reforma e construção de diversos outros prédios acadêmicos, como salas de aula e instalações dos institutos de Geociência e Ciências Humanas. Francisco esclarece que tais obras estão contempladas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aguardam a liberação dos recursos para sua concretização.

Respondendo a críticas feitas por membros da chapa adversária sobre a exclusão do Hospital Universitário de Marabá da lista de obras do PAC, Francisco explica que o presidente Lula ainda não anunciou oficialmente os detalhes do pacote para a área de saúde, que será apresentado em um evento com a participação dos reitores das universidades federais de todo o País.

“Durante os últimos quatro anos, a universidade enfrentou desafios significativos, incluindo os impactos da pandemia de 2020 e 2021, que dificultaram a continuidade e conclusão de obras. Ainda assim, construímos, aproximadamente, 19 mil metros quadrados de novas instalações, incluindo um centro de convivência e obras de acessibilidade em diferentes campi”, afirma.

Além disso, destaca que estão em fase final de licitação projetos de urbanização no Campus de Rondon.

ORÇAMENTO

A respeito da falta de clareza com o que é gasto durante sua gestão, apontada pela outra chapa, Francisco diz que, em 2023, o montante total gasto com diárias e passagens foi de R$ 519 mil, destacando que a gestão anterior também teve despesas significativas nesse sentido nos anos anteriores: “Em 2014, foram gastos mais de R$ 3 milhões e em 2015, mais de R$1 milhão”.

Sobre a falta de transparência, rebateu falando sobre a implementação de ferramentas como o PIA (Business Intelligence), que permite o acesso público a informações detalhadas sobre licitações, despesas e outras atividades administrativas da universidade.

Ainda a respeito dos gastos, Francisco garante que cada real gasto em diárias e passagens resultou em um retorno de R$ 40,00 em recursos para a Unifesspa, provenientes de convênios com o governo federal e emendas parlamentares. “Nos últimos três anos e meio, a universidade assinou convênios e recebeu emendas parlamentares que totalizam mais de R$ 100 milhões, fazendo com que a universidade crescesse”, afirma.

TRANSPORTE

Em relação à suspensão do transporte intercampus, o gestor justifica que a medida foi tomada em 2017, ainda durante a gestão de Maurílio, devido a restrições orçamentárias, que se agravaram nos últimos anos. Novamente, levantou a dificuldade financeira enfrentada pela Unifesspa, citando um déficit de R$ 12 milhões em 2024.

“O antigo reitor, em 2017, levou para o Conselho de Administração e autorizou a Secretaria de Infraestrutura a cancelar o transporte interunidades. E só não cancelou porque houve uma pressão muito grande por parte dos alunos. E o orçamento de 2017 era muito melhor que o de hoje e havia capacidade de suportar isso”, contabiliza.

Francisco acredita que a decisão de suspender o transporte intercampi foi uma medida responsável diante do cenário financeiro desafiador. Além disso, também menciona os esforços da universidade em dialogar com a prefeitura por meio de audiências públicas e reuniões para melhorar o transporte público local, buscando alternativas para atender às necessidades dos estudantes.

EVASÃO

Questionada pela Reportagem sobre como enfrentar o dilema da evasão, Lucélia Cavalcante afirma que este é um problema nacional que todas as universidades enfrentam atualmente: “Especialmente durante a pandemia, que impôs o ensino remoto e teve impactos significativos na permanência dos alunos”, diz ela.

A candidata a vice garante que a Unifesspa está trabalhando em um programa específico, elaborado em conjunto com representantes de institutos e faculdades, visando identificar e abordar as motivações por trás da evasão. Lucélia menciona que uma das principais razões para a evasão é a dificuldade dos alunos em acompanhar o ritmo acadêmico, muitas vezes devido às deficiências na formação básica, como problemas na aprendizagem da língua portuguesa e matemática.

“Para enfrentar esse desafio, a Unifesspa está implementando projetos de nivelamento e formação pedagógica, destinados tanto aos professores quanto aos estudantes. Isso busca melhorar o desempenho acadêmico dos alunos e garantir que eles não desistam dos cursos devido a dificuldades iniciais”, afirma.

(Ulisses Pompeu e Thays Araujo)