O assunto que vem dominando as redes sociais em Marabá esta semana foi o suposto caso e abuso sexual de uma criança dentro do Núcleo de Educação Infantil (NEI) Arco-Íris, na Marabá. Pioneira. Por parte da Polícia Civil, está claro que não houve estupro, com base no laudo da Polícia Científica, que foi categórico ao afirmar que não está caracterizada violência sexual. A menina de 5 anos se acidentou no vaso sanitário do banheiro do NEI, conforme ela mesma relatou para a professora no dia do ocorrido. Mas, por outro lado, a família da menina não credita no laudo e deve pedir uma nova perícia nas roupas da criança.
Durante coletiva de Imprensa, o próprio superintendente de Polícia Civil, delegado Vinícius Cardoso das Neves, explicou que o laudo confirma uma lesão na região genital, mas que é sugestiva a um ‘trauma de cavalaria’. “É aquela lesão de quando a pessoa cai com as pernas abertas e machuca a genitália, ou quando ela leva uma pancada”, explica.
Além disso, segundo ele, “o trabalho realizado pela polícia dentro da escola também descarta a invasão de uma pessoa e sua fuga furtiva. E agora o laudo veio para corrobora”.
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Com a repercussão do caso, principalmente na internet, notícias e informações falsas foram amplamente divulgadas, incluindo a fotografia de um rapaz apontado levianamente como autor de um suposto abuso, diz o delegado Vinicius Cardoso. “Essa pessoa está sofrendo ameaças de morte, ela esteve na delegacia nos últimos dois dias, ficou ontem o dia todo por causa dessas ameaças”.
Outra problemática envolvendo as “fakes news” sobre o caso diz respeito à incitação de depredação da escola e violência física contra seus servidores. O delegado ressalta a gravidade dessas ações e garante que as pessoas identificadas como instigadores de tais atos serão responsabilizadas judicialmente, por ameaça ou incitação ao crime, dependendo do contexto. “É importante que as pessoas tenham cautela e aguardem o trabalho da polícia, que é feito de maneira séria, profissional e técnica e principalmente dentro da legalidade”, reforça.
Outra coletiva
Também durante coletiva de Imprensa, a professora da criança, Siuliane Valente, contou que no momento do ocorrido a estudante falou para ela que tinha se machucado no banheiro. Isso foi informado para a mãe, por telefone, e pouco tempo depois a babá foi buscar a criança no NEI.
A professora assegura também que ninguém estranho entrou na escola e que na semana seguinte ela entrou em contato com a mãe perguntando como a criança estava, mas não recebeu resposta. O que aconteceu depois já foi a denúncia de estupro e protestos na porta do NEI.
Já a diretora do Núcleo de Educação Infantil, Carla Brígida, afirma que a escola recebeu com espanto e surpresa essa situação, mas agiu sempre com serenidade por te a certeza de que nada ouve de errado, pois tem total confiança nas servidoras que atuam com ela no NEI.
Por sua vez, a secretária municipal de Educação, Mariuza Leite, disse que respira aliviada por ver que o laudo da Polícia Científica confirma que não aconteceu crime algum dentro do NEI. Ela chamou atenção também para os julgamentos precipitados, que podem destruir reputações e colocar a vida das pessoas em risco.
Família quer investigação
Acompanhada dos advogados Felipe Prates e Poliana Duarte, a mãe da criança, Raíssa Santos, procurou o CORREIO para falar que providências pretende tomar daqui pra frente. Ela confirmou que logo após receber a filha em casa, ela a levou para o Hospital Municipal de Marabá (HMM) e foi lá que ela recebeu a informação de que houve um abuso sexual, a partir de uma fissura pela parte de fora e uma laceração pela parte de dentro da vagina.
Diante disso, ela denunciou o caso para a Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca). Mas ela mesma confirma que a médica encaminhou um documento explicando que houve uma “suspeita” de estupro.
Agora, que o laudo da Polícia Científica concluiu que não houve estupro, a família pretende pedir uma perícia nas roupas que a criança vestia no dia, assim como o depoimento de pessoas que estavam no NEI quando tudo aconteceu.
Além disso, a defesa da família afirma não ter tido acesso a muitas informações, como fotos do banheiro da escola. Outro aspecto que a defesa trabalha é que não se pode levar em consideração apenas o laudo da Polícia Científica. E sim todo o contexto, pois o inquérito policial não foi finalizado ainda.
(Chagas Filho, colaboraram Thays Araujo e Luciana Araújo)