Correio de Carajás

Conferência sobre Trabalho e Educação na Saúde mira melhora do atendimento no SUS

Um dos principais pontos levantados pelos participantes é a educação permanente e continuada para profissionais de saúde

Marabá recebeu nesta sexta-feira (3), a I Conferência Municipal de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que tem o olhar direcionado para a necessidade de educação permanente e continuada dos servidores da saúde marabaense. O seminário foi realizado na Escola José Mendonça Vergolino, no Núcleo Marabá Pioneira.

O evento teve como tema principal “Democracia, Trabalho e Educação na Saúde para o envolvimento: gente que faz o SUS acontecer” e levantou apresentações e debates voltados para três importantes eixos temáticos:

– democracia, controle social e os desafios da equidade na gestão participativa do trabalho e da educação em saúde;

Leia mais:

– trabalho digno, decente, seguro, humanizado, equânime e democrático no SUS: uma agenda estratégica para o futuro do brasil;

– educação para o desenvolvimento do trabalho na produção da saúde e do cuidado das pessoas que fazem o sus acontecer: a saúde da democracia para a democracia da saúde.

O evento reuniu profissionais e estudantes da área

As discussões são importantes na criação de propostas que serão levadas por um grupo de oito delegados para a etapa estadual da conferência, que acontece entre os meses de maio e junho deste ano. A intenção é contribuir com a formulação da “Política Estadual de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde” e o fortalecimento dos programas e ações em todo Estado do Pará.

O seminário desta sexta faz parte da primeira etapa da 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que vai acontecer entre 19 e 22 de novembro deste ano, em Brasília.

MAIS EDUCAÇÃO PARA MELHOR ATENDIMENTO

Lorena Miranda Agrizzi, médica de família e paliativista que atende na Unidade Básica de Saúde Pedro Cavalcante, no núcleo Cidade Nova, é veemente ao declarar para o Correio de Carajás que o ensino em serviço, ligado à área da saúde, é contínuo. Conforme ela, o tema perpassa pelas necessidades e demandas que os cursos de graduação não contemplam, mas que possuem relevância no dia a dia dos profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a médica, é importante que esses servidores tenham uma educação permanente e continuada, na intenção de se adaptarem às necessidades de suas comunidades. Quais os problemas mais relevantes? Quais as doenças mais comuns? Como responder a essas demandas? São as perguntas que a gestão do trabalho e da educação na saúde podem ajudar a responder.

Médica de família, Lorena frisa que é importante que os profissionais conheçam a comunidade que atendem

“Esses trabalhadores precisam ter tempo para dialogar com essa comunidade para que a gente se atualize e continue levando a melhor assistência ao usuário do SUS”, elabora.

Quem corrobora a fala de Lorena é Fábio Aquino, representante do Conselho Municipal de Saúde no segmento de usuários. Para a reportagem, ele aponta que a principal queixa daqueles que utilizam o sistema de saúde do município está relacionada ao atendimento que recebem quando procuram uma unidade.

A conferência é um marco dentro do Estado e as propostas defendidas dentro dela também estão voltadas para a humanização do trabalho dos profissionais de saúde, afirma ele, ação que irá refletir de maneira direta nos pacientes e usuários desse sistema.

Questionado sobre os problemas relatados pelos marabaenses, ele ressalta que o conselho recebe inúmeras denúncias sobre o atendimento dentro dos hospitais e também acerca do longo tempo de espera.

CAPACITAÇÃO EM MARABÁ

Na tentativa de reverter esse quadro, Fábio e Diorgio Santos, presidente do conselho, foram a Belém conhecer a Escola Técnica do SUS. Ele adianta que Marabá vai receber uma capacitação voltada, a princípio, para 50 pessoas, entre profissionais da rede e conselheiros. “O intuito é trazer a humanização para uma melhor qualidade de atendimento ao usuário, que já tem sofrido bastante com a escassez de serviços específicos e o tempo de espera. O intuito é amenizar essa dor”, garante.

Membro do Conselho Municipal de Saúde, Fábio revela que as principais queixas dos usuários da rede são voltadas para o atendimento em hospitais

Nesse contexto, de maneira recorrente, o Correio de Carajás noticia denúncias, reclamações e problemas relacionados principalmente à infraestrutura no serviço público de saúde de Marabá, em especial no Hospital Municipal de Marabá e no Hospital Materno Infantil. Dilemas cujas soluções devem ser cobradas, principalmente, da gestão municipal.

(Luciana Araújo)