Correio de Carajás

Potencial turístico do parque Serra das Andorinhas é alavancado com novas trilhas

Curso oferecido pelo IDEFLOR-Bio busca fortalecer a qualidade da experiência e segurança no turismo de aventura da região

A sinalização de novas trilhas no Parque Serra das Andorinhas é uma das iniciativas para potencializar o turismo na região/fotos: João Vitor Santos/ASCOM IDEFLOR-bio

Os amantes da natureza em breve terão novas oportunidades de exploração do turismo de aventura no Parque Estadual Serra das Andorinhas/Martírios (Pesam), localizado no município de São Geraldo do Araguaia. Uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), o Parque Estadual do Utinga (Belém) e o Parque Estadual de Monte Alegre (oeste paraense) está criando novas trilhas sinalizadas na Serra das Andorinhas, empreendimento que pode agregar maior potencial turístico para essa região.

Na manhã desta segunda-feira, 22, o Correio de Carajás conversou com representantes dessas instituições e conheceu mais a fundo as nuances que perpassam o projeto.

Segundo Júlio Meyer, chefe do Parque Estadual do Utinga, a iniciativa faz parte de um trabalho conjunto de fortalecimento dos parques e, no caso da Serra das Andorinhas, mira na sinalização de novas trilhas e na criação de roteiros turísticos dentro da área do parque. E como uma das providências para a concretização deste plano, foi realizado um curso para cerca de 40 pessoas entre os dias 16 a 18 de abril.

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“Nós estamos agora com um trabalho de capacitação dos condutores e de formatação dessas trilhas. A ideia é criar um leque de oportunidades para as pessoas que querem visitar a serra”, detalha Meyer.

Muito procurada pela exuberância de suas paisagens e o frescor das águas de suas cachoeiras, a Serra das Andorinhas agora recebe uma atenção especial para a melhoria da experiência de seus visitantes. As novas rotas devem ser, prioritariamente, seguras para os trilheiros, além de acessíveis para toda a população, dos mais jovens aos mais velhos.

Em torno de 40 pessoas participaram dos três dias de capacitação

NOVA TRILHA E CAPACITAÇÃO

“Fizemos um trabalho importante, que foi a definição da nossa trilha de longo percurso. Ela é a trilha com a maior nível de dificuldade até agora, que inclui inclusive um pernoite”, específica Júlio Meyer. A nova vereda abre também novos caminhos para o empreendedorismo local, uma vez que a dormida e as refeições dos trilheiros devem acontecer na região do município de São Geraldo do Araguaia, onde o parque está localizado.

A capacitação ofertada na semana passada contou com a presença de pessoas que já atuam como guias e condutores de trilha, agências de turismo, prestadores de serviços turísticos e servidores públicos.

Durante os três dias foram apresentados temas como gestão de riscos em atividades de aventura, primeiros socorros em áreas remotas, interpretação ambiental e educação para a sustentabilidade. A estrutura da programação foi pensada para oferecer uma visão abrangente e integrada dos desafios e oportunidades do turismo de aventura nessa região, que é rica em cultura e belezas naturais.

Pollyana Pugas, especialista em ecoturismo e natureza, ao lado de Evandro Schütz, foi responsável pela troca de conhecimentos ofertada pelo curso. A formação contou com uma abordagem prática e interativa, onde os participantes puderam compartilhar experiências e discutir casos reais.

Questionada pela reportagem do CORREIO sobre o que é preciso para desenvolver o potencial turístico dessa região, Pollyana afirma que é o olhar tanto para a qualidade do atendimento, quanto da experiência do visitante, de uma maneira que transpassa a vivência com o parque em si.

“Isso começa na base, no atendimento e às vezes não é só na trilha. O visitante, quando chega, precisa dormir, comer, tem necessidade de ter outros entretenimentos, como fazer compras. Então acho que um primeiro passo é olhar isso como um todo”, exemplifica.

E para o Parque Estadual Serra das Andorinhas/Martírios, também é preciso estruturar aspectos sobre a segurança e a análise para o público que quer vivenciar uma experiência mais imersiva. “Ele não está aqui apenas para viver um momento radical, mas sim de imersão e contato com a natureza”, complementa.

Estruturar esses produtos turísticos de maneira que possibilite que todos os visitantes tenham esse nível de contato, é uma das iniciativas que podem ser exploradas para impulsionar o turismo nesta no Parque Serra das Andorinhas.

O currículo de Polyana nessa área é extenso, além de consultora e auditora em implementação de Sistemas de Gestão de Segurança para Turismo de Natureza, ela é professora do curso de pós-graduação Internacional em Ecoturismo na Universidade Nacional de Brasília (UNB) e ex-vice-presidente da Abeta.

O IDEFLOR-Bio é responsável por fazer a gestão do parque

O IDEFLOR-BIO

Márcio Holanda, gerente regional do IDEFLOR-Bio na região de Carajás, destaca as perspectivas positivas para o projeto.

“Ele está acontecendo de maneira coletiva, o IDEFLOR cumpre nesse momento a missão junto à Unidade de Conservação Estadual e com apoio de diversos outros atores, como o Sebrae e o Ministério Público Estadual”, salienta. Seu desejo é que cada vez mais os visitantes tenham experiências felizes e inesquecíveis.

Essa manifestação se alinha ao compromisso do IDEFLOR-Bio na gestão e proteção de florestas públicas, assim como o cuidado com o acesso a tais áreas, gerando benefícios sociais, ambientais e econômicos.

O instituto tem sede na capital do Estado e foca na produção sustentável e na preservação da biodiversidade das florestas, incluindo entre suas funções a gestão da política estadual para produção e desenvolvimento dessa cadeira. Realiza, ainda, a execução das políticas de preservação, conservação e uso sustentável da biodiversidade, da fauna e da flora terrestres e aquáticas no Estado.

PARQUE ESTADUAL

A Unidade de Conservação de Proteção Integral Parque Estadual Serra das Andorinhas/Martírios foi criada pela Lei Estadual nº 5.982, de 25 de julho de 1996 e está localizada no município de São Geraldo do Araguaia, distante cerca de 160 km de Marabá.

O parque encontra-se inserido numa região montanhosa, onde a paisagem dominante na região é caracterizada pela presença de Floresta Amazônica e do Cerrado, representando importante ecótono entre estes dois os biomas. A alta relevância do Parque Serra das Andorinhas é evidenciada quando consideramos a escassez de unidades de conservação de proteção integral no Ecótono-Amazônia-Cerrado.

O Pesam é berço de uma vasta representatividade biológica, repleta de uma diversidade de ecossistemas, biodiversidade, belezas cênicas, cachoeiras, sítios arqueológicos, cavernas, grutas, registros rupestres, trilhas e mirante para contemplação de parte do Parque e vista do Rio Araguaia.

Tal riqueza já foi protagonista de uma reportagem especial do Correio de Carajás: “Serra das Andorinhas: Paraíso das águas, da ciência e da fé”.

(Luciana Araújo)