Correio de Carajás

Homicídios crescem 33% em Marabá no primeiro trimestre

Dados da Segurança Pública do Pará apontou aumento de mortes entre as mulheres

Em 21 de março de 2024, um triplo homicídio chocou os moradores do Residencial Magalhães-II, no Núcleo São Félix

Marabá teve um aumento de 33% nas mortes violentas no primeiro trimestre de 2024. O comparativo é feito em relação ao mesmo período de 2023. A reportagem do CORREIO analisou os dados divulgados pelo Portal da Transparência da Segurança Pública do Pará referentes aos três primeiros meses deste ano e do ano passado.

Em 2023, entre 1º de janeiro e 31 de março, 32 homicídios foram registrados no município, conforme a plataforma. Desses, 25 foram causados por armas de fogo e seis por objeto perfurocortante, o que inclui faca, por exemplo. Em apenas um dos casos a ferramenta utilizada não foi identificada pela base de dados.

O aumento nos números chama a atenção para o índice de violência em Marabá, principalmente em regiões periféricas, como é o caso do Núcleo São Félix. Em março, em um intervalo de sete dias, seis pessoas foram mortas em dois episódios distintos naquela região.

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No dia 14, Carlos Henrique Santos da Silva, de 24 anos, Murilo Gabriel de Oliveira Batista, de 19, e Hudson de Jesus Barros, de apenas 16 anos, foram assassinados por três homens que chegaram de carro em uma residência no São Félix II.  De acordo com informações da Polícia Civil, Carlos Henrique e Murilo eram envolvidos com tráfico de drogas e o adolescente era apenas vizinho de um deles.

No dia 21, Darley da Silva Soares e Wesley Pageú do Carmo estavam na casa de Kécia Conceição dos Reis quando os três foram mortos por dois homens que estavam a pé. Na ocasião, duas crianças, de 7 e 11 anos, foram feridas.

A Polícia Civil acredita que ambos os crimes podem ter sido motivados por uma disputa territorial entre organizações criminosas rivais, premissa que reforça o cenário de criminalidade latente naquela região.

OUTROS DADOS

A cada cinco vítimas de morte violenta no primeiro trimestre de 2024, uma era mulher. Das 32 pessoas que morreram, 27 eram do sexo masculino e cinco do feminino.

Os dados diferem dos registrados em 2023, quando uma a cada 11 onze pessoas assassinadas era mulher. No mesmo período, 22 homens e duas mulheres morreram violentamente.

Outro dado que chama a atenção é a faixa etária das vítimas. Se no ano passado a maioria tinha entre 30 e 64 anos, neste mais pessoas jovens morreram, tendo os crimes se concentrado no intervalo de 18 a 29 anos.

Ainda que seja um recorte de Marabá, os números são um retrato da realidade do País.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2023, revela que em 50,3% das mortes violentas intencionais as vítimas eram adolescentes e jovens entre 12 e 29 anos.

Quando se fala em gênero, 91,4% das pessoas assassinadas eram homens.

Os dados servem de alerta não só para a escalada da violência no município, mas também para a necessidade de políticas públicas que atuem em frentes de conscientização para o combate à criminalidade entre os jovens, olhando para as diversas esferas desse problema, principalmente a social.

(Luciana Araújo)