Correio de Carajás

Polígamo, presidente de Senegal assume o cargo e apresenta duas primeiras-damas

Cerca de um terço das pessoas casadas no Senegal estão em relações polígamas. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.

Bassirou Diomaye Faye, do Senegal, com suas mulheres, ao tomar posse como presidente, no Dakar, em 2 de abril de 2024 — Foto: Zohra Bensemra/Reuters

O novo presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, assumiu o cargo na terça-feira (2). Na cerimônia de posse, foi acompanhado por Marie Khone, com quem é casado há 15 anos e com quem tem quatro filhos.

Além deles, também estava presente a outra esposa de Diomaye Faye, Absa, com quem o novo presidente se casou há cerca de um ano.

Ao tomar posse acompanhado das duas esposas, Faye fez um aceno aos muçulmanos do país, que são maioria no Senegal. A poligamia é uma prática tradicional entre os muçulmanos senegalenses, especialmente nas zonas rurais. O Islã permite que os homens tenham até quatro esposas, desde que tenham recursos para sustentá-las e passem tempo igual com cada uma.

Quando Faye apareceu com suas duas esposas, foi aplaudido por uma multidão.

Faye já afirmou que tem orgulhoso de sua situação conjugal. Durante a campanha ele afirmou que tem filhos lindos porque tem esposas formidáveis. “Elas são muito lindas. Agradeço a Deus porque estão sempre ao meu lado”, afirmou.

Poligamia virou tema de discussões no país

 

O assunto da poligamia do presidente passou a ser tema de debates na mídia do país e nas redes sociais.

“Esta é uma consagração da tradição da poligamia ao mais alto nível do Estado, uma situação que reflete a tradição senegalesa”, disse o sociólogo Djiby Diakhate.

O sociólogo Fatou Sow Sarr afirmou na rede social X que “a poligamia, a monogamia ou a poliandria são modelos patrimoniais determinados pela história de cada povo” e disse que o Ocidente “não tem legitimidade para julgar” as culturas do país.

 

No Senegal, a homossexualidade é punida com penas de um a cinco anos de prisão.

Muitas mulheres no Senegal são contrárias à poligamia. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.

Mudança de protocolo

 

A autora senegalesa Mariama Ba criticou duramente a poligamia no seu romance de 1979 “Uma Carta Tão Longa”, no qual descreve o sofrimento e a solidão das mulheres quando os seus maridos decidem ter uma segunda esposa, geralmente mais jovem.

O ex-ministro da Cultura e acadêmico Penda Mbow afirmou que a situação conjugal do novo chefe de governo é algo inédito: “Isso significa que todo o protocolo deve ser revisto”, disse ele.

Quase um terço dos casados são polígamos

 

No Senegal, muitos casamentos não são registrados, o que torna difícil estimar a prevalência da poligamia, mas um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas informou que 32,5% das pessoas casadas fazem parte de uma união poligâmica.

Para Diakhaté, o presidente eleito “enviou uma mensagem potente para que outros homens assumam que são polígamos”.

(Fonte:G1)