Correio de Carajás

Professores de Marabá paralisam e tentam negociação com gestão

Educadores paralisaram as atividades nas escolas para discutir direitos não pagos pela Prefeitura de Marabá

Nesta sexta-feira (15), os professores da rede municipal de Marabá decidiram paralisar suas atividades e se reunir em uma assembleia que contou com a participação de cerca de 500 servidores. O encontro, no Plenário da Câmara Municipal, deliberou uma agenda de paralisações pontuais, com atos públicos e negociações com o governo. As demandas da categoria são claras e urgentes: o não reconhecimento do piso salarial, o reajuste de 42% do piso salarial e a exigência pelo pagamento adequado da hora-atividade.

Em uma entrevista com Tatiana Alves, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) da sede de Marabá, foram abordadas diversas questões relacionadas aos desafios enfrentados pelos profissionais da educação na região: “Entre os principais pontos discutidos, se destacam as dificuldades enfrentadas em relação aos reajustes salariais e à valorização dos profissionais da educação”, aponta.

PRINCIPAIS PONTOS

Leia mais:

Segundo a coordenadora, a Prefeitura de Marabá deve aos professores um reajuste de quase 42% do piso do magistério, além de outros valores referentes a anos anteriores. Esse problema se agrava com a falta de reconhecimento do piso salarial por parte da gestão municipal, que alega que os profissionais já recebem o piso devido à consideração de seus níveis de formação superior. No entanto, essa justificativa é contestada pela coordenadora, que a considera uma inverdade e ilegal.

“Além dos professores, os profissionais de nível médio, como os auxiliares e técnicos administrativos das escolas, também enfrentam defasagens salariais significativas, chegando a ganhar quase o salário mínimo”, afirma, acrescentando que a proposta de reajuste apresentada pelo governo, de 5%, é considerada insuficiente pela categoria, tendo em vista a defasagem existente.

Diante dessas questões, os profissionais da educação têm buscado formas de dialogar com a prefeitura e de pressionar por mudanças. As assembleias e negociações são destacadas como meios para apresentar as demandas da categoria e buscar soluções para os problemas enfrentados.

Tatiana destaca que a provocação à Câmara Municipal também é considerada uma estratégia importante para ampliar o debate e buscar apoio político para as reivindicações.

OUTRAS PAUTAS

Lucimar Tavares, coordenador de formação do Sintepp, revisitou questões cruciais que permeiam a realidade educacional em Marabá, destacando, para além da falta de pagamento do piso salarial, a hora atividade aos professores, em contraste com outras cidades da região que já cumprem tais diretrizes.

A não observância desses direitos básicos, estabelecidos por lei federal e respaldados pelo Supremo Tribunal Federal, evidencia um cenário de descaso por parte da prefeitura: “O não cumprimento do piso salarial nacional do magistério e a ausência do pagamento da hora atividade são aspectos que não apenas desrespeitam os profissionais da educação, mas também comprometem a qualidade do ensino oferecido às crianças e jovens do município”, aponta.

Segundo ele, a justificativa apresentada pelo prefeito Tião Miranda, de que o município não possui condições financeiras para arcar com tais custos, levanta questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos e a priorização das políticas educacionais. Lucimar ressalta que a falta de diálogo e a postura autoritária do governo local são apontadas como obstáculos para a resolução dessas demandas.

DÍVIDA

O acúmulo de dívidas com os profissionais da educação que, segundo o Sintepp, já ultrapassa os R$ 200 milhões, representa não apenas uma falha administrativa, mas também uma injustiça para com aqueles que dedicam suas vidas ao ensino. A incerteza sobre como o município irá quitar essa dívida é motivo de preocupação para toda a comunidade escolar.

“Diante desse panorama, é fundamental haver um comprometimento por parte das autoridades municipais em buscar soluções que garantam a valorização dos professores e a melhoria das condições de trabalho nas escolas de Marabá”, finaliza Lucimar. (Thays Araujo)