Correio de Carajás

Cerca de 600 medidas protetivas são emitidas por ano, em Marabá

Em cinco anos de atuação, Patrulha Maria da Penha realizou mais de 3.200 acompanhamentos, envolvendo 346 vítimas e 228 autores de violência doméstica em Marabá

Os dados foram revelados pelo inspetor Roberto Lemos, à frente da Patrulha Maria da Penha/ Fotos: Evangelista Rocha

Na luta incessante contra a violência doméstica, Marabá conta com uma linha de defesa crucial: a Patrulha Maria da Penha. Composta por uma equipe de policiais militares e guardas municipais, a unidade tem sido fundamental na proteção das mulheres em situação de risco desde sua fundação em fevereiro de 2019.

O instrumento na luta contra a violência tem desempenhado um papel essencial no acompanhamento de medidas protetivas emitidas pelo Judiciário. Em uma conversa com a reportagem deste CORREIO, o inspetor Roberto Lemos, à frente do serviço, levanta que a demanda é significativa, com aproximadamente 600 medidas protetivas emitidas anualmente em Marabá. Dessa quantidade, a patrulha é designada para acompanhar cerca de 30% a 40%.

Mas, o que muitos não sabem é que a atuação não se limita simplesmente ao acompanhamento das vítimas. Seu trabalho vai além, incluindo a conscientização dos agressores sobre as implicações legais de violar as medidas protetivas. “Com uma taxa de reincidência entre 2% e 5%, a eficácia desse trabalho é evidente”, conclui.

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DADOS

Roberto também destaca que, em seus cinco anos de atuação, a Patrulha Maria da Penha realizou mais de 3.200 acompanhamentos, envolvendo 346 vítimas e 228 autores de violência doméstica, somente em Marabá. Um dado relevante é que, em média, 20% das mulheres que sofrem violência acabam revogando as medidas protetivas, muitas vezes devido ao ciclo da violência.

No entanto, a Patrulha não está sozinha nessa luta. “Além do acompanhamento direto, a equipe se empenha em fornecer assistência jurídica, social e psicológica às vítimas, reconhecendo os desafios complexos que muitas enfrentam, incluindo a dependência econômica”, pontua o inspetor.

Ele reitera que o combate à violência doméstica não é apenas um dever dos agentes e autoridades públicas, mas uma responsabilidade que recai sobre toda a sociedade. É fundamental compreender que a violência doméstica não se limita apenas às agressões físicas.

Esse tipo de violência pode se manifestar de diversas formas, incluindo a violência psicológica, patrimonial, sexual e moral. Por isso, é imperativo que as vítimas se sintam encorajadas a denunciar qualquer forma de abuso, independentemente de sua natureza.

A tendência alarmante da violência doméstica é evoluir, muitas vezes culminando em tragédias irreparáveis, como o feminicídio. Em 2022, 50% das mulheres vítimas de violência foram vítimas fatais do feminicídio em Marabá.” Esses números são um chamado à ação para toda a sociedade, um alerta de que a violência doméstica não pode ser tolerada, muito menos ignorada”, diz.

Os homens, muitas vezes identificados como os autores desses atos de violência, também têm um papel fundamental a desempenhar na mudança desse cenário. É crucial que eles reconheçam seus comportamentos abusivos e entendam o impacto devastador que suas ações podem ter sobre suas parceiras e suas famílias.

COMO DENUNCIAR?

Por último, Roberto chama a atenção para o fato de a conscientização e a denúncia serem pilares fundamentais na prevenção da violência doméstica. Por esse motivo, a necessidade de se denunciar qualquer forma de agressão, seja através da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), do número de emergência 190 da Polícia Militar ou de entidades locais de proteção à mulher, como o Arco-Íris da Justiça. (Thays Araujo e Mila Andrade)