O comerciante Takashi Morita, que é um dos sobreviventes da bomba atômica que atingiu Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, completa 100 anos neste sábado (2). Morador de São Paulo desde 1956, Takashi foi homenageado nesta sexta-feira (1º) por estudantes e professores da Escola Técnica Estadual (Etec) de Santo Amaro, Zona Sul, que leva seu nome desde 2019.
Durante a homenagem, houve uma série de atividades, como apresentações de teatro, dança, taikô e sarau. Takashi esteve no local acompanhado de familiares e de outros dois sobreviventes da bomba de Hiroshima que moram no Brasil.
Ainda durante a cerimônia, os estudantes e professores cantaram parabéns ao comerciante e houve entrega de flores, canecas e arranjos confeccionados pelos próprios aunos.
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“É de suma importância os jovens alunos aprenderem sobre a importância da paz. Nosso patrono é um sobrevivente de Hiroshima e sempre ensinou um mundo de harmonia, paz e a história de superação e luta da paz mundial, principalmente agora que o mundo vive duas guerras”, afirmou ao g1 a professora Ana Lúcia Calaça.
Takashi Morita é conhecido como um hibakusha, nome dado aos sobreviventes dos bombardeios atômicos no final da Segunda Guerra Mundial, em 6 de agosto de 1945. Na época, ele tinha 21 anos e era soldado da polícia militar japonesa.
A bomba explodiu a cerca de 1,3 quilômetros de distância de onde Morita estava. Sem sequelas graves, ele ainda viveu em seu país de origem por mais 12 anos. Durante esse período, foi diagnosticado duas vezes com leucemia e fez tratamentos.
“Lembro-me como se fosse hoje. Eu estava caminhando nas ruas da cidade quando a bomba caiu. Primeiro foi um clarão, depois uma escuridão. Então começou uma chuva preta, e as pessoas que estavam queimadas abriam a boca para tomar aquela água contaminada. Eu via pessoas queimadas, dilaceradas”, relembra Morita, que fala pouco português e concedeu a entrevista ao g1 em 2011 com ajuda da filha, Iasuko Saito.
Takashi ainda contou, durante a entrevista, que depois da bomba, todos os sobreviventes deixaram Hiroshima, porque a radiação se alastrava.
“Mas eu fiquei durante dois dias só carregando corpos, ajudando pessoas. Nestes dois dias, não comi nem bebi nada na cidade. Tudo podia estar contaminado e me contaminar por dentro. Se a radiação entra dentro de nós, daí não tem salvação”, afirmou na época.
Convencido de que teria oportunidades melhores no Brasil, embarcou ao lado da esposa e de dois filhos em um navio com destino a São Paulo, em 1956, aos 32 anos.
Após 42 dias de viagem, ele e a família desembarcaram no Porto de Santos e seguiram para a capital. “Me falaram que São Paulo era uma cidade alta, com um bom ar”, disse.
Em 2019, ele recebeu uma homenagem do estado de São Paulo por sua luta contra a radiação. A Etec de Santo Amaro mudou de nome e passou a ser chamada de Etec Takashi Morita.
(Fonte:G1)