10O Ministério da Cultura apresenta e o Instituto Cultural Vale patrocina o espetáculo Ô, abre a roda!, que inicia a sua terceira temporada, agora a Canaã dos Carajás. O espetáculo já passou por quatro cidades do sudeste do Pará: Marabá, Parauapebas, Eldorado do Carajás e Curionópolis. As apresentações serão realizadas no mês de abril de 2024.
As apresentações acontecem nos dias 09, 10, 11 e 12 de abril em dez sessões do espetáculo contemplando cinco colégios. Os ensaios já começam no dia 02 de abril. Em Canaã a execução do projeto conta com a parceria da Prefeitura Municipal de Canaã dos Carajás por meio da Secretaria Municipal de Educação, na pessoa do secretário Leonardo Cruz e com apoio da Casa da Cultura de Canaã dos Carajás.
Uma história puxa a outra, em um roteiro criado a partir de relatos de moradores da região, com cantigas do folclore, além de canções originais, mantendo falares e expressões locais que, quando combinados a bonecos e adereços que retratam a cultura do Pará, criam uma sensação de pertencimento a quem participa do espetáculo.
Leia mais:Sobre o enredo da peça
Tião Quaiada tinha uma pequena venda onde o povo costumava esperar a caminhonete que transportava quem seguia de Canaã para Parauapebas. Quando chovia o córrego transbordava cobrindo o caminho e ficava um tanto de gente que ia viajar olhando triste para a estrada interrompida. O dinheiro era curto para muitos, por isso o povo não arredava pé e ficava esperando. Mas quem não costuma esperar é a fome. Deu o horário, a barriga ronca. Tião tinha umas vacas leiteiras, do leite fazia queijo e um tanto sobrava. Ouvindo a orquestra da chuva e das barrigas roncando, Tião não tinha dúvida, ia dentro da venda e preparava uma coalhada forte que servia com farinha para enganar a fome do povo. Se um ou outro pudesse contribuir, eles pagavam com uma pequena quantia, mas para a maioria Tião Quaiada, distribuía o alimento sem cobrar centavo. Fazia de coração.
Assim começa o espetáculo. Depois de comer a coalhada do Tião, os viajantes se reúnem para contar histórias com sotaque local: “Chuva caiu com vontade e a estrada ficou só o melexé, ruim que só!” e “Égua! Comi tanto que agora só penso em jiboiar, que nem sucuri depois de comer. Bom que trouxe a minha rede.”
Da matriz indígena trazemos o mito da Cobra-grande, surge em forma de um boneco de 4 metros que será utilizado nas sessões com acessibilidade sensorial tátil para estudantes com deficiência visual. Dizem que no começo dos tempos só havia o dia, a noite estava guardada no fundo das águas pela Cobra-grande em um embrulho de folhas da planta embira. Em seguida, entra em cena o Valente montado em seu cavalo alardeando sua coragem, quando encontra no caminho uma assombração. Por fim um ocorrido com Matinta Perera, personagem típica do folclore local, que não podia faltar.
No palco cinco atores cantam, tocam instrumentos e manipulam bonecos. A curadoria é da escritora e produtora cultural Daniela Chindler, que tem em sua trajetória diversas ações realizadas no Norte do país. “Para que a história se desenrole usa-se o faz de conta. Quando a criança se transporta para o papel de ouvinte, ele está compactuando com a ficção. Existe melhor forma de viver experiências?” – diz Daniela.
A trilha sonora reúne músicas do cancioneiro popular e canções originais compostas para o espetáculo que falam do igarapé, pio da araponga, maniçoba, Boiuna e Matinta Perera. As canções originais foram compostas pelo diretor da peça Guilherme Miranda.