Ler a Bíblia, refletir sobre suas passagens, conhecer pessoas de forma profunda e levar palavras de conforto para elas. É plenamente possível afirmar que esses atos são o retrato de Maria Stela Mourão Almeida Araújo, 78 anos, aposentada e autora estreante.
Com uma vasta experiência de vida espiritual, ela apresenta seu primeiro livro, ‘Lançando a rede’, nesta sexta-feira, 2, às 19 horas. O evento acontece na Galeria de Arte Vitória Barros, localizada na Avenida Itacaiunas, 1519, Bairro Novo Horizonte, no Núcleo Cidade Nova.
Ela, que é católica fervorosa, conta que gosta de meditar sobre os versículos bíblicos e fazer anotações dessas reflexões. “Sempre fui muito estudiosa e sempre gostei de escrever. Fazer poesias e meditações, ler livros, cantar e fazer barulho com o vilão”, revela.
Leia mais:Com um sorriso travesso e olhar brilhante, Stela conversou na manhã desta sexta-feira com a reportagem do CORREIO, oportunidade em que falou sobre sua obra e, também, a respeito de sua conexão com a religião.
O INÍCIO
Foram as noras de Stela Mourão que vislumbraram a oportunidade de um livro diante do vasto acervo dos escritos da aposentada. “Escrevi mais no sentido de desabafo, do que pensar em publicação ou ganhar dinheiro. Era algo como se fosse um diário”, reporta.
Diante de seu estudo das escrituras, ela chegou à conclusão que ler a Bíblia não é somente olhar as palavras. “Meu costume hoje em dia é ler, meditar, anotar e formular um propósito”.
É como uma troca. As palavras lidas emocionam e inspiram a espiritualidade de Stela e ela, a partir de seus próprios escritos, leva suas meditações para os leitores.
Com um livro composto por cem reflexões, é certo que aquelas pessoas que o adquirirem terão consigo uma obra acolhedora, que transparece conforto e empatia em suas páginas.
E não é por acaso que essas mesmas características são um traço marcante da própria Stela.
VIDA E ESCRITA CONECTADAS
Stela Mourão brinca ao refletir que ao invés de ter se formado em direito, deveria ter cursado psicologia, porque gosta de conhecer e entender as pessoas.
O reflexo dessa vontade de se conectar com seus pares pode ser observado em uma outra ocupação que ela adotou uns anos atrás. Stela foi dona de um serviço de mensagens por telefone. Ela atendia seus clientes de forma personalizada.
A mulher ouvia as pessoas falarem sobre seus entes queridos e a partir daí construía a mensagem de felicitação que seria transmitida através de uma ligação telefônica.
“As pessoas se abriam bastante e a coisa fluía de uma maneira que agradava tanto a quem pedia, quanto quem recebia e a mim também”.
Essa atividade, provavelmente, foi uma das precursoras do livro que ela lança agora. Mas ao invés de falar sobre os sentimentos de alguém, ela leva através de suas letras, as reflexões que teve enquanto lia a Palavra de Deus.
LANÇANDO A REDE
“A minha intenção com essa publicação é divulgar a palavra de Deus da minha maneira”, compartilha Stela Mourão.
Para isso, até mesmo o título do livro e sua arte de capa transmitem a mensagem que a autora direciona para seus leitores. “Tudo o que você tem de bom, na vida, que fica só para você, é uma oportunidade que Deus te dá para compartilhar o bem”, evidencia ela, ao ser questionada sobre o significado do título do livro, ‘Lançando a Rede’.
Stela deseja que suas palavras ressoem nas pessoas que lerem seu livro e que elas consigam enxergar a Deus tanto no que está escrito, quanto em suas próprias vidas. Essa é a rede lançada pela aposentada.
Mas na obra há uma intertextualidade elementar. A arte de Bino Sousa demonstra um pescador jogando a rede no Rio Tocantins. A cena remete à passagem Bíblica em que Jesus pede que seus discípulos joguem suas redes em determinado local dentro d’água e, com isso, eles recolhem uma gratificante quantidade de peixes.
Em um livro que carrega as reflexões de uma religiosa, o entrelace desses elementos retrata com simplicidade a mensagem divina que ela intenciona transmitir.
A AUTORA
Maria Stela Mourão Almeida Araújo é casada, mãe de quatro filhos e avó coruja de cinco netos, três meninos e duas meninas.
Nasceu em Conceição do Araguaia, mas mora em Marabá desde a década de 1980. Formada em advocacia, recebeu um convite para trabalhar no Incra, em Marabá. Ainda que tenha adotado a cidade de Francisco Coelho como lar, sua paixão é a terra natal, onde a areia da praia se conecta com a cidade.
Após a experiência no Incra, ela trabalhou no Banco do Brasil e ficou por lá até, enfim, se aposentar. (Luciana Araújo)