Correio de Carajás

Médicos afirmam que Tereza Bianca não morreu por negligência médica

A ginecologista e obstetra Rita de Cássia Vieira e os diretores clínicos do HMI e HMM atribuem a morte da jovem mãe a falta de histórico de pré-natal e à desnutrição grave com a qual chegou ao Materno Infantil

Segundo os médicos, o que pode ter levado Tereza Bianca à morte seria seu quadro de saúde debilitada/ Fotos: Evangelista Rocha

Não houve erro médico no caso Tereza Bianca Nunes de Castro, mulher de 23 anos que morreu após parto no Hospital Materno Infantil (HMI). O que pode ter levado a jovem mãe à morte seria seu quadro de saúde debilitada. A afirmação foi feita por autoridades da área de saúde durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (1º), na sede da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A reportagem deste CORREIO esteve presente na ocasião em que representantes dos hospitais Municipal (HMM) e Materno Infantil e a médica que realizou o parto de Tereza Bianca Nunes de Castro, Rita de Cássia Vieira Coutinho, apresentaram suas versões sobre todos os procedimentos pelos quais a jovem passou.

Os detalhes das três internações da paciente foram apresentados à imprensa através de dois memorandos baseados em seus prontuários.

Leia mais:

VERSÃO DA MÉDICA

Envolvida em muitas polêmicas após ter tido o nome e o rosto expostos nas redes sociais como acusada de ter perfurado o intestino de Tereza Bianca, a médica aborda duas questões cruciais: a fratura do braço do recém-nascido durante a cesárea, que ela confirma, e a alegação de perfuração de alça intestinal, que ela nega veementemente. Segundo ela, não há registro de lesão intestinal nos prontuários médicos e a anatomia do procedimento cirúrgico torna essa possibilidade impossível.

A obstetra Rita de Cássia Vieira diz que não há registro de lesão intestinal nos prontuários médicos e a anatomia do procedimento cirúrgico torna essa possibilidade impossível

Segundo a ginecologista, após receber alta em bom estado geral, a paciente retornou ao HMI no dia 5 de novembro de 2023, com sintomas de peritonite e outras complicações, incluindo uma fístula entérica. Ela afirma que a paciente abandonou o tratamento em determinado momento e quando retornou já estava com um quadro mais grave de abdômen agudo, sendo submetida a cirurgia de emergência.

Diante das especulações e acusações levantadas recentemente nas redes sociais, Rita e o advogado Thiago Carvalho disseram à reportagem deste CORREIO que ela não responde a nenhum processo por violência obstétrica.

Segundo Rita, a verdade deve vir à tona: “Eu fiz uma auto denuncia no Conselho Regional de Medicina (CRM) para que me investiguem, pois, as autoridades e a população de Marabá foram enganadas por informações falsas e sem embasamento nos prontuários médicos”.

Vale ressaltar que, recentemente, muitas mulheres que dizem ter sido pacientes de Rita no HMI afirmaram ter sofrido maus tratos durante o parto. No entanto, apenas uma denúncia foi registrada formalmente no CRM.

DIREÇÃO DO HMI

Valdir Rosado, diretor-clínico do HMI, expressou profundo pesar pelo caso de Tereza Bianca. O ginecologista obstetra aponta o compromisso da equipe com a empatia e o agir humanizado, delineando uma linha do tempo dos eventos desde a entrada da paciente até sua deterioração de saúde após o parto e posterior transferência para o Hospital Regional de Marabá.

O diretor-clínico do HMI, Valdir Rosado, nega negligência e imprudência no atendimento à paciente

Além disso, o médico cita as complicações enfrentadas durante a cesariana e as medidas tomadas para tratar as condições de saúde da paciente. Negou negligência, imprudência ou erro no atendimento à Tereza Bianca e afirmou estar disponível para esclarecimentos aos órgãos competentes.

Sobre as inúmeras denúncias de violência obstétrica e mortes na unidade de saúde, Valdir diz que que é inevitável em um hospital que realiza tantos partos mensalmente, aproximadamente 600, ter casos de mortalidade. Por fim, usou a palavra para destacar esforços da equipe médica para melhorar o atendimento, como permitir o acompanhamento de gestantes por seus familiares.

DIREÇÃO DO HMM

Diretor clínico do HMM, Leonardo Mota e Silva também esteve presente na coletiva e garante que, devido à repercussão do caso, a Secretaria Municipal de Saúde solicitou uma auditoria interna dos prontuários médicos relacionados ao ocorrido.

O diretor-clínico do HMM, Leonardo Mota, solicitou uma auditoria interna dos prontuários médicos relacionados ao ocorrido

Durante o período de tratamento, conforme dito pelo diretor, a equipe médica acompanhou de perto a evolução do caso. Além disso, ele cita uma nota emitida pelo Ministério Público, na qual a mãe da paciente reconheceu os esforços da equipe médica, embora tenha feito um apelo pessoal pela transferência da paciente para o HRM

“Após uma reunião com os coordenadores e cirurgiões, decidimos pela transferência de Tereza Bianca para o regional, em busca de um centro de maior complexidade para o tratamento definitivo”, conclui. (Thays Araujo)