Em um intricado tabuleiro de tatames, onde o corpo e a mente se entrelaçam em movimentos coreografados, desponta uma promessa brilhante no jiu-jitsu: Maria Giovana Soares Guedes, a prodígio de Marabá que conquistou o título de melhor atleta Faixa Verde Kids do mundo, com apenas 15 anos de idade, no ranking da International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF). Com 64 medalhas, a marabaense tem sido responsável por representar não só o município, como o estado e o país em competições.
Os primeiros passos da jovem nesse caminho de conquistas e desafios foram dados aos quatro anos de idade. Inspirada por uma prima que já desbravava os segredos do jiu-jitsu, a jovem teve seu primeiro encontro com as técnicas do esporte há onze anos. “Uma aula experimental”, disse ela, relembrando o momento que se tornaria o ponto de partida para a jornada que tem trilhado.
Desde então, o dojo, local onde se treina artes marciais japonesas, virou seu universo. Aos 11 anos, enfrentou o primeiro torneio e garantiu a primeira vitória de muitas que viriam pela frente. Apesar do bom desempenho, Giovana diz não esperar apenas conquistas. Ela enxerga as derrotas não como barreiras, mas como um trampolim que a impulsiona a continuar aprimorando suas habilidades.
“Treino três vezes por semana, mas vou precisar intensificar meus treinos já que grandes desafios só são vencidos com muita força de vontade”, conta. É que a marabaense representará a cidade novamente em mais duas competições, uma em Florianópolis, dia 4 de fevereiro, e o Sulamericano no Rio de Janeiro, em março.
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As terras brasileiras já parecem ser pequenas para a lutadora. Após ter participado de um campeonato na Europa, a atleta almeja voltar ao exterior, dessa vez com destino a Califórnia, para quem sabe, mais uma vitória.
Ao vislumbrar seu futuro, Giovana expressa não apenas o desejo, mas a firme determinação de transformar sua paixão em uma carreira profissional no jiu-jitsu. Seu objetivo não é apenas vencer competições, mas também carregar consigo o legado de seu professor, mestre Reginaldo Borcem Coelho, e servir de inspiração para jovens que buscam trilhar o mesmo caminho.
E por falar em Reginaldo, o professor parece ser mais do que um simples mestre para a jovem. “Ele é o pai que o jiu-jitsu me deu”, diz ela.
O sentimento é totalmente recíproco. O marabaense, que é faixa preta em jiu-jitsu, fala da relevância de buscar patrocínios e parcerias para viabilizar a participação da atleta em competições nacionais e internacionais. Ele ressalta a complexidade de conciliar a paixão pelo esporte com as exigências financeiras, mas diz fazer questão de incentivar Giovana para encontrar soluções, como a criação de uma loja virtual para comercializar produtos e arcar com suas despesas. “Quero que ela tenha a oportunidade de participar cada vez mais de competições. Atualmente, ela é patrocinada por cinco empresas diferentes. Nossa intenção, agora, é levá-la para os Estados Unidos e, assim, abrir um leque de novas possibilidades para ela”, adianta, empolgado.
REPRESENTATIVIDADE
Segundo dados da IBJJF, em 2021, 447 mulheres participaram do evento, contra 390 em 2018, apresentando um crescimento anual médio de 18%, de acordo com análise do Flograppling. Esse crescimento não é só nas competições, mas também é visto nas academias. Hoje, segundo Reginaldo, as suas turmas têm um número maior de mulheres.
Giovana destaca a importância do jiu-jitsu no meio feminino, indo além da autodefesa: “O jiu-jitsu é uma forma de aliviar o estresse, esvaziar a mente e, acima de tudo, uma oportunidade de ocupar espaços historicamente dominados por homens”.
Moradora da Folha 27, na Nova Marabá, ela compartilha seu lar com dois irmãos, uma menina e um menino, além de seus avós e pais. Sua família, que também é sua equipe de apoio, desempenha um papel crucial em sua jornada, proporcionando suporte emocional e encorajamento constante. (Thays Araujo)